Na sequência das apresentações da Semana de Moda de Nova York, 16 grifes desfilaram ontem, em diversas locações. Como já era esperado, a segunda coleção assinada por Raf Simons para a Calvin Klein foi o grande destaque, mas chamou a atenção principalmente pela quebra de expectativas. Isso por que no lugar de looks criados para provocar o desejo do público, ele apostou no inusitado, reverenciando a pop art de Andy Warhol e referências aos clássicos filmes de terror de Holywood.
Sim, os clássicos bota cawboy, conjuntos comportados e jeans estavam presentes, mas o diretor criativo inovou ao pincelar os modelos de cenas de terror, grafismos inesperados, matéria-prima inusitada como plástico, borracha e nylon. Em desfile misto, modelos de ambos os sexos vestiram peças em trabalho de patchwork que mixava mais de oito cores em uma camisa só, tudo em um tecido brilhante tipo cetim. O casaco ópera, modelo que destaca uma capa sobreposta, apareceu em versão utilitária com profusão de bolsos, zíperes e cordas. Há peças tipo camisa de dormir cujo apelo deve passar longe dos blockbusters da temporada. E mesmo os vestidos mais elaborados trazem a diferente mistura de franjas longas e multicoloridas com tecido telado.
Num festival de "esquisitices" em referência a filmes de suspense e terror, tende a virar hit as saias mídi de modelagem ajustada ao corpo, os ternos em xadrez, os casacos displiscentemente pincleados de espirros de tinta.
Mas quer saber? Ele parece mais preocupado em fazer a própria crítica à mesmice da indústria fashion que se curva ao desejo do consumidor numa frenética necessidade de agradar e sobreviver. Por isso mesmo segue firme e forte na posição que conquistou, doa a quem doer.