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Combinação certeira

Duo Tropkillaz divulga canção que fará parte do game 'Need for speed'

Brasileiros estão ao lado de Major Lazer e do The Chemical Brothers

Rebeca Oliveira

- Foto: Facebook/ Tropkillaz / Reprodução

Mais que carros velozes a alta velocidade, a música é um elemento fundamental ao jogo de videogame Need for speed, uma das franquias mais longevas e lucrativas do setor. Além da jogabilidade e o uso de gráficos modernos, o game se destaca pelas trilhas sonoras originais e, este ano, uma dupla de brasileiros poderá ser ouvida entre os roncos de motores. Trata-se do duo de música eletrônica Tropkillaz, que, há alguns dias, divulgou a faixa Make the crowd, canção que faz parte de uma versão do game desde o começo desse mês, juntando-se a outros nomes de peso, como a dupla americana Major Lazer e os britânicos do The Chemical Brothers. Além da faixa, o Trokpkillaz fez uma parceria com o produtor Kondzilla — que já atuou com o Charlie Brown Jr. e o funkeiro MC Guimê — para a produção de um videoclipe.

Dessa forma, além de se colocar entre outros duos de renome internacional, situando-os entre os melhores do mundo, o Tropkillaz engrossa a lista de músicos que fazem parcerias com a indústria dos games. Em setembro, o grupo Baiana System também foi o único brasileiro a integrar a trilha do jogo Fifa 2016. Os baianos entraram na tracklist com Playsom, faixa que se une às de outros 45 artistas mundiais como Beck e Bastille. Em nota, um representante do game afirmou o que representa, para a franquia, ter um nome brasileiro na trilha.
“A música globalizada reflete os fãs que temos ao redor do mundo todo”, afirmou, em nota, o executivo de música e marketing da Eletronic Arts, Steve Schnurn, responsável pelo game de futebol.

 

 

 

A criação de trilhas sonoras ainda é um mercado incipiente no Brasil, mas, lá fora, é uma grande tendência. Paul McCartney fez o mesmo no ano passado, ao criar toda a trilha do jogo eletrônico de tiro Destine. Snoop Dogg também é lembrado pelos fãs dos joysticks graças a versão de Riders on the storm, do The Doors, feita para o NFS. Nomes do pop, do rock e do eletrônico se rendem, cada vez mais, às músicas feitas especialmente para videogames, que ganham uma faceta autoral, experimental e dinâmica, contando com artistas de peso do cenário mundial para multiplicar o poder de alcance do já bem-sucedido mercado de jogos, que parece imbatível em meio à crise.

Muitas são as franquias conhecidas pela qualidade da trilha sonora — que vão do vintage Super Mario Bros. ao novíssimo Dragon Age, games que alcançam diferentes gerações e que veem na música escolhida como parte da atmosfera do jogo bem mais do que uma ambientação. A trilha sonora é um dos fatores de encantamento que muitos fãs mantêm por algumas franquias, a ponto de tornar a indústria de games, no ano passado, maior que a da música e a do cinema juntos, segundo pesquisa do instituto Newzoo. De acordo com o mesmo instituto, no Brasil, os games faturaram mais de US$ 1,28 bilhão em 2014, com prospecção de crescimento ainda maior em 2015 — lucros que colocam o país na 11ª posição no mercado mundial, liderado pelos EUA, com US$ 21,3 bilhões.

Para os músicos, esse tipo de parceria pode ser uma das salvações para a indústria fonográfica. A união desses nomes com franquias de games, segmento que ano após ano, bate os próprios recordes, rende dividendos que permitem a permanência de certos artistas no mercado. Foi o caso da banda Aerosmith, que viu o download de seus discos triplicar depois de entrarem na trilha do jogo Guitar hero. Uma pequena mostra de que a combinação certeira pode render bons frutos aos dois lados, comprovada em recente artigo publicado pelo jornalista Hua Hsu no The New York Times, que defendeu como a indústria dos games moldou a música popular mundial desde os antigos joguinhos japoneses, com suas trilhas aparentemente toscas e de baixa tecnologia. Um sinal de que a trilha de um game é mais que entretenimento — quando bem-feita, assim como um bom disco, pode entrar para a história.

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