Craque na massa, Amélia adquiriu o costume de presentear amigos com os bolos. “Meu laboratório era doméstico. Não havia conhecimento técnico formal. Apenas comecei a desenvolver uma receita autoral, um falso pão de ló, a base de farinha, ovos, leite, e um pouquinho de gordura (margarina ou manteiga). Receita simples, porém bastante trabalhada, tanto na composição quanto na mistura e no forno. Minha contra partida ao presentear era pedir uma fatia para que pudesse avaliar o meu trabalho. Com isso, fazia alterações, fui aperfeiçoando a massa”. Com a ideia de incrementar as receitas, ela começou a buscar recheios e coberturas diferenciadas e assim descobriu, via web, a técnica flower cake. “Aqui, no Brasil, as pessoas confeitavam flores em pasta americana, mas vi na técnica à base de chantili de leite em pó ou de buttercream (creme de manteiga translúcida) a oportunidade de criar um produto novo”.
Autodidata, ela pesquisou muito, principalmente observando imagens. “Ficava horas contemplando as flores, a profundidade das peças, e aprendi a reproduzir as formas. Nisso levei um bolo confeitado para a academia, era uma quinta-feira, e todos ficaram encantados. Tanto que, para o sábado seguinte, recebi a encomenda de dez bolos. E isso em Novo Progresso, cidade do interior paraense, com população de apenas 20 mil habitantes. Dali o negócio só cresceu, comecei a atender aniversários, batizados, casamentos e a fornecer para uma confeitaria.”
Com o boca a boca em torno da habilidade e a exposição dos produtos em redes sociais, Amélia ficou mais e mais conhecida. Logo, buscou especialização na Europa, em cursos na cidade de Barcelona, Espanha, e tornou-se especialista na técnica que usa creme de manteiga translúcido para confeitaria. Nessa altura, já reproduzia rosas, crisântemos, folhagens, botões, pequenas esculturas comestíveis. “O preparo é clássico, mas há peculiaridades nas técnica coreana e europeia. Misturo um pouco das duas e, hoje, faço mais de 20 tipos de flores”, conta.
De volta à terra natal, surgiu a demanda para que ensinasse a técnica. “ Em março do ano passado, comecei a dar aulas. A primeira, em Goiânia, contou com 12 alunos. De lá para cá não parei mais. No curso, ensino o percurso para desenvolver jardins florais, a partir de um método próprio. Sem falsa modéstia, atualmente no Brasil não existe nenhum trabalho que tenha a qualidade técnica do meu, minhas flores já são conhecidas por diversos confeiteiros coreanos”, registra.
Uma Doce virada
Mestre na arte de modelar orquídeas, peônias e outras flores de creme comestível, Amélia ganhou fama ministrando cursos no Brasil e no exterior. Amanhã, ela desembarca em BH para ensinar a técnica no Espaço Cupfit, nos cursos Flower cakes em chantininho e em new glossy. Daqui, percorre o país para compromisso da agenda, já fechada até outubro. “Estou vivendo disso. Meu marido deixou a engenharia para ser meu sócio na empresa de treinamento que fundamos. Principalmente nessa crise que o país atravessa, o design de flores pode significar uma mudança de vida”, acena.
Apesar da trajetória ainda recente, Amélia acredita que já formou cerca de 5 mil pessoas, incluindo novatos na área. “Recebemos iniciantes, pessoas que estão pela primeira vez em uma bancada de cozinha. E mesmo estes já conseguem fazer um bolo floral inteiro com duas aulas, pois ensino atalhos que facilitam o processo”. A professora explica ainda que o curso que ministra é de padrão internacional, em módulo único, e baseado em técnicas básicas de confecção de flores com bico de confeitaria.
No mais, se diz realizada com a descoberta da doce habilidade. “Aprendi duas coisas importantes nessa virada: nunca podemos achar que a vida está saturada, que já deu. A partir da curiosidade e do desejo de ocupar um tempo ocioso em casa, encontrei um caminho profissional no qual sou plenamente feliz, pois sempre quis criar, gostei de arte, do trabalho manual. Hoje, penso que a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, sempre existe a possibilidade de mudar. O mundo floriu pra mim”.
Mané pelado goiano
Ingredientes
800g de mandioca ralada e espremida (comprimir para retirar o líquido, deixar ainda úmida), 5 ovos em temperatura ambiente, 2 colheres de sopa de manteiga, 1 xícara de queijo “curado” ralado, 1 xícara de óleo de soja, 1 xícara de açúcar refinado, 1 colher de sopa de fermento em pó químico, 1 xícara de suco de laranja, canela em pó a gosto. Pode-se adicionar também, opcionalmente, 50g de coco ralado.
Modo de fazer
Bata as claras em neve na batedeira e reserve separadamente. Coloque na batedeira limpa as gemas, o açúcar, o óleo e bata vigorosamente; adicione em seguida a mandioca, a manteiga, o queijo ralado e o suco de laranja (bater menos, apenas para incorporar). Por último, insera as claras em neve e o fermento. Distribua a massa em um tabuleiro retangular de 30X23cm (comprimento e largura) e 5cm de altura e leve ao forno a 180° até ficar levemente douradinho. Depois de assado, polvilhe canela ou açúcar refinado, conforme desejar. Pode ser decorado com lascas de cocada de coco queimado.
.