Emílio Santiago deixa legado de crooner do Brasil

Morte aos 66 cala um dos cantores mais importantes do país

por Carolina Braga Eduardo Tristão Girão 21/03/2013 08:08

Sony Music/Divulgação
Nascido em 6 de dezembro de1946, emílio faleceu no último dia 20 por um AVC (foto: Sony Music/Divulgação )
Calou-se a voz do Brasil. Com essas palavras, o compositor e produtor Roberto Menescal se despediu do cantor Emílio Santiago, que morreu ontem, aos 66 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de acidente vascular cerebral (AVC). O enterro será hoje, no Cemitério do Caju, na capital fluminense.


Com 33 discos lançados, Emílio era o crooner dos brasileiros. Seu repertório foi uma espécie de antologia do cancioneiro nacional. Gravou “do oito ao oitenta”, como bem definiu Menescal: de Ary Barroso, Ataulfo Alves e Lamartine Babo a Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Djavan, passando por Benito di Paula, Paula Toller e Herbert Vianna. Fez disco com o celebrado João Donato, destruiu corações ao interpretar versos de Cassiano e da dupla Erasmo e Roberto.

Emílio estourou com 'Aquarela brasileira', série de sete discos produzida por Menescal. Marcada por repertório eclético, vendeu 3 milhões de cópias de 1988 a 1995. Advogado para agradar à família, ele havia trocado a Constituição pelo microfone desde a década de 1970. Ex-crooner da banda de baile de Ed Lincoln, o cantor frequentava palcos chiques, FMs e churrascarias com seu repertório romântico embalado pelo aclamado vozeirão. Era uma espécie de sucessor de Cauby Peixoto no país das cantoras.

 

Ouça a faixa-título de 'Só danço samba', último álbum de estúdio do cantor:

 

A oitentista 'Pelo amor de Deus' (Paulo Debétio e Paulinho Resende) apenas abriu caminho para 'Saigon' (Claudio Cartier, Paulo César Feital e Carlão), mais conhecida como “aquela música do Emílio Santiago”, e para 'Verdade chinesa' (Gilson e Carlos Colla) – as joias mais populares de seu repertório.

 

“Com a partida do Emílio e do Pery Ribeiro, perdemos as duas vozes mais bonitas do país. Dizia para ele: agradeça a Deus todos os dias, porque essa voz que sai de dentro de você não tem preço”, lamentou a cantora Leny Andrade.

 

Ouça programa da Rádio Guarani sobre o álbum 'Feito para ouvir'

Roberto Menescal relembrou a surpresa ao ouvi-lo pela primeira vez, no programa de Flávio Cavalcanti: “Com aquele suingue e a voz maravilhosa, pensei: preciso deste cantor. Igual a Emílio, só Wilson Simonal”. Altos e baixos fizeram parte da carreira de 40 anos. “Muitas vezes ele me dizia: ‘Mas eu quero lançar as coisas?’. Eu respondia: ‘Deixa o Caetano Veloso lançar, depois você vai cantar melhor do que ele. Você é o grande intérprete”, contou Menescal.

Livio Campos/Divulgação
(foto: Livio Campos/Divulgação)
Há poucas semanas, a dupla gravou 'Amanhecendo', antiga canção de Menescal. O lançamento estava marcado para o show em 6 de abril, no Rio de Janeiro. 'Só danço samba' (2010), último disco de estúdio de Emílio, homenageava Ed Lincoln. Em 2012, chegou às lojas a versão ao vivo desse CD. O cantor planejava fazer álbum com o repertório de Tito Madi, autor de sucessos como 'Balanço Zona Sul'.

Repercussão

“A MPB está de luto. Uma de suas maiores vozes se calou! Permanecerá eternamente em nossas vidas musicais e em nossos corações”, Rosa Passos, cantora e compositora

“Meu Deus, que pecado. O Emílio era uma pessoa da maior qualidade, um dos maiores cantores que já ouvi. Vou sentir muito a sua falta. Que descanse em paz”, Djavan, cantor e compositor

“Maior cantor do Brasil, Emílio Santiago partiu para o plano espiritual. É um gigante”, Ed Motta, cantor e compositor

DISCOGRAFIA

> Só danço samba Ao vivo (2012)
> Só danço samba (2010)
> De um jeito diferente (2007)
> O melhor das Aquarelas Ao vivo (2005)
> Emílio Santiago encontra João Donato (2003)
> Um sorriso nos lábios (2001)
> Bossa nova (2000)
> Preciso dizer que te amo (1998)
> Paixões do Brasil (1998)
> Emílio Santiago (1997)
> Dias de luna (1996)
> Aquarelas álbum (1996)
> Emílio Santiago (1996)
> Perdido de amor (1995)
> Aquarela brasileira 7 (1994)
> Aquarela brasileira 6 (1993)
> Aquarela brasileira 5 (1992)
> Aquarela brasileira 4 (1991)
> Aquarela brasileira 3 (1990)
> Aquarela brasileira 2 (1989)
> Aquarela brasileira (1988)
> Tá na hora (1984)
> Mais que um momento (1983)
> Ensaios de amor (1982)
> Amor de lua (1981)
> Guerreiro coração (1980)
> O canto crescente de Emílio Santiago (1979)
> Emílio (1978)
> Feito para ouvir (1977)
> Brasileiríssimas (1976)
> Emílio Santiago (1975)
> Transas de amor – Saravá, nega (1972)

 

Em janeiro, Emílio conversou com a equipe do Diário de Pernambuco em Recife; assista:

 

MAIS SOBRE MÚSICA