Amigo do Rei incorpora 23 novas receitas ao cardápio

Destaque para a cozinha doméstica do Irã

05/12/2008 07:00
Pedro David/Esp.EM/D.A Press
Filé mignon com especiarias, arroz basmati com açafrão, salada com ervas, limú amaní (limão típico) e batata-palha (foto: Pedro David/Esp.EM/D.A Press)
Único em sua especialidade no Brasil, o restaurante iraniano Amigo do Rei promove a partir desta semana a primeira alteração significativa de cardápio em seus seis anos de funcionamento. São 23 receitas (entradas, pratos principais e sobremesas) que pouco a pouco serão integradas a cardápio paralelo, a princípio renovado semanalmente. Entre pedidas apresentadas uma única vez e outras jamais preparadas na casa, destaque para pratos espelhados na cozinha doméstica do Irã, que não costumam aparecer em livros de culinária. Para fazer jus a essa oferta ampliada, houve também investimento em vinhos, escolhidos a dedo por importadores e vendidos a preço de loja.

Ao contrário do curto festival que a casa promoveu há dois anos para mostrar pratos mais sofisticados da culinária tradicional iraniana, dessa vez o foco está em receitas mais simples e ainda menos conhecidas por aqui, mas nem por isso menos populares lá. Há opções curiosas, como o filé mignon com especiarias servido com arroz basmati com toque de açafrão, salada com ervas, limú amaní (limão típico) e - acredite - batata-palha (R$ 45, individual). O que a princípio pode parecer medonha descaracterização é, na verdade, mera reprodução de hábito alimentar há muito enraizado no país. Deverá causar a mesma surpresa o estrogonofe de filé de cordeiro, outra especialidade caseira do Irã, mas ainda sem previsão de inclusão no cardápio paralelo.

“Claro que se come batata-palha lá! No Irã vende-se industrializada e as pessoas fazem em casa também. Não é algo antigo por lá, tem a ver com a influência da cultura ocidental, assim como o tomate e o milho, que vieram da América. Na minha casa, fazia-se a batata frita e fininha, que não chamamos de batata-palha. Faz parte da receita. Temos milhões de receitas com batata na cozinha iraniana, mas as pessoas não têm o hábito de comer batata a qualquer hora, como aqui. Lá, come-se muita batata no inverno”, conta a proprietária Nasrin Haddad, que nasceu em Teerã e, antes de chegar ao Brasil, em 1990, tinha um bufê e uma fábrica de doces típicos. É ela quem comanda a cozinha.

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Gelo no paraíso: pudim de pétalas de rosas iranianas, água de rosas e cobertura de pistache cru (foto: Pedro David/Esp.EM/D.A Press)
Outro representante da culinária doméstica do país é o khoresh karafs, guisado de pernil de cordeiro com aipo e especiarias acompanhado por arroz branco ao açafrão (R$ 42, individual). “O aipo é usado demais no Irã, é muito tradicional. É bom de qualquer jeito, mas especialmente gostoso aqui, cozido com a carne de cordeiro”, conta ela. Também comum na mesa iraniana são as folhas de shambalilêh, erva que confere sabor característico, levemente amargo, e que na casa tempera a sopa à base de cebola e ovo chamada eshkenêh. “Essa erva é comprada quase sempre seca e é usada em pratos bem tradicionais. Nenhum iraniano a confunde”, diz.

A sobremesa que abre a temporada de novidades no restaurante é curiosamente chamada de “gelo no paraíso” (R$ 23, individual): pudim de pétalas de rosas iranianas, água de rosas e leite, cobertura com pistache cru. Originário de países da Ásia Central, o pistache tem no Irã um dos principais produtores mundiais. Lá, existem diversas variedades dessa noz, que é consumida fresca ou seca em receitas doces e salgadas.

MOLHADO

“Com a Lei Seca, pensei em vender o vinho no restaurante pelo preço que o freguês pagaria na importadora. Com a economia, que calculamos entre R$ 24 e R$ 150, é possível ir e voltar de táxi. São vinhos de bom custo-benefício, marcantes. Chamamos isso de lei molhada”, brinca Claudio Battaglia, marido de Nasrin e responsável pelo atendimento das mesas. Os 16 rótulos foram selecionados por ele em parceria com Rodrigo Fonseca (Premium/Taste-Vin), Lisandro Neis (Decanter), André Martini (Casa do Vinho), Dulce Ribeiro e Pablo Teixeira (ambos da Rex Bibendi) – cada garrafa custa entre R$ 30 e R$ 110. Os vinhos desta semana podem ser conhecidos no site www.amigodorei.com.br

AMIGO DO REI
Rua Quintiliano Silva, 118, Santo Antônio. (31) 3296-3881. Aberto de terça a sábado, das 19h30 às 23h; domingo, das 13h às 16h.

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