Bar Zinneke tem cardápio criativo de petiscos

06/02/2009 07:00
Pedro Motta/Esp. EM. 31/01/09
Philippe Yven diz que europeus de sua geração descobriram o Brasil (foto: Pedro Motta/Esp. EM. 31/01/09)

Se o mercado de Belo Horizonte já é uma incógnita na cabeça de muitos donos de bares e restaurantes da cidade, imagine na de um belga que chegou aqui há pouco mais de três anos. Mais ou menos assim, com a cara e a coragem, Philippe Yven abriu recentemente as portas do mais novo bar da cidade, que batizou de Zinneke: palavra que deriva do nome de um rio (Senne) que passa por Bruxelas, acabou dando nome aos cães vira-latas que lá afundavam e, mais tarde, aos próprios moradores da capital belga. No cardápio, petiscos incomuns (alguns criados por ele), alguns pratos franceses e carnes grelhadas, já que lhe informaram da fama “carnívora” do belo-horizontino.

Nascido em Gent, no Norte da Bélgica, Philippe visitou o Brasil pela primeira vez em 2001, como participante de uma prova de triatlo em Florianópolis. Poucos anos depois, largou o restaurante especializado em cozinha francesa e cervejas que tinha em Bruxelas e veio direto para Belo Horizonte, pois a esposa do sócio belga com quem começou a trabalhar aqui era mineira. Tentou abrir franquia de bolo típico de sua terra natal, mas não deu certo. Manteve-se no ramo, prestando consultoria, atuando em bufês e fazendo jantares. No Bairro São Pedro, começou a estruturar um restaurante com espaço para aulas de culinária, mas a ideia mal saiu do papel.

Finalmente, no ano passado, alugou o imóvel onde antes funcionava o restaurante italiano Trastevere, em Lourdes, e iniciou a reforma, que durou três meses. “A minha geração está saindo da Europa para outros países onde ainda existe espaço para trabalhar e crescer. A Europa já está saturada. Fora isso, no Brasil a qualidade de vida é bacana e o clima é descontraído. O mineiro é muito acolhedor”, conta Philippe, de 42 anos. Ele decidiu abrir um bar por achar que “mineiro é mais de almoçar e, à noite, de beliscar”. “Não sei exatamente o que significa um bar para o mineiro”, confessa.

ENGESSADO

Então, criou para o cardápio porções como a de queijo de cabra embrulhado na massa folhada ao molho de mel (R$ 19), de bolinho de parmesão (R$ 18) e de trouxinha de filé mignon recheada com almôndega suína ao molho de pimenta verde (R$ 24). Entre os petiscos que não são exatamente criações, estão as iscas de frango empanadas com gergelim e servidas com chutney de manga da casa (R$ 18), os bolinhos de batata com carne seca, cebola e pimenta biquinho (R$ 15) e a costelinha ao alecrim com molho de mel (R$ 22).

Algumas pedidas, apesar de não serem descritas como tal, servem como pratos principais. É o caso da porção de conchigliones de carne seca e catupiry ao molho de tomate (R$ 23) e de suas versões para os dois pratos clássicos franceses, o boeuf bourguignon (cozido de cortes bovinos com vinho e legumes; R$ 22) e o navarin de cordeiro (preparado por Philippe de maneira similar, R$ 26). Tanto é que, graças aos pedidos da freguesia, agora é possível pedir guarnições à parte: arroz (R$ 6), arroz à piemontesa (R$ 9,10), salada mista (R$ 15) e batatas fritas (R$ 8) são algumas opções.

A seção de bebidas, que conta com vinhos (cinco rótulos; entre R$ 43 e R$ 59, garrafa), coquetéis, cachaças e doses variadas, decepciona no quesito cerveja. Sabendo-se da origem do proprietário, a expectativa em torno da quantidade e variedade de bons rótulos (mesmo que não sejam belgas) é grande. Porém, acordo de exclusividade com a Ambev o “engessou”, permitindo que oferecesse apenas a belga Leffe blonde (R$ 9, long neck), que faz parte do portifólio da empresa, além das nacionais (maioria em torno de R$ 4,30). Para consolar, há placas de extintas cervejas belgas decorando a parede.

ZINNEKE
Rua Curitiba, 1.966, Lourdes. (31) 3318-1172. Aberto de segunda a sexta, das 18h ao último cliente; sábado e domingo, das 12h ao último cliente.

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