Antes, os porcos eram seus ilustres caçadores, mas davam muito prejuízo. Era difícil contê-los, pois também queriam degustar a guloseima. Hoje, várias raças de cães são transformadas em “vira-trufas”, pois elas são perfeitos farejadores. Não as comem, porque são treinados a preferir recompensas “melhores” após cada trufa apresentada.
Vale lembrar que trabalhar a trufa não demanda técnica ou destreza. O complicado e talvez um pouco “indigesto” é consegui-la. No Brasil, só é possível degustar essa maravilha de duas formas: frescas, de outubro a dezembro, quando restaurantes mais requintados as importam e promovem festivais (caríssimos). Ou pelo menos caro caminho de se aproximar do sabor da iguaria. Inteira, em conserva, que é o tartufo estivo intero; em fatias, que é o tartufo estivo a fette e a salsa tartufata. Ou pelos derivados, como o creme de tartufo negro e o creme de tartufo branco. E ainda diversos produtos mais em conta e trufados são facilmente encontradas como risotos, massas, polentas, queijos, sal, manteiga, mel e azeite. Este último, às vezes, é aromatizado sinteticamente e por isso, é preciso moderação, pois o uso exagerado pode conferir sabor industrializado e resultado contrário ao esperado.
No passado, trufas eram cozidas sob cinzas e consumidas com mel, por isso deve ser hoje o mel de trufas tão apreciado. Bem... As trufas demandam preparos simples e para manter sua intensidade devem ser laminadas sobre o prato pronto, e de preferência na frente do comensal. Ou no máximo nos últimos momentos da preparação, pois se cozinharem por muito tempo perdem suas qualidades. Uma das melhores maneiras de apreciá-las é quando meramente laminadas sobre ovos. De qualquer maneira. Fritos, mexidos, poché , mollet ou omelete. Ingrediente que, além de maravilhoso, é barato e compensa o peso em ouro da trufa. Francamente! Essa mistura perfeita vem para evidenciar a existência de Deus.
Essa iguaria foi honrosamente nomeada como o “diamante da cozinha” por ninguém menos que Brillat-Savarin, um dos mais famosos gastrônomos franceses de todos os tempos. Dizem que são dele as palavras: “A trufa não é um afrodisíaco efetivo, mas em certas ocasiões é capaz de tornar as mulheres mais carinhosas e os homens mais gentis.” Se é verdade, não importa! Importa que a trufa é sinônimo de gosto inconfundível e é demarcada por três verbos com que certos alimentos definem suas próprias performances: sofisticar, diferenciar e viajar. Segundo apreciadores das trufas, existem depoimentos que sugerem misteriosas experiências quando em contato com seu aroma peculiar, o que vem explicar o porquê da trufa motivar “viagens”. Acredite no efeito de lâminas de a trufas, preferencialmente frescas, sobre uma omelete... É mesmo entorpecente! Ou entorpecedor? Não importa, viaje nesse sabor!
Omelete de trufas
Ingredientes
4 ovos, sal a gosto, pimenta moída a gosto,1 pitadinha de açúcar, 15g de cebola picadinha, salsinha e tomilho a gosto, 50g de champignon-de-Paris pré-preparado, Gruyère fatiado a gosto,15g de manteiga, 15g de azeite, 20ml de creme de leite fresco, 2 trufas
Modo de fazer
Bata os ovos com sal, pimenta, açúcar, cebola, salsinha, tomilho, champinhom e Gruyère. Em uma frigideira de boa qualidade, coloque a manteiga e o azeite. Coloque a mistura de ovos e em fogo baixo deixe começar a aglutinar. Misture com uma espátula e coloque o creme de leite para suavizar a cocção. Coloque toda a mistura bem no canto da frigideira e vá batendo no cabo para que vá formando um rolo. Não é preciso cozinhar muito, pois o miolo da omelete deve continuar cremoso. Quando tiver na cor desejada, retire da frigideira e coloque no prato. Com o laminador próprio, lamine as trufas e sirva imediatamente. Se quiser, com um fio de um bom azeite trufado. Viaje nesse sabor Dilucious !