Cintos: um acessório que destaca a produção

Item que nunca sai de moda se transforma de acordo com as tendências da temporada e é um aliado para diferenciar os looks

por Celina Aquino 12/09/2017 12:27

Johnny Pio/divulgação
Produção da Kawá (foto: Johnny Pio/divulgação)

Podem até dizer que ele não realça, mas o cinto tem muito a dizer em um look. Mais que complementar a produção, o acessório consegue deixar o visual ainda mais atualizado, já que também carrega muita informação de moda, mesmo que seja em um modelo básico. Fábricas que se dedicam quase que exclusivamente à produção de cintos no Brasil estão atentas às tendências internacionais para apresentar novidades a cada temporada. Além de lançar coleções próprias, essas empresas desenvolvem produtos exclusivos para diferentes marcas.

Kawá, em japonês, significa couro. Foi com esse material que a empresária Sônia Oruy decidiu fabricar cintos, há exatos 30 anos, em Juiz de Fora. A moda, na época, era usar calça de cós alto e o acessório ficava ainda mais em evidência. Com a ajuda do marido, Sônia desenvolveu o primeiro modelo, largo como as mulheres desejavam, e ainda anatômico, ou seja, fazia a curva necessária para se adaptar ao corpo. Tudo isso em casa, sem maquinário. A empresa cresceu de lá pra cá, mas não deixou de manter a sua pegada artesanal. “Temos máquina para executar algumas etapas da produção, mas fazemos muitas coisas a mão. Não podemos fazer o mesmo que todo mundo, são os detalhes que fazem a diferença.”

Johnny Pio/divulgação
Aliado na produção masculina (foto: Johnny Pio/divulgação)

Para a diretora da Kawá, o cinto continua a ser peça-chave de um look, por isso precisa acompanhar as tendências. “A moda tem trabalhado muito em cima de acessórios, e o cinto consegue valorizar até uma roupa básica”, observa. Atualmente, as faixas estão em alta para as mulheres. A empresa, então, tem utilizado bastante a camurça, material mais maleável, para fabricar esses modelos, que ganham detalhes como apliques, pesponto e ilhós. Entre os cintos tradicionais, o tressê continua a ser uma boa pedida, inclusive para os homens.

Simone Guimarães não economiza nos detalhes, por isso ganhou fama pelo Brasil com modelos que fogem do comum. “Trabalho sempre dentro da proposta que o mercado está pedindo. Afinal o cinto também tem que seguir moda, mas tento fazer o que é mais diferente. Se está usando faixa, vamos fazer, sim, só que à nossa maneira”, esclarece a ex-comissária de bordo, que descobriu a sua vocação na fábrica de cintos caubói do irmão, em Araxá. Na época, Simone começou a colocar enfeites nas peças e acabou criando um estilo próprio, sem copiar o que estava sendo usado.

Adriano de Souza/divulgação
Simone Guimarães enriquece as peças com aplicações (foto: Adriano de Souza/divulgação)
 

Entre os diferenciais da marca, estão o trabalho no couro, como fitas e tranças, e o de miçangas, que permite, criar desenhos diferentes a cada temporada. Desta vez, ela investiu em listras coloridas, que sempre combinam com o tom do couro utilizado como base. As cores principais da estação são laranja, amarelo, azul e vermelho, fora o clássico bege. “A maioria das fivelas que usamos nesta coleção foram trabalhadas. Em umas coloquei pérola, em outras flores, como de hibisco. Agora, se o cinto é de miçanga, deixo a fivela bem limpa”, informa. Simone, aliás, é a favor de equilíbrio. Cintos mais ousados devem ser usados com looks mais básicos. Se a roupa for estampada, é melhor escolher uma peça clean.

Adriano de Souza/divulgação
Ferragens também são destacadas (foto: Adriano de Souza/divulgação)

CONCORRÊNCIA Para fugir da concorrência chinesa, a Ícone também optou por trabalhar exclusivamente com couro. “Não tem como competir no preço, porque na China produzem basicamente com materiais sintéticos. Couro fica mais caro, só que você consegue ter um diferencial em relação ao importado”, avalia o sócio Dejanir Marconi. A decisão também levou em conta uma demanda do mercado. A empresa de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, percebeu que os clientes buscavam produtos exclusivos, que não fossem iguais aos que são produzidos em larga escala.

A Ícone passou por outra mudança significativa desde 1997, ano de sua fundação. Inicialmente focada em cintos para homens, a empresa passou também a atender aos desejos das mulheres. “Preto, marrom e pinhão são as três cores que basicamente cobrem toda a linha masculina. O que mais muda são as fivelas, que nos modelos sociais são de níquel negro e nos esportivos usamos muito banho de prata velho. Já o feminino é um produto de moda, com mudanças constantes de modelagem, cores e materiais”, destaca. Segundo Marconi, a tendência da estação são os cintos largos. Em relação às cores, os tons terrosos do bege ao café são os que mais saem, assim como o preto.

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O couro é a principal matéria-prima (foto: Johnny Pio/divulgação)