Melhor maneira de celebrar o Natal é em torno da mesa

Não importa quando e nem onde, o fato é que este encontro se dá sempre no jantar, ceia ou almoço

Isabela Teixeira da Costa

Salada de Natal leva melão, maçã e peito de peru - Foto: Lili Miarelli/Divulgação


Há exatamente 2017 anos se comemora o Natal, uma bela data para confraternização, que apesar de ser explorada comercialmente, não deixa de ter seus encantos e suas importantes simbologias, mesmo para quem não acredita em seu verdadeiro significado. Algumas famílias celebram a data na véspera, outras preferem a reunião no próprio dia 25. Não importa quando e nem onde, o fato é que sempre este encontro se dá em torno da mesa, seja com jantar, ceia ou almoço.

Para a professora de culinária Lili Miarelli, a festa começa uma semana antes. “Minha família é do Sul de Minas, de Campos Gerais, e na data mesmo, vários dos meus irmãos viajam para nossa cidade natal. Por isso, na casa da minha mãe celebramos com uma semana de antecedência”, explica. “Fazemos sempre um jantar na casa dela, Eunice Miarelli, e como já perdemos nosso pai, o Natal tem sempre uma pitada de nostalgia porque lembramos de quem já nos deixou”.


Como em todas as famílias, alguns pratos são obrigatórios na ceia. O pernil que em sua opinião é dos mais tradicionais, a salada de frango defumado e o bacalhau não faltam na casa de Eunice, e a castanha portuguesa cozida que serve como petisco e como sobremesa. No dia 24, a reunião é na casa da avó de Gustavo Maia, marido de Lili, Cléia Senna, que mesmo idosa não abre mão receber a família em sua casa, com ceia comandada pelas filhas, todas cozinheiras e mão cheia.

Elas criam um cardápio especial e fazem os pratos, juntas.


“Camarão é obrigatório na casa de d. Cléia, cada ano com uma receita nova, mas ele é sempre a estrela da refeição. Um bacalhau e uma ave – que pode ser chester ou peru – também não podem faltar e as castanhas portuguesas cozidas. Além das sobremesas, que sempre são variadas, as frutas secas e os doces cristalizados, que pouca gente gosta, mas a avó de Gustavo e eu não abrimos mão, e particularmente acho que esses doces são a cara do Natal”, conta Lili, que diz não abrir mão de outros três itens nesta festa: amigo-oculto, oração e um bom pernil.

 

Espetinho de lichia com chevre

Ingredientes

Uma lata de lichia em calda, 1 vidro de queijo tipo chevre em bolinhas em óleo, folhas de hortelã ou pimenta-rosa para enfeitar, palitos.

Modo de fazer

Coloque dentro de cada lichia uma bolinha de chevre. Espete hortelã e a bolinha recheada e coloque em um copinho de cachaça.

Salada de Natal

Ingredientes

Meio melão (tamanho médio), 4 maçãs fuji, 1 colher de sopa de cebola ralada (pode ser colocada de molho em água antes de usar), sal e pimenta-do-reino (opcional) Q.B, 300g de peito de peru defumado fatiado (não muito grosso, nem muito fino), maionese light para dar liga, amêndoas inteiras torradas.

Modo de fazer

Faça bolinhas com o melão e a maçã. Misture a maionese, a cebola e o peito de peru (pode ser comprado fatiado, não muito grosso). Coloque as amêndoas torradas, misture tudo e leve à geladeira. Se o melão estiver muito maduro, pode soltar um pouco de caldo. Escorra, coloque a maionese e tempere com sal e pimenta a gosto.

Bacalhau com natas

Ingredientes

600g de bacalhau dessalgado (vendidos em caixas), 500g de batata, q.b. de azeite, 1 cebola média, 4 dentes de alho (pequenos), 40g de farinha de trigo, 40g de manteiga com sal, 1 litro de leite, 1 litro de creme de leite fresco, q.b sal, pimenta-do-reino e noz-moscada ralada na hora, 250g de um bom parmesão, Salsinha picada finamente.

Modo de fazer


Bacalhau: Coloque o leite para ferver. Assim que ferver, coloque o bacalhau por cerca de 10 minutos. Após esse tempo, retire a pele e as espinhas, desfie em lascas maiores e reserve. Não jogue o leite do cozimento do bacalhau fora.

Ele será usado.
Bechamel: Aqueça o leite (coado do cozimento do bacalhau) e o creme de leite em uma caneca. Em uma panela aquecida, coloque a manteiga e deixe derreter. Em seguida acrescente farinha de trigo e deixe dourar levemente, entre com o leite e o creme de leite (já aquecidos) aos poucos, mexendo com um fouet sempre, até obter uma textura de creme. Finalize com noz-moscada, sal e pimenta do reino. Se talhar, bata o creme com um mixer até ficar com textura homogênea Batatas: Descasque as batatas. Corte-as em cubos de 1X1cm mais ou menos e frite-as até ficarem douradas. Deixe–as escorrer em um papel toalha e reserve. Finalização: Em uma panela regada com azeite, coloque o alho e a cebola até dourar levemente. Acrescente o bacalhau desfiado, envolva o molho bechamel, acerte o sal, a pimenta-do-reino e noz-moscada. Coloque a salsinha picadinha a gosto.
Finalize com as batatas. Coloque em formas individuais ou em uma forma maior, untada com azeite. Cubra com um bom parmesão ralado e leve para gratinar. Não deixe muito tempo no forno para não ressecar.

