'La Liste', resposta francesa ao '50 Best Restaurants', consagra chef franco-suíço

'Ranking dos rankings' avaliou cerca de 200 guias gastronômicos internacionais envolvendo 48 países

por AFP 12/12/2015 12:46
 AFP PHOTO / MARCEL GILLIERON
Benoit Violier, chef do restaurante suíço do Hôtel de Ville (foto: AFP PHOTO / MARCEL GILLIERON )

O Restaurante do Hôtel de Ville, em Crissier, na Suíça, lidera "La Liste", uma classificação das "mil mesas excepcionais" em todo o mundo produzida pelos franceses em resposta ao controvertido ranking britânico "50 Best". Neste "ranking dos rankings", elaborado pela compilação dos resultados de cerca de 200 guias gastronômicos internacionais, 48 países estão representados. O Japão encabeça a lista em termos de número de restaurantes presentes na seleção, seguido pela França e Estados Unidos.

No topo do top 10 revelado neste sábado pelos organizadores, o restaurante três estrelas do chef franco-suíço Benoît Violier, localizado perto de Lausanne, chega à frente do nova-iorquino Per Se, outro três estrelas Michelin do chef americano Thomas Keller. Filho de vinicultor, Benoît Violier, de 44 anos, coroado chef do ano em 2013 pela edição suíça do Gault&Millau;, é um apaixonado por caça e especialista nesse tipo de preparação.

O restaurante Kyo Aji, de Tóquio, aparece em terceiro lugar nesta lista liderada pelo diplomata francês Philippe Faure, igualmente presidente da Atout France, órgão que promove o turismo hexagonal.

A ideia desta lista, que se compara ao ranking ATP do tênis ou a classificação das universidades de Shangai, nasceu em resposta à crescente influência do polêmico ranking britânico "World's 50 Best Restaurants". Muito criticado por seus métodos obscuros e clientelistas, dá um espaço reduzido aos chefs franceses, regularmente ausentes do seu top 10.

Já no "La Liste", cinco chefs franceses se destacam. Além de Benoît Violier, as dez primeiras mesas incluem Guy Savoy (4º), Troisgros (8º), Auberge du Vieux Puits de Gilles Goujon (9º), e o restaurante em Tóquio de Joël Robuchon (10º). Este último, o chef mais estrelado do mundo, é o que mais tem restaurantes citado no "la Liste", seguido por Alain Ducasse e Pierre Gagnaire.

O Celler de Can Roca (Espanha), sagrado melhor restaurante do mundo pelo "50 Best" em 2015, aparece em 6º no "La Liste". Mas o dinamarquês Noma, várias vezes número um na classificação britânica, aparece apenas em 217º lugar.

'Subjetivamente objetivo'

Nas 1.000 mesas classificadas, o Japão conta com 127 restaurantes, a França 116, os Estados Unidos 97, a China 73. Espanha, Alemanha e Itália vêm atrás com com cinquenta estabelecimentos cada. As avaliações dos sites participativos são responsáveis por 25% da nota final, que tem como critérios a qualidade da comida, serviço, funcionários, a adega.

"É o espelho de uma enorme diversidade. É óbvio que existem grandes nações da gastronomia, mas no final, vemos que todos os continentes estão representados", comentou Thibaut Danancher, colunista de gastronomia no jornal francês Le Point e vice-presidente do "La Liste", descrevendo-a como "subjetivamente objetiva". "Quando olhamos detalhadamente para a lista, vemos que muitos chefs são filhos de cozinha francesa", ressaltou por sua vez o jornalista alemão Jörg Zipprick, outro membro da equipe organizadora.

A lista completa será anunciada em uma cerimônia de premiação em 17 de dezembro, na sede do ministério francês das Relações Exteriores, na presença de Laurent Fabius, o chefe da diplomacia francesa, que também tem a tutela sobre o setor do turismo.

Os organizadores, que se defendem de qualquer "nacionalismo gastronômico", dizem ter recebido nenhum dinheiro público para esta iniciativa.

Refutando as críticas ao "50 Best", o organizador do ranking britânico, William Drew, ressaltou os esforços feitos para que a sua lista "fosse tão justa e democrática possível".

"Nossa lista é global, com base nas opiniões de cerca de 1.000 especialistas, e monitorada pela empresa de auditoria Deloitte", afirmou. "Nós não estão vinculados a qualquer país ou governo", assegurou, dizendo sobre o "La Liste" que "a objetividade em matéria de gosto é impossível."

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