“A ideia sempre foi ser itinerante, a gente queria essa coisa nômade. Todos os anos, mudávamos de lugar para dar outra cara ao Paco, mas sem perder a essência. A partir de 2000, quando houve o incêndio no extinto Canecão Mineiro e ficou mais complicado conseguir alvará, a gente acabou adotando sede mais fixa”, explica o produtor cultural e empresário Paco Pigalle.
O bar do marroquino é um dos heróis da resistência da noite de BH. Passa ano e entra ano, ele continua firme e forte, mesmo que o público não seja o mesmo. “Casa noturna não tem muito segredo. A cerveja é a mesma, a proposta é parecida, mas o que faz a diferença é a música. Sempre fizemos questão de apresentar os mais variados gêneros de todos os cantos do mundo. Quem frequenta o Paco Pigalle sabe: não vai ouvir nem a música da moda e nem o sucesso no rádio
Paco diz que os estabelecimentos duradouros de BH passaram a receber filhos e até netos dos clientes pioneiros. É o caso do Tip Top. Um dos bares mais antigos da cidade, ele foi fundado em 1929 pela tcheca Paula Huven e seu marido, o romeno Adolfo Huven. Inicialmente, funcionava como mercearia, no Centro (Rua Espírito Santo, quase esquina com Avenida Afonso Pena), vendendo de tudo um pouco.
Depois de passar 42 anos naquele local, o Tip Top se mudou para a Rua Rio de Janeiro, entre Avenida Bias Fortes e Rua Gonçalves Dias, em Lourdes
A fiel turma que frequenta o Tip Top foi ampliada com a chegada dos clientes novatos. “Acontece muito de a avó vir com os filhos e netos. É um lugar muito tradicional, temos profissionais que estão aqui há anos, conhecem todo mundo”, comenta Cleusa Silva.
Um dos dias mais disputados é o domingo, sobretudo no almoço. Entre os pratos de sucesso estão o filé à milanesa com salada de batata (R$ 43) e o filé à parmegiana (R$ 46). “Mesmo mudando de direção ao longo de quase 90 anos, a casa só foi administrada por mulheres. Quem sabe o motivo para durar tanto esteja aí?”, brinca ela.
“Todo mundo gosta de receber tratamento mais pessoal, um cuidado maior, uma confiança. BH é uma cidade difícil de você se manter, mas quem trabalha duro, sabe fazer direito e procura se reinventar acaba resistindo. Não dá pra ficar na zona de conforto”, defende.
O bar vai completar 25 anos em 2017. Para celebrar a data, uma grande festa está planejada para julho, na casa de shows Hangar 677, no Bairro Olhos d’Água.
JOGOS Quem também está comemorando bodas de prata é o Soho Orbi, que fica na Rua Tomé de Souza, no Funcionários. Assim que voltou de uma temporada de Nova York, o bailarino Fabio Ferreira Pinto criou um espaço que homenageava o famoso bairro nova-iorquino. “No começo, não tinha muito movimento e alguns amigos trouxeram jogos. Começamos a virar um lugar para as pessoas jogarem. Passei a comprar jogos também. Não foi intencional, mas o Soho acabou conhecido como o bar onde você pode disputar jogos de tabuleiro”, relembra.
Outro diferencial é a famosa “montanha” de batatas fritas, com vários temperos. “Queria um prato grande, que tivesse muita coisa e chegasse a despencar. Foi assim que a ideia surgiu”, conta Fabio. Aliás, às quintas-feiras, tem degustação de batatas fritas (chips e palito) e assadas, com direito a refil de refrigerantes e jogos liberados. O pacote custa R$ 38. “Deu certo porque me dedico muito. Estou aqui todos os dias. É como aquele ditado: o olho do dono engorda o gado”, diz o sócio do Soho.