Grife oferece oportunidade de trabalho para detentas

No Minas Trend, que se encerra logo mais, a moda mineira trouxe novidades para o inverno'2018, oportunidade de negócios e projetos marcados por inovação e responsabilidade social

por Anna Marina 06/10/2017 11:53
Agência Fotosite/divulgação
Desfile de abertura valorizou cultura mineira (foto: Agência Fotosite/divulgação)
O bater da matraca – instrumento religioso desconhecido pela maioria da plateia – deu o tom do que Paulo Martinez pensou para marcar a abertura da edição de inverno da Minas Trend, que termina hoje, no Expominas. Ele conseguiu, mais uma vez, montar um espetáculo que por si só vale a promoção da Fiemg, não fosse a feira propriamente dita, que mais uma vez esteve fantástica, repleta de novidades e oportunidades. A tônica foi a religiosidade mineira e a matraca, que abre as procissões no interior, sinalizou a preocupação de mostrar, ao som das músicas de Fernando Brant, o que estava por vir. O término, com modelos carregando estandartes com imagens das principais cidades barrocas mineiras, foi outro achado raro. Sem falar no imenso ipê-amarelo que marcava o início da passarela, coberto por flores, muitas flores, feitas de tecido.

Um dos lances importantes do segmento ready to go criado por Terezinha Santos foi, sem dúvida, a coleção Vida, estreia da Libertees, criada pelas sócias Marcella Mafra, Sabrina Mafra, Daniela Queiroga e Andréa Aquino, que marca a oportunidade de realizar o sonho de unir moda, sustentabilidade e responsabilidade social. Para as detentas do presídio Estevão Pinto, em Belo Horizonte, a chance de aprender um ofício e trilhar um novo caminho após cumprir a pena. Com cores fortes e traços descompromissados, a Libertees brinca com o shape atemporal da t-shirt e, como resultado, apresenta shirt dresses, regata dresses, maxipulls e blusas em malhas. Comprimentos máxi e modelagem oversized dão as caras na coleção, conferindo às peças conforto e estilo. As estampas são inspiradas em ilustrações desenvolvidas pelas internas durante as aulas de arte na penitenciária, que foram adaptadas para o universo da moda. Elas transitam entre referências da natureza, da figura humana e paisagens urbanas.

Como contrapartida para a utilização dos desenhos, parte do valor das vendas será revertida em materiais para a escola de artes do presídio. As detentas também realizam a confecção das peças, recebendo salário fixo e remissão de pena. Uma exposição de artes da Escola Estadual Estevão Pinto, situada dentro do complexo penitenciário de mesmo nome, foi onde tudo começou. No evento, Marcella Mafra conheceu os desenhos das internas e, a partir daí, junto com as sócias Sabrina Mafra, Daniela Queiroga e Andréa Aquino, nasceu o projeto. “Acreditamos na recuperação de indivíduos privados de liberdade para a sociedade por meio de medidas socioeducativas desenvolvidas no cárcere”, diz Marcella.

Ela ainda explica que a empresa visa contribuir para a qualificação profissional das detentas, preparando-as para a vida em liberdade. A Libertees tem também como objetivo sensibilizar e incentivar outros empresários a trilharem o mesmo caminho. “Acreditamos que atitudes como esta contribuem para a melhoria da qualidade de vida das internas, uma considerável redução dos índices de violência dentro dos presídios e para a diminuição da reincidência no mundo do crime”, conta Marcella. Todas as peças do mostruário estão sendo produzidas com o patrocínio da Dream Estamparia Digital.