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Em Moscou, quem não tem Pokémon caça Gagarin

Astronauta e personagens históricos como o czar Ivan, o Terrível e o escritor Alexander Pushkin são usados em aplicativo de realidade aumentada desenvolvido pela prefeitura da capital russa

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo
- Foto: ANDREY SMIRNOV/ AFP

O game de sucesso global Pokémon Go ainda não está disponível na Rússia, mas em Moscou é possível improvisar a caçada virtual com as figuras digitalizadas de Ivan, o Terrível, Alexander Pushkin e Yuri Gagarin.

Na tela do smartphone, o ponteiro da bússola aponta para a entrada da Praça Vermelha. A distância até o objetivo vai diminuindo aos poucos e, de repente, abre a tela da câmera fotográfica. Mais alguns movimentos envolta de si mesmo e surge a imagem de um personagem barbudo, com casaco de pele e um cetro de ouro na mão.

É nesse momento que se pode capturar a figura, como se faria com um Pokémon. O objetivo não é, porém, caçá-lo para domesticá-lo, mas para tirar fotos em todas as poses imagináveis ao lado do primeiro czar da Rússia, Ivan, o Terrível.

Esta nova versão do aplicativo Descubra Moscou Foto, criada pela prefeitura da capital russa para telefones Apple ou Android, inclui a tecnologia de realidade aumentada, que enriquece o mundo real com elementos virtuais através do objetivo das câmeras de fotos dos celulares, graças à geolocalização.

Pode-se capturar nove personagens históricos em vários lugares de Moscou, que não foram selecionados com base em um algoritmo, mas na sua relação com a história. Entre os escolhidos estão o imperador Pedro, o Grande, o compositor Piotr Chaikovski, o escritor Alexander Pushkin, o cosmonauta Yuri Gagarin e até mesmo Napoleão Bonaparte.

A ideia é oferecer aos visitantes um meio lúdico para percorrer a capital e aprender sobre a sua história. A partir de cada personagem, o usuário pode acessar outro aplicativo, Descubra Moscou, que propõe informações e conselhos para os turistas.

A prefeitura, que investiu 1 milhão de rublos (cerca de US$ 15 mil) no projeto, não nega que seu aplicativo seja parecido com o Pokémon Go, mas garante que começou a desenvolver o programa há três anos.

IMPULSO “O lançamento de Pokémon Go deu um impulso” ao aplicativo da prefeitura de Moscou, afirmou Kirill Kuznetsov, responsável pelo projeto.

“Alguns usuários nos acusaram de ter roubado a ideia”, mas, na realidade, o plano começou a ser criado há três anos, coincidindo com o início do desenvolvimento da realidade aumentada, afirma Kuznetsov.

Depois disso, foi necessário esperar até encontrar uma tecnologia acessível para poder digitalizar os personagens em três dimensões.

As semelhanças entre o Pokémon Go e a nova versão do Descubra Moscou Foto fazem com que o aplicativo russo seja ainda mais atrativo para os usuários.

“Através desta mecânica de jogo, nosso objetivo é atrair os visitantes para o aplicativo principal , onde poderão aprender coisas sobre a riqueza da cidade”, ressaltou o responsável.

A próxima etapa será adicionar uma dezena de personagens ao aplicativo, um trabalho delicado, porque é preciso escolher personalidades facilmente reconhecíveis por todos e, depois, encontrar modelos para caracterizá-los.

Para Maxim Malychev, diretor da empresa de design gráfico que desenvolve o aplicativo, Notamedia, “o mais complicado foi encontrar atores que se pareçam o máximo possível com os personagens”.

Por outro lado, a realidade aumentada “está muito desenvolvida” e, a partir de agora, “é a criatividade o que permite aumentar os usos dessa tecnologia: podem-se criar interações com os objetos ou brincar com instrumentos adicionais, como a perspectiva”, diz Malychev. (Germain Moyon, AFP).