Musica

Acervo digital reúne 45 mil itens sobre a trajetória de Milton Nascimento

Cantor faz show em BH para comemorar seus 50 anos de carreira

Ailton Magioli

A volta do show Milton Nascimento – Uma travessia a BH, neste fim de semana, não é a única oportunidade de os fãs reverem Bituca, que comemora seus 50 anos de carreira. O recém-lançado acervo do artista, disponibilizado pelo portal do Instituto Antonio Carlos Jobim (www.jobim.org), traz preciosidades sobre o líder do Clube da Esquina.

Responsável pela digitalização, catalogação, conservação e disponibilização de arquivos digitais de Dorival Caymmi (4.311 itens arquivados), Chico Buarque (5.901), Gilberto Gil (17.674) e Lúcio Costa (3.977), o instituto se deparou com o mais extenso de seus acervos artísticos. O material sobre Milton contabiliza nada menos de 45 mil itens, entre fotos, documentos, áudios, vídeos e álbuns.

Quase garoto, Bituca parece deslumbrado diante de Elis Regina em foto da década de 1960. Registrada na plateia de um auditório ou teatro, a imagem traz a dupla ao lado de um desconhecido. Com o dorso nu, deitado sobre capim seco, cantor posou, em 1998, para o catálogo do disco Tambores de Minas. Dois anos antes, ele aparece nos bastidores do Montreux Jazz Festival, na Suíça, acompanhado de “pessoas não identificadas”, segundo o portal. Na verdade, ao lado de Milton estão o cantor Pedro Mariano, filho de Elis Regina e César Camargo Mariano, e o produtor Marco Mazzolla. Falhas assim são comuns em ambientes virtuais, especialmente em se tratando de novos projetos. Com o decorrer do tempo, elas certamente serão corrigidas.

DRUMMOND

Com a musa Elis Regina, na década de 1960
Entre as 192 correspondências do acervo de Milton Nascimento, duas vieram de Carlos Drummond de Andrade. A primeira (o cartão datado de 1º de maio de 1976) foi enviada pelo poeta para agradecer a “boa música” feita por Bituca. A segunda, de 25 de janeiro de 1983, retribuía os votos de feliz ano-novo.

Por sua vez, Milton escreve à contrabaixista e cantora americana Esperanza Spalding agradecendo a oportunidade do trabalho conjunto.

Em “Áudio & vídeo” estão disponibilizados 34 discos do cantor e 18 vídeos. Narrado por Fernanda Montenegro, o documentário A arte barroca mostra antigas igrejas de Minas Gerais, com direito a vocais do cantor. Oportunamente, trechos da canção Paixão e fé perpassam o filme, que também aborda a trajetória musical de Bituca.

A linha do tempo sobre a trajetória do artista ainda não está pronta, mas em breve será disponibilizada. Os visitantes podem curtir curiosidades, como a caderneta escolar de 1958, época em que Milton cursava a 4ª série no Colégio São Luís, em Três Pontas, cidade do Sul de Minas onde ele foi criado.

CADASTRO 

Em alguns casos, o acesso ao arquivo de Milton Nascimento é restrito. É preciso logar no repositório para fazer o cadastro. A atriz francesa Jeanne Moreau, o cantor americano Paul Simon, a cantora islandesa Björk, a cantora Clementina de Jesus e os pais adotivos, Lília e Josino de Brito Campos, são algumas das pessoas presentes no acervo.

Entre as cartas, uma chama a atenção: o compositor Fernando Brant, por meio de Milton, exige da gravadora EMI Music o reconhecimento da parceria na canção Tostão, cujo crédito, assim como o pagamento de direitos, lhe teriam sido negados pela multinacional.


MILTON NASCIMENTO
Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Show hoje, às 21h, e amanhã, às 19h. Inteira: R$ 200 (plateia 1), R$ 180 (plateia 2) e R$ 160 (plateia superior). Convidados: Lô Borges e Wagner Tiso. O acervo do cantor e compositor está disponível em www.jobim.org.