Se em matéria de café o que se observa hoje é uma complexidade aparentemente sem fim, o mesmo não pode ser dito do chá: Belo Horizonte ainda está na era dos saquinhos com fins meramente diuréticos, calmantes e digestivos. Não é toda casa que oferece a bebida no cardápio e, quando o faz, raramente especifica qual é ou mantém boa variedade em estoque. A inauguração do Thé Caffe, justamente por isso, chama a atenção: aberto semana passada na Savassi, tem no chá e no café suas especialidades, sendo que a variedade de tipos do primeiro impressiona.

Se você procurar por cidreira, camomila ou erva doce na carta de chás da casa, não vai achar. Em compensação, há outras quase 50 variedades – importadas de cerca de 10 países –, cada uma acompanhada por breve descrição, indicando origem, composição e propriedades. “Toda hora é hora de chá e é possível encontrar um chá para cada tipo de pessoa. Não tem erro. Sem falar nos benefícios para a saúde. Quanto mais estudo, mais fico apaixonada”, diz a proprietária Roberta Mesquita, que é formada em letras, mas nunca atuou nessa área. Essa paixão, acredita, tem a ver com o fato de ser filha dos fundadores da L’aqua di Fiori: “Fui criada nesse ambiente de aromas essências”.

A ideia de montar de montar uma casa como essa se tornou certeza depois de uma viagem que fez a Nova York, onde visitou a Subtle Tea, loja dotada de grande carta de chás. Iniciou pesquisas, entrou em contato com fornecedores e ocupou o ponto da Nossa Livraria, na Avenida do Contorno. Com capacidade para 50 pessoas, a casa é decorada com sobriedade e tons claros, contando com pequeno segundo andar, próprio para reuniões e momentos de trabalho. Há também videogame e brinquedos para crianças.

Flores, folhas, brotos, galhos, ervas, frutas e especiarias entram na composição dos chás, resultando em grande painel de cores, aromas e sabores. Exemplo é o de rosa mosqueta com flor de hibisco, que tem cor rosada e paladar ácido. Apresentados como exclusividade da casa, os blooming teas são chás feitos com flores secas que “desabrocham” em contato com a água. Os preços variam entre R$ 4,60 e R$ 11,90, dependendo do tamanho e tipo.

CRIAÇÕES Já o café usado no local é da marca Mirand’ouro, produzido no Sul de Minas. A partir dele são preparados desde expresso (R$ 2,90) a pedidas mais elaboradas, criadas pela própria Roberta, como o tiramisù (expresso tirado sobre chantilly de mascarpone; R$ 4,80) e o macchiato com raspas de limão e de laranja (R$ 4,40). Além da proprietária, a casa conta com dois baristas: Rosa Gabriela Paiva e Osnei Cesarino. Um segundo blend de café (que muda semanalmente) está sempre disponível na cardápio – o desta semana é o Piatã, do Sul da Bahia. A casa serve quitutes doces e salgados próprios para café da manhã ou lanche.