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Sabor de outros tempos

Pequenos empreendedores abrem mercadinhos charmosos e com diversidade

BH recebe estabelecimentos com uma variedade de produtos regionais e caseiros

Mariana Peixoto
O nome pode variar: armazém, quitanda, empório.
Mas a ideia é a mesma: estabelecimentos com uma oferta grande, ainda que em pequena quantidade, de produtos artesanais bastante selecionados. De uma maneira geral, eles vêm de pequenos produtores, que trabalham no esquema da agricultura familiar. É o mercado fora do mercado. As pequenas lojas e cafés vêm ganhando as ruas de Belo Horizonte nos últimos anos. E, ainda que a premissa seja semelhante, cada uma traz sua própria particularidade.

O mais novo da turma, no Funcionários, é o Mercado do Praça, inaugurado há 15 dias. O boa praça desta história é Paulo Leite Praça. Com raízes no interior de Minas (sua família é de Pium-hi, Centro-Oeste do estado), ele trouxe parte dessa bagagem para a loja de 200m2 – inclusive os objetos que decoram a parte destinada ao café, com máquina de costura, de moer e ferro de passar da antiga fazenda de seus antepassados.

Todos os produtos vendidos ali são mineiros: biscoitos de São Tiago, conhecida como a “cidade dos biscoitos”; mel da Serra da Canastra; vinhos de quatro vinícolas do Sul do estado.
A diversidade de queijos é grande, mas o que chama mesmo a atenção é a goiabada cascão dentro de uma bandeja que comporta 30 quilos do doce.

Na linha de geleias e antepastos, encontra-se também o gelée. Parente da geléia, como contém menos polpa, sua consistência é semelhante à da gelatina. Pode ser de tomilho, alecrim, manjericão (R$ 30 o pote, do Antepasto ETal). Da mesma marca, há ainda antepastos de figo turco e chutney de pera asiática a R$ 40, cada).

Como seu espaço é grande, o objetivo, a curto prazo, é abrigar na área externa nos fundos da loja uma sanduicheria. A intenção é produzir uma linha de embutidos que, em breve, será a base dos sanduíches e serão vendidos no mercado – que ainda aguarda a chegada de farinhas e temperos. Por ora, outra atração da loja é um espaço expositivo dedicado ao artesanato – os objetos atualmente vendidos são uma parceria com o Mãos de Minas.

Na região da Savassi está a Casa de Maria. Iniciativa de mãe e filha, Mariluze e Elizabeth Menezes, comemora neste domingo dois anos. A celebração, das 12h às 18h, não poderia ser outra que uma festa junina, com todos os pratos típicos e degustação de produtos.

“Quando abrimos, buscamos trazer o que se chama de memória gustativa”, afirma Elizabeth, formada em gastronomia e responsável pela produção da loja. O espaço funciona como café, restaurante (o cardápio do almoço e lanche muda sazonalmente) e empório. Elizabeth selecionou produtos que são referência para o empório.

A mostarda é a da marca Milagre de Minas, de Ouro Preto, o mel é de Dom Joaquim; o doce de leite de São Bartolomeu e por aí vai. A partir desses produtos, ela cria suas próprias iguarias: bolo de mel, de amoras, biscoito amanteigado, antepastos, conservas. O açúcar é cada vez menos presente (seu pavê de doce de leite é de comer de joelhos) e, a cada temporada, dependendo dos produtos disponíveis, ela oferece novas delícias.

“Por uma necessidade de diminuir custos começamos também a produzir os pães”, conta Elizabeth. O tradicionalíssimo pão sovado (R$ 12) é um dos sucessos do empório, assim como bolo de cenoura com canela (R$ 25, 800gr).

Outro espaço que está entrando em clima de aniversário é o Empório do Carmo.
Localizado atrás da Igreja do Carmo, foi inaugurado em 16 de julho de 2015, dia de Nossa Senhora do Carmo. Há quase dois meses, a proprietária, Paola Gauzzi, criou um jardim na entrada da loja. Um tapetão verde, rodeado de flores, chama a atenção do passante para a pequena loja na movimentada Rua Grão Mogol.

Formada em turismo e agronomia, Paola diz que “tem um pé na roça há um bom tempo”. Para abrir o empório, visitou pessoalmente todos os seus fornecedores. São pelo menos 30 produtores de Minas (a grande maioria da oferta), São Paulo, Rio e Goiás. O campeão da loja é a linha de geleias e conservas da marca A Senhora das Especiarias, de Gonçalves, Sul de Minas (os preços variam de R$ 21 a R$ 37).

São antepastos variados, de abobrinha e shiitake, entre outros, e geleias alcoólicas (de caipirinha e diferentes tipos de vinho). Para o consumidor, todos os produtos podem ser degustados no local. Outro produto bem procurado é o catchup da marca paulista Strumpf (R$ 24,90), com três tipos (do muito, muito apimentado e defumado). Há opções veganas, vegetarianas e uma linha de artesanato.

Como cada loja traz uma particularidade, a do Quitand’arte, na Savassi, é o bolo. Mas não um qualquer: o campeão é o bolo de coco cremoso.
Daquelas delícias de comer até se esbaldar, é um dos itens que não pode faltar na produção diária da loja.

Criada há três anos por Iara Rodrigues, o Quitand’arte nasceu com a intenção de reinventar a quitanda e adaptá-la aos dias atuais. “Tentamos diminuir o açúcar e até tirá-lo de alguns produtos. Também trocamos o óleo pelo azeite. E cuidamos muito da aparência (dos produtos) que, antigamente, eram mais rústicos”, comenta.

Como a linha de bolos é o carro-chefe, existem 15 diferentes sabores. Uma dica: quem comprar um bolo às quintas, ganha 20% de desconto. Só que você pode pegar o bolo no dia que quiser. Desta maneira, o de coco cremoso cai de R$ 26 para R$ 20,80 e o de laranja de R$ 16 para R$ 12,60 (cada um tem oito fatias). Para comer no local, há lanches disponíveis (biscoito e pão de queijo, broa de fubá, canudinho de doce de leite e algum bolo, além de café coado na hora, chá e suco).

Néctar do Cerrado
Mercado do Cruzeiro, Rua Ouro Fino, 452, loja 2B, (31) 99935-4596
Funcionamento às segundas, das 10h às 14h; terça a sábado, das 8h às 18h; domingos e feriados, das 8h às 13h
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