Comida di Buteco aproxima regiões da cidade

E leva botequeiros a bairros que não conheciam

por Eduardo Tristão Girão 23/04/2010 07:00
Jiló empanado com recheio de carnes e queijo do Bar do Rei, no Barreiro
Entre as maiores qualidades que o Comida di Buteco adquiriu com suas 10 edições anteriores, sem sombra de dúvida, está o incentivo para se conhecer os quatro cantos da cidade. Atrás de um petisco de dar água na boca (ou simplesmente curioso), o botequeiro que mora no Santa Mônica, por exemplo, se anima a visitar o Esplanada e o do Barreiro nem acha tão ruim cruzar um pedaço da cidade para chegar ao Palmares. Assim, todos acabam conhecendo regiões que normalmente não costumam visitar, e que podem esconder boas surpresas. Veja os pratos que participam do Comida di Buteco 2010
Numa esquina do Palmares, por exemplo, não muito longe do famoso Bar do Careca (que ficou de fora desta edição), o Adega & Churrasco anda movimentando o quarteirão com seus 200 fregueses por dia. Os motivos de tanta gente por ali estão em duas grandes churrasqueiras: belas peças de costelinha assadas no bafo. Fatiada, ela divide espaço com jiló acebolado na manteiga de garrafa, farofa de bacon e pimenta biquinho (R$ 19,90). É o petisco que representa o bar na edição deste ano, que tem no jiló o seu tema.
Ronney Lacerda abriu a casa em 2001, depois de passar uma temporada desempregado. Nos dois primeiros anos, funcionou apenas como ponto de venda de carne e cerveja; ninguém bebia nem comia nada por lá. Um belo dia, um freguês resolveu aparecer por lá para comer costela de boi no bafo com amigos e o resto da história já dá para imaginar. Eduardo Maya, idealizador do Comida di Buteco, o convidou para participar com esse costelão, mas ele apostou na costelinha. Marinada em tempero que aprendeu em sua Pedra Azul natal, é assada por cerca de duas horas – parte desse tempo no bafo. “E se a carne for congelada, não serve, pois o tempero não entranha”, ensina.
De frente Entre os 41 participantes, há quem esteja mascarando o jiló em receitas, ou seja, dando-lhe usos secundários por receio de desagradar muita gente. Porém, se você quer conhecer um bar que resolveu encarar o “problema” de frente deve se dirigir ao Barreiro, onde está o Bar do Rei. Lá, os proprietários Reinaldo e Vânia Hilbert, apreciadores do fruto, rechearam-no inteiro com mistura de carnes (moída, linguiça calabresa e bacon) e queijo de minas, empanaram e fritaram. Por R$ 16, servem porção desses jilós com legumes em conserva e batata bolinha frita.
“Aceitamos o desafio mesmo. Usamos o jiló como ingrediente principal para quebrar o tabu”, conta Reinaldo. Parte da experiência culinária que têm, ele e a mulher acumularam trabalhando no Bar do Zezé, também no Barreiro, durante as edições de 2005 e 2006 do Comida di Buteco – na sequência, abriram o bar. Além do petisco concorrente, criaram outro inspirado no tema, o trem arretado: linguiça calabresa, peito de frango, torresmo de barriga e almôndega servidos com batata bolinha frita, ovo de codorna e vinagrete de jiló (R$ 26).
Elas Solução semelhante foi encontrada do outro lado da cidade, no Esplanada, onde fica a Churrascaria do Itamar, que participa do evento com contrafilé grelhado, cebola à dorê e vinagrete de jiló (R$ 20,90). Mais elaborado que o do Bar do Rei, o vinagrete da casa leva, além do jiló, cebola, pimenta-biquinho, cogumelo em conserva e azeitona verde. A receita não é do proprietário Itamar Pereira, mas da mulher dele, Heloísa, que explica como teve a ideia: “Não queríamos molho, então, parti para uma salada e cheguei ao vinagrete. Com esses ingredientes, quis dar toque de requinte.”
Também é obra de esposa de proprietário o tira-gosto concorrente do Curin Bar, no Santa Mônica: panelinha de ferro (marca da casa) com moela e linguiça em creme de milho, servida separada da porção de jiló empanado em parmesão com patê de atum (R$ 18,90). Aparecida Fátima é a autora da receita e isso não parece incomodar o marido, Marcílio Furtado, o Curin. “Agora eu só bebo cerveja e experimento petiscos”, comemora ele. O petisco, garante, é ótimo para curar ressaca.
ONDE IR
Adega & Churrasco
Rua Maura, 120, Palmares. (31) 3088-1555. 
Aberto de terça a sexta, das 17h à 1h; sábado, 
das 9h às 20h; domingo, das 9h às 16h.
Bar do Rei
Rua Aladim Correia de Faria, 985, Barreiro. 
(31) 3381-0125. Aberto de segunda a sexta. Das 17h à 0h; sábado, das 11h às 21h; domingo, das 12h às 18h.
Churrascaria do Itamar
Avenida 7 de abril, 874, Esplanada, (31) 3463-6585. Aberto de segunda a sábado, das 18h à`0h.
Curin Bar
Avenida Érico Veríssimo, 2.722, Santa Mônica. 
(31) 3452-7101. Aberto de segunda a sexta, 
das 16h à 0h; sábado e domingo, das 12h às 22h.

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