Gabriella Scarioli aposta na cozinha simples no Bistrô Três

por Eduardo Tristão Girão 16/10/2009 07:00
Pedro David Esp.EM/D.A Press
As paredes da casa abrigam obras de artistas plásticos (foto: Pedro David Esp.EM/D.A Press)

Abrir um restaurante é atitude que envolve não apenas competência, mas boa dose de coragem. Que o diga a chef Gabriella Sacarioli. Apesar de estar envolvida com eventos e aulas de culinária há alguns anos, nunca havia pensado em ter seu próprio negócio. Pelo menos não até maio deste ano, quando estava concluindo o curso de gastronomia na Estácio de Sá. Em poucos meses, surgiu não apenas a ideia, mas sócios, investidores e uma bela casa recém-desocupada por familiares seus. Como oportunidade não se perde, assim começou a história do Três Bistrô, inaugurado há pouco tempo no Barroca.

Formada em psicologia, Gabriella chegou a atender em consultório próprio, mas paralelamente manteve a gastronomia. Decidida a trilhar o caminho das panelas, largou a psicanálise e foi estudar. Ainda envolvida em atividades culinárias, fez estágio no Vecchio Sogno, teve durante um ano uma empresa de coffee break e, na sequência, o restaurante japonês Higashi, que funcionou entre 2003 e 2006. “Meu namorado queria fazer uma casa noturna aqui, mas quando entrou no imóvel, viu que o ambiente era mais adequado para restaurante”, lembra ela. Com tudo nas mãos, teve de perder o medo.

A obras levaram 40 dias e deram origem a vários ambientes: o da frente é o mais simples, com mesas de madeira entre a varanda e o bar; o seguinte conta com mesa coletiva e parede-quadro negro para sugestões do dia; o do fundo é mais intimista, acarpetado, com futon e adega; e, do lado de for a, há mesas no jardim, algumas sob a sombra de uma imponente sibipiruna. As paredes da casa abrigam obras de artistas plásticos: até novembro serão criações de Alexandre Wagner e Rogério Fernandes. No geral, é difícil definir se é bar ou restaurante.

A escolha do bairro, para ela que é praticamente vizinha do restaurante, não foi mera conveniência: “Achei ótimo, pois as pessoas estão meio sem critério, acham que tudo o que está na Savassi e em Lourdes é bom. De jeito nenhum. A Nelsa do Xapuri fez o ponto dela naquele cafundó e todo mundo despenca para lá no fim de semana. Acho legal ter um lugar diferente num local diferente”, analisa. Nas primeiras semanas a casa foi muito frequentada moradores do bairro, público que está cada vez mais diluído entre “forasteiros”.

Confira o Guia de Bares e Restaurantes do Divirta-se

Pedro David Esp.EM/D.A Press
Medalhão ao molho de vinho com arroz de agrião e cogumelos (foto: Pedro David Esp.EM/D.A Press)
QUADRO NEGRO

O cardápio da casa é formado por várias receitas que Gabriella prepara há anos em eventos e para amigos que recebe em casa. “Gosto de usar os ingredientes como eles são, sem aquela coisa de creme de leite e manteiga para ‘mascarar’. Acredito na cozinha simples. Simplicidade de sabor e de maneira de fazer”, define. Com uma proposta dessa, é preciso ainda mais cuidado ao selecionar matéria-prima e é justamente por isso que a chef faz questão de alimentar constantemente seu quadro negro com até seis pedidas diferentes.

Entre os pratos fixos, estão o medalhão ao molho de vinho com arroz de agrião e cogumelos; as iscas de frango com legumes ao curry e arroz de coco; e o arroz com cúrcuma, lombo, paio, pimentão vermelho e ervilha – cada um a R$ 35 (individual). Além de pratos infantis e sobremesas, há meia dúzia petiscos: a costelinha ao molho de jabuticaba com crocante de mandioca (R$ 22,50) é um deles.

Para beber, coquetéis do dia, cachaça Profecia (feita pelo tio, Geraldo; R$ 4,50), vinhos (23 rótulos; entre R$ 37 e R$ 130), cervejas (importadas e nacionais, incluindo garrafas de 600ml) e chopes claro e escuro feitos por Henrique Pires, presidente da Associação de Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais, em sua própria casa (R$ 4,20, 300ml).

TRÊS BISTRÔ
Rua Turfa, 1.332, Barroca. (31) 2511-4740. Aberto de quarta a sexta, das 18h à 0h; sábado, das 12h à 1h; domingo, das 12h às 18h.

MAIS SOBRE GASTRONOMIA