Musica

Serguei lembra quarenta anos sem Janis Joplin

Músico se apresenta hoje em BH com a banda Pandemonium, em show tributo à cantora

Ailton Magioli

“Nenhum de nós vai ter 20 anos o resto da vida”, reconhece Sérgio Augusto Bustamante, o Serguei. Às vésperas de completar 77 (em 8 de novembro) bem vividos, porém não revelados, o cantor, compositor e performer carioca é atração principal do Tributo a Janis Joplin, que ele jura ter namorado nos anos 1970. “Aqui o homem envelhece muito cedo. Às vezes, com 50 anos, não consegue abaixar e levantar. Eu dou cambalhota”, comemora Serguei, que vive entre entre Saquarema, onde criou o Templo do Rock, e o Rio de Janeiro, onde nasceu. “Tenho 25 anos. Sou um espírito que habita um corpo. Um dia vou deixar isso aqui. É igual a um carro novo, que você vai consertando, consertando e, um dia, joga fora. Um dia vou sair daqui, porque isso não vai prestar. Mas, até agora, acho que está tudo muito bem e muito em cima. Tenho uma agilidade e uma energia no palco muito grandes. Idade não tem nada a ver”, discursa o cantor, que vem a Belo Horizonte, pela primeira vez, acompanhado da banda Pandemonium, com a qual gravou o CD Bom selvagem, do ano passado. Ele conheceu a banda ao receber homenagem da Feira Hippie de Ipanema. “Quando os vi tocando, falei, pô, esta banda é muito boa. São músicos de muito talento”, elogia. E garante que não houve conflito de gerações entre ele e a rapaziada a que o acompanha. Na opinião do cantor, não há nada de novo no mundo do rock e da música pop. “É tudo igual”, acusa, lembrando o encontro com Fiuk, filho de Fábio Jr. “Fui lá, dei um beijinho nele – é um menino, tem 19 anos – e disse: ‘Você é muito bonito, eu me ajoelho diante da beleza. Mas vocês fazem o ritmo do rock com letra de pagode. Isso não é rock”, criticou, lembrando que, aos 19 anos, 20 anos, Paul McCartney e John Lennon escreviam coisas como Let it be e Yesterday. Para Seguei, “ontem tudo parecia fácil. As coisas eram maravilhosas. Hoje, parece que estão mais difíceis.” Então ele prefere acreditar no passado. “Nos anos 1980, realmente o rock esteve muito bem no Brasil. Cazuza é maravilhoso. A decadência musical total começou na década de 1990, com a música eletrônica”, garante. Como há uma banda cover de Janis Joplin no tributo à cantora, ele diz que prefere deixar o repertório da antiga namorada para a Mercedes Band. “Acho esses tributos uma beleza, porque ajudam a manter a imagem dela. Janis realmente foi uma explosão, uma revolução. Ninguém canta como ela”, elogia. Reservou espaço no repertório da apresentação para o clássico Summertime. “Abro o show cantando With a little help from my friends com aquele arranjo dos Beatles feito especialmente para Joe Cocker. As músicas que canto têm andamento mais puxado, preciso disso”, explica o adepto do falsete. Apesar de não estar incluída no set list, Serguei promete cantar, ainda, o clássico Cry me a river. SET LIST Help, dos Beatles; Love ain’t stranger, de Whitesnake; Marginal, de Celso Blues Boy (versão Serguei); Love of my life, do Queen; Sweet home Chicago, de Robert Johnson (versão Serguei); Rolava Bethânia, de Serguei; Burro cor-de-rosa, de Serguei; Tô na lona, de Serguei; With a little help from my friends, dos Beatles; Summertime, de Janis Joplin; Satisfaction, dos Rolling Stones; Borne to be wild, de Steppenwolf. TRIBUTO A JANIS JOPLIN – 40 ANOS SEM A VOZ DO BLUES Hoje, às 22h, no Music Hall, Avenida do Contorno, 3.239, Santa Efigênia, shows de Led Zeppelin Cover, Mercedes Band e Serguei & Banda Pandemonium. Ingressos (antecipados): R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda no local, na Purple Records (Galeria Praça 7/2º Andar, Loja 58, Centro), e na Miragem (Rua Pernambuco, 1.000/Loja 40, Savassi). Idade mínima: 18 anos. Informações: (31) 3291-2885. Veja clipe promo de Tô na lona