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Do fruto se aproveita tudo. A polpa é usada em doces, o leite que se extrai é ingrediente para o preparo de moquecas e outras delícias. A água tornou-se refresco natural dos mais cobiçados não só nas praias, como também em qualquer centro urbano brasileiro, onde não há nenhum coqueiro por perto. Até mesmo a casca é aproveitada, para confecção de cuias, cumbucas e cabaças. “Tantas e muitas outras propriedades vão nascer do coco e servir para receitas e muitos outros usos culinários, estéticos, artesanais. Os prazeres do coco só estão começando, pois temos de comer sua carne in natura e continuar nesse exercício de tropicalização”, escreve o autor.
Moquecas, vatapás e outros pratos típicos da Bahia ganham sabor com o leite de coco. O fruto também integra receitas com camarões, bacalhau e outros peixes. Pode ser usado ainda na massa da tapioca, iguaria muito difundida no Nordeste. “A tapioqueira é, sem dúvida, uma grande difusora da comida de coco: a tapioca tradicional tem na sua receita o coco ralado, embora se também se faça tapioca apenas com a goma”, lembra o autor. Segundo ele, embora esteja presente nas culinária nordestina, o fruto é uma iguaria disseminada e apreciada de norte a sul. O autor ressalta que as receitas com coco representam em sabor e estética a imagem do paraíso.
O livro retoma a importância do ingrediente na cozinha e mostra também como ele está presente na cultura e no imaginário brasileiro. O autor demonstra que, ao falar sobre a formação da identidade do povo, a importância do coco já havia sido lembrada por outros pensadores. “Gilberto Freyre, na construção do seu olhar e sentimento tropicológico, sempre valorizou o coco-da-índia presente nos cardápios identitários do Nordeste, bem como de outras regiões, pois o fruto tem função amplíssima na gastronomia, na saúde e na cosmetologia”, afirma.
Não se sabe ao certo como o coco veio para o Brasil. Pode ter chegado trazido ao litoral por correntes marítimas. “Ele dura muito tempo em bom estado de conservação. Então pode ter vindo pelo mar”, diz Raul. Outra teoria é que tenha sido trazido por navegadores portugueses nos séculos 15 e 16, durante as grandes navegações. Na época, tanto usado como alimento quanto as fibras da carapaça eram usadas para tecer as cordas dos navios. “O coco estava completamente integrado à atividade econômica das navegações”, pontua Raul.
O coqueiro é visto por orientais como a árvore do paraíso, uma vez que oferece ao homem tudo o que ele precisa: tanto o fruto quanto a palmeira têm diversas utilidades, desde o consumo na alimentação até usos artesanais e na confecção de objetos. Uma corrente de botânicos defende que o coco tem origem no Sudeste Asiático e nas ilhas da Polinésia. Mas há também teorias de que o coqueiro poderia já estar na América, em especial no Caribe, antes da chegada de Cristóvão Colombo à região. “O certo é que o coco se espalhou pelo mundo. Em países como a Filipinas e Malásia, ele é como o feijão é para nós. No Ocidente, certamente o uso do fruto no Brasil se destaca, porque integra inúmeras receitas”, diz.
Cocada
Polpa ralada de 4 cocos grandes, 900g de açúcar, 1l de água,1 colher (chá) de essência de baunilha
Modo de fazer
Os cocos são ralados. Faz-se uma calda com água e açúcar em ponto de pérola e adiciona-se o coco, mexendo-se até engrossar e ficar em ponto de bala, quase sólido. A massa ainda quente é acrescida de baunilha. Tudo é colocado em uma tábua, e, então, essa massa é recortada com uma faca em diferentes formatos.