Bar Maria Aracy aposta na Lei Seca e investe no bairro

por Eduardo Tristão Girão 04/12/2009 07:00
Pedro David/Esp.EM/D.A Press
Exclusividade do Maria Aracy: minilinguiças semidefumadas, enroladas em jiló e empanadas com alho em pó e queijo (foto: Pedro David/Esp.EM/D.A Press)

De vez em quando, a cena gastronômica de Belo Horizonte surpreende com movimentos, de certa forma, inesperados. No início de 2006, por exemplo, o Maria das Tranças, tradicional casa de frango ao molho pardo na região da Pampulha, ganhou filial no Funcionários, do outro lado da cidade. Depois disso, também chamou a atenção a chegada do Chico do Churrasco a Lourdes (a matriz está no Caiçara) e, em breve, será a vez de o bar Vinicius ganhar nova unidade na Cidade Nova, bem distante da primeira, no Sion. O caso mais recente está no Bairro Fernão Dias, onde Renato Costa abriu o Bar Maria Aracy, sua primeira empreitada depois de vender o Ali-Ba-Bar, no Santo Agostinho.

Razões pessoais motivaram a mudança, pois Renato garante que o Ali-Ba-Bar estava indo bem. “Peguei aquele bar muito desmaiado, há uns oito anos. O Comida di Buteco o ajudou demais”, conta. “Há demanda muito grande dos bairros e, com a Lei Seca, a tendência é a botecar perto de casa. Minha decisão também foi focada nisso. Além disso, os bares da região Centro-Sul vivem mais das pessoas de outras áreas, é claro. Nesse raciocínio, percebi que há certo ‘fluxo migratório’ entre as regiões da cidade”, justifica.

Além disso, agrada-lhe a possibilidade de estabelecer outro tipo de relacionamento com os vizinhos, já que seu antigo bar estava cercado por prédios e pela trincheira da Avenida Raja Gabaglia, no Gutierrez. “Bar já não é algo tranquilo para a vizinhança. Se você não tiver postura mais humana e gentil com ela, fica inviável. Estando num bairro, a coisa não relaxa, mas a possibilidade de me tornar amigo do vizinho é muito maior”, acredita. Até julho deste ano, ele também trabalhava como gerente de serviços de uma concessionária. Largou tudo para se dedicar ao bar e às aulas de gastronomia – é discípulo do chef Eduardo Maya, um dos criadores do Comida di Buteco.

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"Belo-horizontino quer botecar perto de casa"
Renato Costa, chef (foto: Pedro David/Esp.EM/D.A Press)
MÃOZINHA

Renato diz que trouxe praticamente nada do Ali-Ba-Bar. De fato, as receitas árabes – especialidade de lá – não estão no cardápio da nova casa. O mais próximo disso é a conserva de berinjela vendida no balcão de frios com outros itens, como batatas picantes, azeitonas, queijos e salaminho (R$ 3,90/100g). O foco dele agora está nas carnes. As de boi, tempera só com sal grosso: picanha (R$ 27,20), picanha nobre (R$ 32,80) e contrafilé (R$ 25,50). Para certos cortes de porco, frango e peixe, usa molho chimichurri (azeite, ervas e pimenta). Sábado tem feijoada (R$ 2,69/100g); domingo, pratos mineiros (mesmo preço).

Petiscos tradicionais não faltam, mas o destaque são as criações de Renato, como a elaborada porção de minilinguiças semidefumadas: enroladas em jiló e empanadas com alho em pó e queijo, são servidas com creme de mandioca com requeijão, manteiga de garrafa e bacon (R$ 13,20, para duas pessoas). Outra pedida que leva sua assinatura é a coxinha da asa (frango) temperada com alho e páprica, acompanhada por vinagrete e fios de queijo estepe (R$ 15,40, para quatro pessoas).

Na linha mais tradicional, chama a atenção a porção de torresmo (R$ 9,50), cuja receita aprendeu com o falecido Careca, que comandava o Bar Rei do Torresmo, no Mercado Central. Antes de ser frito, fica no mínimo quatro dias na própria gordura. “Melhor que o meu torresmo, só o dele”, admite Renato, que também aprova o torresmo do Via Cristina. Outra receita de que gosta de falar é a da mãozinha de porco (R$ 12,50): “Prefiro-a ao pé, pois tem mais carne e o mesmo sabor. Além disso, as peças são menores e facilitam a apresentação de forma mais bonita”.

MARIA ARACY
Rua Urutu, 221, Bairro Fernão Dias. (31) 3486-3394. Aberto de terça a sexta-feira, das 17h à 0h; sábado, das 11h à 0h; domingo, das 11h às 18h.

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