Musica

Festival Música nas Montanhas chega à 15ª edição em Poços de Caldas

Evento, que vai até dia 18, tem concertos programados em vários espaços da cidade, com entrada franca

Walter Sebastião

Concerto todos os dias, com convidados internacionais, alunos e professores de música. É a 15ª edição do Festival Música nas Montanhas, que começou ontem e vai até o dia 18, em Poços de Caldas. O evento cresceu ao longo do tempo, reúne cerca de 1 mil estudantes de música e vai se tornando referência entre os festivais de verão do Brasil. “Nosso interesse não é ser o maior. O desejo é criar o melhor ambiente possível para o estudo e audição da música. Nosso compromisso é com a qualidade, não com a quantidade”, avisa o maestro Jean Reis, de 53 anos, criador do evento e diretor artístico do festival desde a primeira edição.


Música nas Montanhas tem convidados brasileiros e de outros países, que atuam como professores, além de apresentar concertos regidos por Jean Reis, Leon Burke e Jorge Peréz-Gòmez. Mas o orgulho do diretor são os grupos formados com alunos. Como as quatro orquestras sinfônicas, que preparam quatro programas. Acrescente-se uma banda sinfônica e uma orquestra de cordas. E três coros: um sinfônico, um de crianças e outro da terceira idade. As apresentações são em vários locais e horários, desde o Teatro da Urca, palco dos grandes concertos, até hospitais, creches e asilos. “São programações especiais, porque os grupos são formados por alunos selecionados pela alta qualidade”, garante o maestro.


O maestro chama atenção para o bom entrosamento entre artistas, plateias, estudantes e a cidade de Poços de Caldas, construindo um ambiente de aprendizado e apreço pela música. “O que é importante, já que a leveza nos relacionamentos colabora para que se faça boa música. Quando há interação entre os instrumentistas, quando o público percebe que há interesse dos participantes em tocar junto, entende melhor que o que está sendo apresentado: é música genuína”, define. O maestro enfatiza o conjunto da programação, mas observa que o modo como os pianistas Flávio Augusto (que vai tocar Liszt e Rachmaninoff) ou o russo Guigla Kapsarava (que vai interpretar concerto de Tchaikovsky), articulam expressividade e competência técnica faz deles artistas singulares.


Jean Reis é mestre em música pela Andrews University e em regência orquestral e violino pela University of Redland. Foi violinista de várias orquestras no Brasil e nos Estados Unidos, regeu grupos na Áustria, França e Argentina, além de atuar como professor convidado de festivais. É o fundador e diretor musical de mais cinco festivais: São Paulo, Maranguape (ES), Lages (SC), Bagé (RS) e Andradas (MG).

 

Festival MÚsica nas Montanhas
Concertos todos os dias, até 18 deste mês, em Poços de Caldas.
. Teatro da Urca, às 20h30, com convidados do festival e grupos formados durante o evento.
. Primeira Igreja Batista e Teatro da Urca, às 18h, com alunos de nível intermediário.
. Casa de Cultura de Poços de Caldas, dia 11, às 17h; dia 12, às 19h; e dia 18, às 17h.
. Entrada franca. Informações no site do Festival Música nas Montanhas.

 

três perguntas para... Jean Reis, diretor do Música nas Montanhas

 

 

1 Qual a importância e o papel dos festivais?
Festival é o encontro da música. Oferece para os alunos possibilidade de tocar com instrumentistas de outros locais, às vezes em grupos grandes, o que muitos não têm em suas cidades, com repertório significativo que eles não podem tocar sozinhos. É experiência, reciclagem, acesso a professores muito qualificados. Os festivais trazem ainda para as cidades que os abrigam programação intensa, que só existe nos grandes centros. É dose nada homeopática de música.


2 Como você avalia a infraestrutura de espaços para concertos no Brasil?
A situação é muito desigual. Tem cidade que tem teatro e não tem música. Outras têm música e não têm teatro. Há lugares em que os espaços não comportam o público, que é grande; e existem espaços que ficam vazios, porque a programação não desperta interesse. Na minha opinião, o essencial é ter programação que justifique a existência de um teatro. Já vi cidades que queriam comprar os instrumentos antes de ter quem se interessasse em tocá-los. O importante é ter, primeiro, gente que queira estudar música e, depois, os instrumentos.

3 Qual o desafio para quem cria ou administra festivais?
O mesmo posto a todo empreendedor: conseguir orçamento adequado ao projeto. Às vezes fazemos milagres com o que conseguimos.