Em uma visita de um mês a Tel Aviv, em Israel, Ronaldo Fraga sentou em um café e avistou uma placa em hebraico. Sem entender, pediu tradução. "Judeu e árabe que sentarem na mesma mesa têm 50% de desconto", dizia o comunicado.
A partir de sua memória, o estilista transformou a passarela de seu desfile em um enorme banquete. Modelos, de todas as idades e etnias, personificaram palestinos e judeus, em performance que defendeu a diversidade e a tolerância.
O foco de Fraga é sempre debater, por meio da moda, assuntos que permeiam a realidade. "É uma coleção austera. A conquista e a manutenção da democracia e da convivência pacífica não é uma coisa fácil. Gosto de viver perigosamente se for para pagar o preço da diferença desse povo", disse o estilista.
As roupas, portanto, ficaram em segundo plano. Porém, a escolha do tecido foi proposital e se deu ao jeans que, segundo Fraga, é resistente. "É um tecido de qualquer tempo. Ele une passado e futuro como nenhuma outra matéria", explica.
No fim do desfile, os modelos chamaram a plateia para comer o banquete. Uma grande festa que celebrou (ou apenas espera) novos tempos.
Nos cabelos, tranças de colorações de cabelo diferentes. "Para mim, as tranças representam a tolerância. Da mistura das etnias, da raça humana", completa o maquiador.
* Estagiária sob a supervisão de Roberto Fonseca
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