Musica

Marcello Dinis lança álbum inspirado em 'Clube da Esquina', de 1972

Em faixa de 'Esperanto banto', o cantor e compositor divide microfone com Milton Nascimento

Ailton Magioli

Capa de 'Esperanto banto' remete ao clássico 'Clube da Esquina'
Qualquer semelhança entre as fotos de capa do antológico 'Clube da Esquina', de 1972, e de 'Esperanto banto', que Marcello Dinis está lançando, não é mera coincidência. O cantor, compositor e instrumentista é discípulo assumido da turma liderada por Milton Nascimento, que, não por acaso, divide com ele a interpretação da faixa-título. Entretanto, o disco vai além dessa influência.


“O propósito da capa era de algo que nos remetesse ao título, cujo significado é abstrato. Queria algo que soasse positivo, alegre e despojado em relação ao futuro”, explica Dinis, referindo-se às crianças na foto de 'Esperanto banto'. “Conheci o Clube da Esquina por meio de minha família”, revela o artista, que, na década de 1980, trocou a Divinópolis natal por Belo Horizonte. Ele cultiva amigos em Três Pontas, no Sul de Minas, terra de Bituca.

Admirador de Beto Guedes a Toninho Horta, passando por Gonzaguinha, Marcello elogia “o Clube e seus anexos”. Assim, ele abre espaço para justificar sua talentosa veia sambística, presente nas faixas 'Bendito samba', 'Meninice' e 'Pode procurar'.

“Sempre bebi do samba, cuja vertente chegou a mim por Noel Rosa, Adoniram Barbosa, Martinho da Vila e Benito de Paula”, lista. Para evidenciar essa veia, ele selecionou faixas com diferentes parceiros como Amaury Candido, Cássio Tiso e Júlio Costa Val.

Já a instigante faixa-título, que Dinis classifica de “um mambo que te quero tango”, foi escolhida pelo próprio Milton Nascimento, que divide a interpretação com ele. “A ideia é mostrar a linguagem universal que é a música”, explica, referindo-se à parceria com Beto Pantera e Chico Canela.

Energia

Marcello Dinis organiza a agenda do lançamento do disco, que deve começar em março. Em abril, ele vai fazer show em Tiradentes. 'Esperanto banto' foi viabilizado por meio do financiamento coletivo na internet. “É o disco de 50 anos, no qual gastei todas as minhas energias”, diz, assumindo certo cansaço em relação à carreira independente.

“Consegui algo que me representa, da capa (em projeto de Otávio Bretas) à sonoridade”, acrescenta, orgulhoso. As telas (Guido Boletti) do encarte se inspiraram nas músicas 'Corda bamba', da parceria com Helmut Gondim, e 'Passarinha', com Jorge Fernando dos Santos.