Em paralelo, houve problemas no fornecimento da pasta de pistache, matéria-prima industrializada e essencial para a produção do sorvete, em grande parte importada da Itália. Casas que trabalhavam com o produto certificado de Bronte, cidade italiana por muitos considerada como produtora do melhor pistache do mundo, foram as que mais sofreram. Além do alto preço (quase R$ 700 o quilo), é um produto um tanto escasso, uma vez que a cidade é pequena e a Itália nem é dos maiores produtores do fruto em quantidade.
Na Goccia di Latte, que também trabalha com a pasta do fruto de Bronte, o pistache saiu da vitrine há dois meses e não há previsão de retorno, mesmo panorama informado pela Lullo. “A falta é no Brasil inteiro. O pedido feito pela Fabbri, que importa o produto, está preso na alfândega e já me deram três prazos de entrega diferentes. Desisti de ligar”, desabafa Adriano Bitti, um dos proprietários da Goccia di Latte. A MEC3, que também importa o ingrediente, estaria com o mesmo problema.
Para não deixar faltar a bola preferida de muitos belo-horizontinos, alguns proprietários de gelatarias da cidade abriram mão da pasta certificada. Foi o que fez Luca Lenzi, da Mi Garba, que atualmente usa pistache italiano da Sicília. “Experimentei um californiano muito bom, mas dou preferência ao italiano. A diferença de sabor depende muito da torra do fruto. Reconhecer a diferença entre um iraniano e um californiano é difícil, talvez eu não consiga, mas o de Bronte é inconfundível”, afirma Lenzi. Assim que possível, voltará a usar a variedade de Bronte. Lá, o copo custa R$ 10 (tamanho menor).
Manobra Estimulada pela concorrência dessas gelaterias, Andrea Manetta, proprietária da Alessa, acaba de testar com seu mestre sorveteiro, o italiano Mario di Rauso, cinco receitas que têm como base pastas importadas das marcas Fabbri e PreGel. Elegeram a segunda, à qual acrescentaram pistaches caramelizados, receita que passará a ser oferecida ainda este mês (R$ 10 uma bola). A receita anterior da casa, de cor e sabor diferentes do padrão italiano, será mantida. “Não vamos tirá-lo agora, pois muitos clientes vêm aqui só por causa dele”, diz ela.
Situação semelhante é a da Easy Ice, onde a proprietária Juliana Scucato também optou por continuar produzindo a antiga versão do pistache, enquanto tomou providência para ter uma segunda opção, com sabor mais parecido com o dos italianos (R$ 68,90 o quilo). Apenas na loja de Lourdes o freguês encontra a versão elaborada com pasta mais simples da Fabbri. “O mercado está mudando, mas não posso tirar o sorvete que vendo bem, pois há quem goste dele assim. Inclusive, vendo mais do antigo”, afirma ela.
ONDE IR
>> Alessa
Rua São Paulo, 2.112, Lourdes, (31) 3292-2588. Aberto de domingo a quinta, das 13h à 0h; sexta e sábado, das 13h às 2h.
>> Easy Ice
Rua Curitiba, 2.244, Lourdes, (31) 3281-0861. Aberto de terça a domingo, das 11h às 23h.
>> Goccia di Latte
Avenida Álvares Cabral, 1.039, Lourdes, (31) 9814-8614 e (31) 9605-9056. Aberto diariamente, das 11h às 23h.
>> Lullo
Rua Antônio de Albuquerque, 617, Savassi, (31) 3565-0625. Aberto de domingo a quarta, das 11h às 22h; quinta a sábado, das 11h às 23h.
>> Mi Garba
Rua Marília de Dirceu, 161, Lourdes, (31) 2516-7056. Aberto de domingo a quarta, das 11h às 22h; de quinta a sábado, das 11h às 23h.