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Webséries apostam em linguagem própria a ameaçam reinado da TV

Brasil tem sua primeira série 'A toca', comandada pelo humorista Felipe Neto; confira entrevista com o blogueiro!

Correio Braziliense

Disponibilizada integralmente pelo Netflix, House of Cards foi indicada a nove categorias no Emmy 2013
A lista dos indicados ao Emmy 2013, maior prêmio da televisão mundial, mostra que a internet entrou de vez na disputa. O evento, que ocorrerá em 22 de setembro, trouxe pela primeira vez séries produzidas exclusivamente para a rede mundial de computadores entre os concorrentes aos troféus. O fenômeno, no entanto, não acontece somente nos Estados Unidos, as webséries invadem o mercado mundial e, no Brasil, chamou a atenção dos principais nomes do humor feito no YouTube.


Nos EUA, a websérie mais comentada é House of Cards, indicada a nove categorias, entre elas a principal de Melhor série dramática. A produção, exclusividade do site de compartilhamento de vídeos Netflix, é apontada como uma das favoritas a levar o troféu para casa.

O sucesso do drama político protagonizado por Kevin Spacey está ligado à evolução das plataformas de exibição de conteúdo na internet. Atualmente, o Netflix (que funciona com uma assinatura mensal) é o mais importante meio de divulgação e produção de seriados na rede. Ted Sarandos, diretor de conteúdo da plataforma, não esconde a ambição da companhia. “O objetivo é virar a HBO antes que ela vire a gente”, declarou em entrevista à imprensa norte-americana.

Produção
O Brasil já tem sua primeira série no canal. A toca tem como principal estrela o humorista Felipe Neto — sucesso no YouTube, com os vídeos do canal Não faz sentido. Com uma trupe de outros rostos conhecidos na internet, o rapaz montou o grupo Parafernalha, responsável pela produção dos vídeos.

Entrevista // Felipe Neto
"O público decide o que fará sucesso. Essa é a mágica da internet"

Você chegou ao sucesso graças ao YouTube e depois passou por outras mídias. Na sua opinião, qual a importância da internet na divulgação de novos nomes?
Eu nunca saí do Youtube, acredito que a internet possui nas mãos o futuro do entretenimento, seja pelo Youtube, pela Netflix ou por outras ferramentas que já existem ou virão a existir. Essa é a importância da internet, não é para gerar nomes pra TV, é para gerar nomes que não mais irão precisar da televisão. Hoje em dia nenhum artista depende da TV mais, ele já pode criar as próprias oportunidades, até mesmo sozinho. O público decide o que fará sucesso ou não e essa é a mágica da Internet que a televisão como é feita hoje em dia não é capaz de bater.

Felipe Neto participa da produção da primeira série brasileira no Netflix
Você acredita que as webséries já são uma realidade? Ou ainda são uma aposta?

São uma realidade, com certeza. Veja a Parafernalha, por exemplo, com uma estrutura empresarial, mais de 30 pessoas envolvidas, criando conteúdo exclusivamente para a internet. Contudo, ainda é um cenário novo, onde novas empresas surgem a cada dia, criando um novo conteúdo. O crescimento é absurdo, principalmente no Brasil, onde o público pede por uma nova forma de entretenimento.

A web permite explorar novas linguagens? É muito diferente do que é visto usualmente na TV?
Com certeza. A série A toca, que a Parafernalha produziu para a Netflix, jamais seria aceita em qualquer canal da televisão brasileira. A Internet possibilita a liberdade, é uma nova forma de se criar conteúdo, sem depender das exigências dos anunciantes e de executivos que já perderam contato com o público jovem há décadas.

Vocês que fazem humor se sentem mais livres na internet?
Essa é a parte mais maravilhosa de se produzir conteúdo para a internet.

Na questão publicitária, a internet (e as webséries) conseguem "sustentar" o artista? É possível ganhar dinheiro nessa mídia?
Com certeza, mais uma vez cito como exemplo a Parafernalha. Criamos a Paramaker justamente para profissionalizar o mercado e os criadores de conteúdo, estamos atraindo centenas de novos anunciantes para o Youtube no Brasil, gerando mais receita, incentivando a produção de conteúdo profissional. Nossa ideia é utilizar a Internet para revolucionar o entretenimento brasileiro.

Você foi escolhido para comandar a primeira websérie brasileira do Netflix. Como você recebe essa notícias? Qual o tamanho do desafio?
Ficamos honrados e sentimos o desafio na pele. Foram três meses árduos de muita produção, mal tivemos tempo de absorver o tamanho da coisa. Quando lançamos foi que descobrimos realmente o potencial do projeto. Nem em nossos sonhos mais otimistas poderíamos imaginar uma repercussão tão positiva quanto está sendo.

A internet tem um alcance monstruoso. Você tem noção de quem de fato é seu público? Tem repercussão internacional?
A série A toca foi destaque em veículos internacionais e amigos americanos me ligaram para dizer que tinham visto a Parafernalha lá nos Estados Unidos. Temos total noção disso, assim de qual é nosso público, embora seja difícil em um canal tão grande quanto a Parafernalha, com um público tão diversificado. Para se ter ideia, mais de meio milhão de pessoas com mais de 65 anos assistem a Parafernalha todos os meses no Youtube.

Como foi o processo de negociação?

Tranquilo e com total liberdade. Colocamos como condição que somente faríamos a série se tivéssemos 100% de autonomia em relação ao conteúdo e a Netflix aceitou na hora. Sequer aprovamos as sinopses. O resultado foi um conteúdo sem amarras, sem censura, politicamente incorreto e com muita coisa que jamais iria ao ar nos veículos tradicionais brasileiros.

 

Assista ao trailer de 'A toca':