Musica

Claudete Soares comemora seus 50 anos de carreira em Belo Horizonte

Cantora se apresenta neste fim de semana com o pianista Giba Estebes

Walter Sebastião

"Sou uma cantora que vem da bossa nova”, afirma Claudette Soares, de 70 anos, explicando por que não pode deixar esse repertório fora de seus shows. Nesta sexta-feira e sábado, ela se apresenta em BH com o pianista Giba Estebes.


Nunca é demais lembrar: Claudette participou de 'A noite do sorriso, do amor e da flor' (1960), na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse show é um dos marcos inaugurais da bossa nova. Também estavam lá Tom Jobim, Nara Leão, os irmãos Caymmi e Johnny Alf. Ronaldo Boscoli, que a convidou para o evento, recomendou-lhe que fosse para São Paulo, onde ela mora até hoje, para divulgar a novidade.

“São músicas lindas, eternas e chiques. Hoje, a bossa nova é do mundo, não vai morrer nunca”, afirma Claudette. Ela chega a BH como convidada do projeto Salve rainhas, dedicado a cantoras brasileiras.

O movimento musical que ganhou o mundo surgiu na Zona Sul carioca, durante noitadas em apartamentos de jovens artistas como Nara Leão. “Sentíamos que estávamos fazendo algo diferente. Era um jeito de cantar mais sussurrado, suave e delicado”, relembra Claudette, ressaltando que aquela moçada enterrou de vez a ideia de que para cantar bem era preciso ter vozeirão.

Seus 50 anos de carreira são comemorados com o DVD 'Claudette Soares ao vivo com a Orquestra Jovem Tom Jobim', com regência de Roberto Sion. “Nunca um compositor me disse não. Pelo contrário, eles fizeram músicas para mim, como 'De tanto amor', de Roberto e Erasmo Carlos, e 'Hoje', de Taiguara”, informa. Ela tem orgulho de sua trajetória: “Desde os 10 anos, quando participei do primeiro programa de calouros, vivo da minha voz. Nem quis fazer faculdade, porque sempre soube que cantar seria a minha vida”, enfatiza.

O tempo lhe trouxe destreza, amadurecimento e segurança. Mas criar personalidade musical representa um desafio para artistas como ela. “É preciso estilo, um som da voz que a distinga dos outros cantores. A gente sempre tem de se reinventar”, defende Claudette, que jamais estudou canto.

“Sempre fui alma, técnica tem de ser natural. Sou do tempo em que, para ser cantor, só tendo afinação e ritmo. Metida à besta, ficava ouvindo Frank Sinatra, Sara Vaughan, Ella Fitzgerald e Julie London, aprendendo o que me interessava. Antigamente, disco importado era caro. Meu pai sofreu comigo”, brinca.

Fã de Dalva de Oliveira e de Ademilde Fonseca, Claudette se diz integrante de uma “geração de intérpretes”. Cantar os mestres era – e continua sendo – a missão dela.

SALVE RAINHAS
Talk show com Claudette Soares. Sexta e sábado, às 19h. Funarte MG, Rua Januária, 68, Floresta, (31) 3213-1772 e 3213-3084. Ingressos: R$ 5 e R$ 2,50. Lotação: 139 lugares.