Vinho rosé derrota o preconceito e conquista consumidores

16/01/2009 07:00
Pedro David/Esp.EM/D.A Press
Lisandro Vieira chama a atenção para a produção da região de Ribeira del Duero, na Espanha (foto: Pedro David/Esp.EM/D.A Press)
Há três, quatro anos, não era raro ouvir disparates a respeito do rosé: vinho para mulher; bebida de segunda classe; de gente que não sabe beber; ou mistura de branco com tinto. “Na década de 1970, o rosé chegou a ser o vinho mais vendido no Brasil e depois entrou em declínio, sendo superado pelo branco”, afirma o enólogo Júlio Anselmo, consultor do supermercado Verdemar. A situação mudou radicalmente nos últimos anos, conforme atesta Christóvão Oliveira, diretor da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (Sbav): “O rosé experimentou um retorno em todo o mundo, incluindo o Brasil. Ele era malvisto por aqui, país sem tradição em vinho”.

Nos verões tropicais, essa bebida vem se tornando imbatível. “O mercado está sendo reeducado, no sentido de conhecer o rosé. Até então, falava-se que era um vinho exclusivamente adocicado, mas não é. Hoje em dia, é seco, com menos açúcares e tem condição de sabor muito diferente daquela apresentada anteriormente”, ensina Lisandro Vieira, sommelier da Enoteca Decanter.

Algumas características fazem dele o vinho ideal para a temporada de calor: deve ser servido gelado (no mínimo, resfriado a 10 graus), é leve, ideal para acompanhar pratos igualmente leves, como aves e peixes. “Se você perguntar a um conhecedor, ele vai preferir o tinto, pois é mais complexo e aromático, mantendo a harmonização com o prato principal. Ainda que o rosé puxe para o lado do branco, voltado para a entrada, existem exemplares tão bem estruturados que podem ser bebidos com carne vermelha”, explica Júlio Anselmo. O nível alcoólico do rosé varia entre 12% e 13%, menor que o do tinto e semelhante ao do branco.

CORES

Christóvão Oliveira explica o preparo da bebida: “O suco de qualquer uva é branco. No caso do rosé, a casca e o caroço da fruta ficam em contato com o suco até se atingir a coloração desejada. A variedade da cor implica em maior corpo do vinho, tanto que se encontra de rosé mais clarinho até aquele próximo ao tinto.” A produção mais importante vem da Provença, na França, que responde por 75% dos rosés no mundo.

De olho no mercado, vários países vêm produzindo boas safras. “A maneira de elaboração do rosé se diferenciou e se tornou regionalizada, tanto que hoje a Enoteca Decanter conta com 16 rótulos completamente diferentes”, afirma Lisandro Vieira. Ele cita o espanhol Prado Rey, produzido em Ribeira del Duero, terra mais conhecida pelos tintos e encorpados. Seu diferencial fica na forma de produção, pois é fermentado em barricas de carvalho. O Brasil está começando a despontar na fabricação de espumantes rosés.

De maneira geral (pois exceções não faltam), o rosé é um vinho mais acessível do que o tinto. Como está se estabelecendo no mercado, precisa ter preço compatível (os mais baratos custam de R$ 20 a R$ 30). Na hora da compra, alguns cuidados devem ser levados em consideração pelos leigos. “O rosé não é um vinho com processo de elaboração sofisticado. Por isso, deve ser tomado jovem. Se for comprar hoje, tem de ser das safras 2008 ou 2007, não mais que isso. Diferentemente do tinto, ele não ganha nada com mais tempo de garrafa. Pode, como quase todo espumante e branco, ter a acidez reduzida”, conclui Christóvão Oliveira.

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O sommelier Renato Costa recomenda vinhos do Chile, da Argentina e de Portugal (foto: Pedro David/Esp.EM/D.A Press)

. ESCOLHA O SEU

• Chocalán Rose Syrah/Petit Verdot (Chile)
Preço: R$ 56
Vencedor da medalha de ouro no concurso Annual Wines of Chile Award’s 2007, é leve, macio e refrescante, de paladar frutado e persistente.

• Learning to Fly Rose Malbec (Argentina)

Preço: R$ 32,20
Cor vermelho granada com brilhante reflexo rubi. Aromas de frutas de polpa branca, como ameixa, e elegante toque floral.

• Alentex Rose Castelão/Aragonez (Portugal)
Preço: R$ 46,80
Produzido na região do Alentejo, a partir das mais famosas uvas portuguesas aragonez e castelão. Aroma de frutas vermelhas, acidez balanceada e ótimo frescor.

* Sugestões de Renato Costa, sommelier e proprietário da Allegro Vivace, Rua Sergipe, 1.339, Savassi, (31) 3284-4570

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