Mais um restaurante japonês acaba de ter suas portas abertas em Belo Horizonte e, por incrível que pareça, não é uma temakeria – contrariando onda que começou há quase um ano na cidade. O recém-inaugurado Udon, na esquina das ruas São Paulo e Gonçalves Dias, em Lourdes, trilha caminho aberto na capital mineira pelo concorrente Sakê, privilegiando cozinha japonesa com toques modernos e criativos – não por acaso, o sushiman é o mesmo, Marcelo Sant’Ana. Além disso, a casa reúne elementos e técnicas em aperfeiçoamento pela concorrência, como as robatas (espetos à moda japonesa), os temakis e a adição de foie gras às receitas. Em suma, o cardápio da casa é um verdadeiro apanhando do que tem sido feito no segmento nipônico belo-horizontino.

Por trás do negócio está um grupo que tem experiência no ramo: os empresários João Emílio Soares e Agilberto e Pedro Martins da Costa, todos proprietários da pizzaria Olegário, em Lourdes, e da choperia Germano, no Luxemburgo. Agilberto e Pedro, que são irmãos, também comandam os restaurantes Santafé e Villa Madalena, na Savassi. No início, a intenção era abrir uma casa de sanduíches para competir com o Eddie Fine Burgers, mas o trio começou a mudar de idéia depois de conhecer o trabalho do sushiman Marcelo, quando ainda trabalhava no Sakê, também em Lourdes.

A confirmação veio depois de viagem dos empresários a São Paulo, onde visitaram alguns restaurantes japoneses. Torceram o nariz para as casas que ficam no bairro da Liberdade, tradicional reduto de japoneses na capital paulista, e saíram bem impressionados com estabelecimentos menos clássicos (no sentido mais xiita da palavra), como Kosushi (as cadeiras do Udon, de um vermelho transparente, são praticamente iguais as de lá) e Kinoshita. De volta a Belo Horizonte, deram início à reforma do imóvel, que ganhou ar moderno e clean, em estilo que a freguesia brasileira já aprendeu a identificar. As paredes internas são bonitas, cada qual com um padrão de desenho diferente. No total, a casa pode receber 130 pessoas.

Juntos, sushi bar e área de preparo de robatas formam comprido balcão integrado ao salão principal, com oito cadeiras de madeira de onde é possível observar bem de perto não apenas as matérias-primas em vitrines refrigeradas, mas também o trabalho dos sushimen. As demais receitas quentes são feitas em cozinha à parte, mas à vista dos fregueses. Logo acima, cabine para DJ sinaliza que a casa tem potencial para algo além da gastronomia, já que DJs tocarão de quinta a domingo. O restaurante manterá convênio com o supermercado vizinho para que os clientes possam usar o estacionamento de lá depois de determinado horário.

CONTEMPORÂNEO

“Posso dizer com segurança que a comida japonesa que se faz aqui em Belo Horizonte é muito trivial. Os sushimen daqui não fazem nem metade do que se passa pela minha cabeça”, arrisca o sushiman Marcelo. Se é arrogante ou não, caberá ao freguês julgá-lo pela competência apresentada tanto nos pratos tradicionais quanto nos contemporâneos. Afinal, para propor o novo, é preciso dominar o clássico. Ele é carioca, tem 38 anos e começou a trabalhar em restaurantes aos 15, lavando chão no Edo Garden, extinto japonês do Rio de Janeiro. De lá, seguiu para outras casas do gênero, como Yamamoto, Madame Butterfly, Sushi Leblon e Sushi Brasil.

Marcelo também trabalhou como cozinheiro durante cinco anos em Portugal e como sushiman freelancer para um cônsul japonês e celebridades como Xuxa, Preta Gil e Luciano Huck. Antes de vir para o Udon, trabalhou por dois anos no Sakê, onde desenvolveu ainda mais a vocação para ousar. No Udon, tem nas mãos o desafio de trabalhar ingredientes delicados, como peixes e frutos do mar frescos, e outros praticamente desconhecidos na cidade, caso de barbatana de tubarão com água-viva e ovas de bacalhau.

O cardápio é extenso e inclui desde de combinados e pratos quentes tradicionais japoneses a pratos contemporâneos e peças bem diferentes, como o sashimi de atum em crosta de gergelim com chantilly de raiz-forte trufado (R$ 22,60) e o risoto de menta com pargo e ovas de peixe voador (R$ 29,60, individual). Entre as sobremesas, destaque para a linha de sorvetes, que conta com sabores como wasabi, lichia, chá verde e saquê. Serve chope (R$ 3,50), cervejas japonesas, coquetéis elaborados pelo barman Beedoo, saquês (10 rótulos) e vinhos (40 rótulos; entre R$ 40 e R$ 200, garrafa).