O cantor Edson Cordeiro e o violonista Toninho Horta apresentam nesta terça-feira, no Sesc Palladium, o último show do ano da série Compositores.br, com direito a encontro no final para homenagear Herivelto Martins (1912–1992). Casado com Dalva de Oliveira (1917–1972) e pai do cantor Pery Ribeiro (1937–2012), Herivelto fez de sua carreira sinônimo de sucesso graças, principalmente, à mulher – principal intérprete de suas canções. Quem não se lembra de Ave Maria no morro na voz de Dalva? Leia também: Importantes nomes da música mineira se reúnem em festival de Natal Paulinho Pedra Azul comemora três décadas de carreira Coral lírico de Minas Gerais apresenta concerto especial de Natal no Inimá de Paula Esse e outros clássicos vão ganhar releituras de Edson Cordeiro ao som do violão de Toninho Horta. Em outros momentos, o cantor se apresentará com o pianista e maestro Miguel Briamonte. Por sua vez, Toninho convocou o próprio quarteto para acompanhá-lo no espetáculo, dividido em duas partes. “O que mais me atrai na obra de Herivelto é o fato de ela surgir da mais pura intuição. Como sambista, por exemplo, ele é dono de uma nobreza atávica. Tinha aquela sofisticação que não se aprende na academia”, afirma Cordeiro. Toninho Horta destaca o fato de a música de Herivelto estar indubitavelmente ligada à letra. “Não há como separar uma da outra”, constata o violonista, salientando o romantismo do autor, que, literalmente, mandava recados por meio de suas composições. Ficou famosa a época em que Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, já separados, travaram guerra pública por meio de canções. Enquanto Herivelto mandava mensagens para a ex-mulher via boleros e sambas, ela respondia à altura, apoiada por grandes nomes da MPB, como Ataulfo Alves e Nelson Cavaquinho. Vem dessa época cancioneiro romântico que ganhou títulos para lá de apropriados: Tudo acabado, Que será, Errei sim, Falso amigo, Calúnia e Palhaço.   Acorde Toninho Horta chama a atenção para passagens inusitadas nas composições de Herivelto, como o acorde dominante com o qual ele abre Ave Maria no morro. “Ele tinha umas soluções avançadas para aquela época, mas fazia isso sem perder o romantismo”, constata o guitarrista. Contra-regras do musical Estrela Dalva – cuja montagem paulista foi protagonizada pela atriz Sílvia Massari –, Edson Cordeiro conta que “invadiu” a vida do casal depois de acompanhar essa encenação durante meses. “Aprendi tudo sobre o Herivelto naquela época. Além disso, sempre cantei Dalva de Oliveira”, revela. Ave Maria no morro, Bom dia, Caminhemos, Nega manhosa, Atiraste uma pedra, A Bahia te espera, Praça 11 e Segredo são algumas das composições de Herivelto que Edson Cordeiro vai interpretar esta noite, ora com Miguel Briamonte ao piano ora com Toninho Horta ao violão. Radicado na Alemanha há seis anos, o cantor aproveita a oportunidade para matar as saudades do Brasil. À apresentação de Toninho Horta se juntarão Igor Neves (piano e teclado), Ezequiel Lima (baixo), Pedro Aristides (trombone) e Esdra “Neném” Ferreira (bateria). EDSON CORDEIRO E TONINHO HORTA Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Nesta terça-feira às 20h. Ingressos de R$ 10 a R$ 40. Informações: (31) 3214-5350. Chegou a vez delas Ano que vem, anuncia o produtor e curador Pedrinho Alves, será a vez das mulheres, que ganharão o projeto Compositoras.br. De Chiquinha Gonzaga a Marina Lima, ele promete surpresas na nova etapa da série, que deverá contar com estrelas como Zélia Duncan, encarregada de interpretar músicas de Rita Lee. As “cigarras” que se preparem: vêm aí repertórios de gente tarimbada, como Sueli Costa, por exemplo. Compositores.br chega ao fim depois de oportunas homenagens a Chico Buarque (a cargo de Zizi Possi e Celso Moreira), Luiz Gonzaga (Elba Ramalho e Iara Andrade & Sarah Assis), Antônio Maria (Fafá de Belém e Cléber Alves), Ataulfo Alves (Vander Lee e Grupo Dibigode), Vinicius de Moraes (Mônica Salmaso e Juarez Moreira) e Herivelto Martins (Edson Cordeiro e Toninho Horta).