Mini pavlovas, chantilly e calda de frutas vermelhas

Ingredientes 

pavlova: 4 claras em temperatura ambiente, 200g de açúcar refinado, raspas de um limão taiti, papel-manteiga para forrar a assadeira, Rende -%2b 12 pavlovas com 7 cm de diâmetro
Ingredientes do chantilly: 500g de creme de leite fresco bem geladinho, 4 colheres de sopa de açúcar refinado, raspas de um limão siciliano,

Ingredientes

Calda de frutas vermelhas (pode ser substituída por uma boa geleia): 200g de frutas vermelhas, ou a fruta vermelha da sua preferência congelada (pode ser saquinho de polpa de fruta), 2 colheres de sopa de açúcar, 100 ml de vinho branco.

Modo de fazer as pavlovas: Em uma batedeira, coloque as claras e comece a bater em velocidade media. Quando começar a espumar, coloque metade do açúcar refinado e bata ate ficar bem branquinho. Coloque a outra metade do açúcar e as raspas do limão taiti e bata bastante em velocidade media/alta até que fique bem consistente. Em uma forma coloque o papel-manteiga, desenhe círculos iguais (cerca de 7 cm), e com um saco e bico de confeiteiro faca os suspiros, deixando uma cavidade por dentro deles, onde vai o chantilly. Pré-aqueça o forno a 110 graus e coloque as Pavlovas para assar durante uma hora. Como cada forno age de uma forma, é necessário vigilância. Evite que as Pavlovas fiquem douradas. Ela não fica durinha como suspiro no forno, mas quando esfriar ela endurece.

Modo de fazer o chantilly: Em uma batedeira, bata o creme de leite fresco quase ao ponto de chantilly, acrescente o açúcar e raspas do limão siciliano e bata ate atingir o ponto mais consistente.

Modo de fazer a calda de frutas vermelhas: Em uma panela coloque a polpa congelada, o vinho e o açúcar. Deixe apurar até engrossar a ponto de calda.

Finalização: Utilizando um saco de confeiteiro, recheie as pavlovas já frias com o chantilly. Coloque um pouco de calda sobre as pavlovas e finalize com frutas vermelhas picadas (morango, framboesa, mirtilo, etc) e um raminho de hortelã.

 

 

Trajetória culinária

 

Lili Miarelli é formada em administração de empresas com MBA em gestão de negócios. Trabalhou por 15 anos em banco, porém há seis anos largou tudo porque estava com filho pequeno, não acertava com babá e não aguentava mais a pressão do trabalho. Decidiu que só voltaria a trabalhar com algo que lhe desse prazer. Como sempre teve um perfil muito comercial, vendia de um tudo, em casa mesmo e pensou em abrir uma loja, mas sempre gostou muito de cozinhar. Como é de família italiana e sua mãe, Eunice Miarelli é daquelas que reunia semanalmente toda a família em casa e fazia a massa, e ela sempre observando o processo de abrir a massa fresca, fazer molho, etc. Até hoje Lili não sabe como a mãe dava conta de fazer tudo sozinha. Nas férias e feriados prolongados, quando as tias vinham do interior, ela se unia às mulheres, na cozinha e ajudava nos temperos e nas conversas.


Quando começou a namorar Gustavo Maia, com quem se casou, mergulhou mais ainda no mundo da gastronomia, porque ele gosta muito de cozinhar assim como seus pais. “Nossos programas e viagens eram sempre em torno da comida. Depois que me casei fiz dois anos de curso com Ivo Faria, no Vecchio Sogno e fiquei mais um tempo com minha cunhada, Luciana Siqueira, que também dá aulas”, relembra.


“Sempre gostamos muito de receber os amigos em casa e faço questão de arrumar uma mesa bem-posta, acho que é um carinho com os convidados, coisa que aprendi com minha sogra. Tenho um acervo grande de peças para diversificar sempre. E fazia questão de cozinhar. Com isso, as amigas sempre pediam para eu ensinar alguns pratos”, conta Miarelli.


Com isso, ela decidiu dar uma aula para as amigas de uma forma bem despretensiosa. Como não sabe ensinar técnicas (é o que ela diz), passou receitas simples, fáceis de executar e gostosas, mas bem finalizadas, item que a cozinheira acha importante, um grand finale com um broto ou uma telha crocante. “Sou muito visual e acho a apresentação fundamental”. Com as redes sociais e os posts feitos pelas amigas o negócio espalhou e o que seria uma aula multiplicou. Ano passado foram oito turmas sendo que cada uma tem duração de um mês e Lili descansa de duas a três semanas antes de começar novo curso.


Amante da cozinha, como ela mesma se define, gosta de preparar um cardápio completo para cada aula que dá. A mais recente foi de uma ceia para o Natal que contemplou de tira-gosto um espetinho de lichia com queijo chevre; duas entradas, sendo um creme brulée de gorgonzola com pera caramelizada e uma salada de peito de peru com melão e maçã; e dois pratos principais: bacalhau com natas e tender com caramelo de abacaxi e farofa natalina. De sobremesa uma minipavlova de limão siciliano com frutas vermelhas e um brigatone, que é a mistura de panetone com brigadeiro de laranja com gengibre e brigadeiro trufado, regado com calda de laranja.

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