Mercado Central tem opções para todos os gostos

Tradicional ponto de BH tem opções de tira-gostos, bebidas, cafés, sucos, lanches e almoço a qualquer hora do dia

02/10/2009 07:00
Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D. A Press
Dona Hana oferece doces árabes e outras guloseimas no empório que leva seu nome (foto: Fotos: Pedro Motta/Esp. EM/D. A Press)
Para quem quer só tomar uma cerveja, sem compromisso, o lugar é dos mais indicados – e o petisco, dos mais famosos da cidade. Para comprar os ingredientes daquela bela bacalhoada, com bom azeite e legumes frescos, também. E quem está sem imaginação (para comer ou cozinhar, tanto faz) pode se inspirar pelos corredores repletos de mercadorias de todo tipo e de toda parte. Passear pelo octogenário Mercado Central continua sendo programa e tanto, mesmo se você não tiver absolutamente nada para fazer por lá. É até melhor: vagar sem rumo pelas suas cerca de 400 lojas é, além de muito divertido, uma verdadeira festa para os sentidos.

Se o dia estiver quente, a visita pode começar numa das mais antigas e menores lojas do local, a Tradicional Limonada do Mercado Central. Aberta em 1938 por um português chamado Américo, hoje ela é comandada por Antônio Amorim de Souza e o pai, Gabriel. Fazer e servir limonada atrás do surrado balcão de aço é atividade que Antônio faz desde 1965 – na verdade, esse é seu primeiro e único emprego. Os limões são comprados no mercado ou em sacolões próximos e espremidos de manhã. É tudo medido num latão de leite: 1,5kg de açúcar, três canequinhas de suco e completa-se com água.

“A limonada é um bom produto para vender. O pessoal gostou e ficou acostumado. Daí, passou a exigi-la sempre”, afirma Antônio. Do lado esquerdo do balcão, uma máquina mantém a limonada gelada, pronta para ser servida. À direita, outra máquina faz o mesmo, mas com groselha, vendida pelo mesmo preço, R$ 1,50 (300ml). É possível misturar a limonada gelada com a que fica em temperatura ambiente e para quem não pode com açúcar, ele faz o suco na hora. Na estufa ficam salgados variados (coxinha, empada e pastel assado) comprados numa fábrica próxima e vendidos a R$ 1 (cada).

Os bares (são cerca de 15) abrem logo de manhã. Quem acha que o movimento só começa depois do almoço, se engana: basta abrir as portas para ter freguês encostado no balcão. “Tem muita gente que trabalha de vigilante ou segurança e chega aqui cedo, para comer um tira-gosto e tomar uma cerveja antes de ir para casa”, conta Wellington Paulo, que chega às 7h com os demais colegas para preparar as porções do Bar da Tia. Ou seja, se você quiser fazer da tradicional porção de fígado com jiló (R$ 12) o seu café da manhã, é possível.

ALMOÇO?

Na hora do almoço, a pedida onipresente é o prato feito. Um dos mais tradicionais é o do Bar do Mané Doido. Como é costume em outros bares do mercado, cada dia da semana tem seu prato. Hoje tem feijoada, farofa, couve, arroz e laranja (R$ 10, individual); terça e quinta, rabada (R$ 11, individual); segunda, dobradinha (R$ 6,50, individual); e quarta, tropeiro com costelinha (R$ 9, individual). A cozinheira Doralice Jesus Costa é quem comanda o fogão, ajudada por filhos e sobrinhos. Mané, o proprietário, avisa: “Na hora do almoço, só sirvo cerveja para quem almoça”.

Mesmo com oferta variada de pratos feitos, há quem troque o arroz com feijão por um tira-gosto na hora do almoço. Basta dar uma passada pela porta do diminuto bar Rei do Torresmo para comprovar. É por isso que Geraldo Magela, um dos proprietários, chega de manhã cedo para começar a fritar praticamente tudo o que será vendido no dia. Não é brincadeira: cada panelada demora cerca de duas horas para ficar no ponto. De um lado da estufa fica o torresmo tradicional, em pequenos bocados (R$ 9, a porção); do outro, o torresmo de barriga, carnudo e inteiro (R$ 4,50).

ENERGIA

Se o mercado fosse um restaurante ele certamente teria como sobremesa o abacaxi no espeto, vendido a R$ 1,50 em meia-dúzia de lojas, a maioria ao redor do elevador próximo a saída da Avenida Amazonas. É difícil saber quem começou a vender a fruta assim. Nem Jair Batista, proprietário da Jajá Frutas, uma dessas lojas, sabe ao certo. “Talvez há uns 20 ou 30 anos”, especula. Entre as certezas, estão a de que o abacaxi de massa amarela é o melhor e que Paraíba e Tocantins dão a fruta o ano todo. Sobre o gelo também ficam espetos de melancia (R$ 1, cada).

Para lanches rápidos, a qualquer hora, as lojas Ponto da Empada (com duas unidades no mercado) e Guaraná & Cia estão entre as mais concorridas. Na primeira, qualquer empada sai por R$ 1,60 – das mais pedidas (frango e frango com catupiry) às mais diferentes (queijo com goiabada, bolonhesa, banana com canela), incluindo a mais nova (carne com jiló). “Ainda não fizemos de fígado, mas tudo é possível”, conta o proprietário Joel Maia.

A variedade de sucos (entre R$ 4,50 e R$ 6,50, 750ml) da Guaraná & Cia encanta, mas é a vitamina Raimundão (R$ 6) a mais popular entre a freguesia: leva leite, guaraná (pó e xarope), amendoim, castanha de caju e do pará, mel, limão, catuaba e marapuama. “O pessoal julga essa a mais energética”, conta o gerente Wanderley Adriano. Só perde para o açaí (tigela com guaraná, banana e grabola; R$ 3,50, 250g), especialidade da casa desde 1986, quando foi aberta.

VARIEDADES


“Tudo que a pessoa precisa para comida árabe eu tenho. O que eu não tiver, me dê um dia e eu arrumo”, garante a palestina Hana Ahmad Khaouli, proprietária do empório árabe que leva seu nome. De fato, encontra-se um pouco de tudo: pães típicos, pastas, quibes (cru, assado ou frito), esfirras (carne, zaatar ou espinafre), charuto (com ou sem carne), geleias (rosas, tâmara, damasco, figo), tahine (pasta de gergelim), arak (destilado de uva com anis), halawi (doce feito com tahine) e o raro sal de limão.

O ambiente não é dos mais amplos e as mercadorias vão do chão ao teto, mas o pequeno balcão, nos fundos, permite lanches rápidos. Torça para chegar junto com as fornadas de quibe e esfirra (R$ 2,50, cada). Muitos dos produtos, acredite, são feitos na sobreloja. Inclusive tudo que está na vitrine frigorífica – coalhada seca, homus, babaghannouj, berinjela recheada, tabule e pastas variadas; entre R$ 28 e R$ 35, quilo – e pode ser usado como recheio de sanduíches.

MERCADO CENTRAL
Avenida Augusto de Lima, 744, Centro. (31) 3274-9434. Aberto de segunda a sábado, das 7h às 18h; domingo, das 7h às 13h. A localização e os contatos das lojas estão no site www.mercadocentral.com.br.

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