Matusalem ocupa as instalações onde funcionou por muito tempo o bar Redondo

Casa se mudou do bairro Planalto, onde o movimento caiu por conta do desabamento de viaduto, para a orla da Lagoa da Pampulha

por Eduardo Tristão Girão 02/01/2015 08:40
Fotos: Paula Huven/Esp. Em/D. A Press
Moqueca de lagosta, prato da casa comandada por Matusalem Gonzaga (foto: Fotos: Paula Huven/Esp. Em/D. A Press)
Não foi um ano fácil para o chef Matusalem Gonzaga. Ele escapou de um câncer e viu o movimento de seu restaurante, no Bairro Planalto, minguar por conta da queda do viaduto Batalha dos Guararapes, próximo de lá. Há pouco menos de um mês, reabriu a casa (que leva seu primeiro nome) em seu terceiro endereço na cidade desde 2007: o ponto é nada menos o do extinto bar Redondo, de frente para a Lagoa da Pampulha. Mesmo com algumas mudanças no cardápio, a especialidade continua sendo a comida baiana.


“Aqui é outra vida. Entra gente o tempo todo, inclusive estrangeiros. Só de coco, vendo uns 120 por dia”, comemora Gonzaga. Mineiro de Coronel Fabriciano, tornou-se cozinheiro em BH. Estudou no Senac (na época do francês Lucien Iltis), faxinou a cozinha de hotel Othon Palace, passou por casas da rede Alpino e, durante cinco anos, atuou no Vecchio Sogno. Em 2000, foi para Salvador trabalhar com a chef Dadá e, um ano depois, abriu na capital baiana a primeira versão do Matusalem. Durante esse período, aproveitou para conhecer dona Canô e receitas regionais de Santo Amaro, onde morava a mãe de Caetano Veloso.

Ele voltou para a capital mineira em 2007, transferindo o restaurante para o Bairro Santa Amélia, do outro lado da lagoa. De lá para cá, serviu aos belo-horizontinos alguns dos pratos mais conhecidos da cozinha baiana, como o bobó de camarão (R$ 98, para duas pessoas), que prepara não com a mandioca cozida e amassada até virar purê, mas ralada e incorporada ao leite de coco com temperos, mexida por horas em fogo baixo. Detalhe: o óleo de dendê é usado só na finalização das receitas, sempre fora do fogo. Na cozinha, ele conta com a mulher Cleusa e o filho Moisés.

Moquecas são 10: de peixe a lagosta, passando por polvo, siri catado e camarão, com preços em torno de R$ 100 (para duas pessoas). Entre outras opções de pratos para compartilhar (algumas pouco ou nada baianas), estão o peixe grelhado ao molho de camarão (R$ 92), o polvo com risoto de palmito pupunha (R$ 102), os camarões cozidos na polpa de coco e servidos no interior do mesmo com frutas variadas (R$ 122), o lombo com tropeiro e couve (R$ 65) e o filé a parmegiana com arroz e purê de batata (R$ 74).

Manga ubá A carne de sol servida com mandioca (R$ 28) é preparada com chã de dentro, mas a maior parte dos ingredientes é mensalmente trazida da Bahia pelo próprio Matusalem, num bate-volta de carro por Salvador (dendê e camarão seco), Santo Amaro (crustáceos e mariscos), Nazaré das Farinhas (farinhas) e Valença (camarão). É assim que consegue manter no cardápio itens como as casquinhas de ostra de madeira (R$ 21) e de aratu (R$ 19), o caldo de gorogondé (R$ 16) e a porção de siri mole à dorê (R$ 62).

Para sobremesa, há cocada branca e preta feitas no local (R$ 11, cada), além de pudim de milho verde (R$ 9). Com sorte, o pé de manga ubá que há ali ainda estará carregado – não custa perguntar ao chef se é possível comer algumas. Para beber, chope (R$ 5,50), cervejas (a partir de R$ 8, garrafa de 600ml) e 30 rótulos de vinhos (a partir de R$ 39, garrafa). No momento, está sendo finalizada pequena obra para instalar barraca de acarajé (R$ 8, unidade) na entrada do restaurante.

Matusalem

Avenida Otacílio Negrão de Lima, 878, Pampulha, (31) 3447-9973 e (31) 3327-9973. Aberto segunda, das 11h30 às 15h; terça a sábado, das 11h30 à 0h; domingo, das 11h30 às 17h.

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