O ano da serpente, com título tirado do horóscopo chinês, baseado nos anos em que ele nasceu (1977) e no que estreou em CD, apresenta uma boa seleção de seu eficiente mix de melancolia e agilidade. Com uma carreira com influências de Chico César, Lenine, Fred Zero Quatro e Zeca Baleiro (que fez com ele seleção musical), entre outras, Wado dá preferência aos álbuns mais recentes. Do álbum de estreia traz apenas o já clássico Feto. Do segundo, Cinema auditivo (2002), também só uma, Sotaque, que não é nada mais do que uma vinheta. A farsa do samba nublado ganha melhor sorte, com Tormenta, Se vacilar o jacaré abraça (com DNA do ótimo grupo Fino Coletivo, que ele formou, em 2005, com Alvinho Cabral e Marcelo Frota) e Amor e restos humanos.
Nada disso soa datado. Ao contrário. Mas as quatro faixas de Terceiro mundo festivo (Melhor, Fortalece aí, Fita bruta e Faz-me rir) soam mais representativas, enquanto Surdos de escolas de samba soa como comissão de frente do CD Samba 808, que também colabora com Com a ponta dos dedos e Vai ver. O ótimo disco Atlântico negro, de 2009, fornece Cordão de isolamento, tema que reúne sotaques de hit parade com estrutura de MPB, assim como sua colega de safra Pavão macaco.
Apresentadas as armas, o CD encerra com a nova Zás, parceria com Baleiro que aponta para uma nova produção inspirada, que já deu no tema que ele compôs para o verão de 2014 de Maceió, Nossa cidade aquece o corpo, um jingle sinuoso e com boa pegada de tema praieiro.