A ação do jogo começa com um conflito futuro entre a Coreia do Norte e do Sul em Seul. Logo de cara, o jogador é apresentado a algumas das novidades da guerra moderna: enxames de drones voadores, tanques robotizados que caminham em quatro patas e o mais relevante para a jogabilidade: exoesqueletos. Usados primariamente para ampliar a força e a capacidade atlética dos soldados, eles também contam com algumas habilidades especiais. Alguns modelos permitem ao jogador saltar muito mais alto, enquanto outros disparam estimulantes no organismo do usuário e criam um efeito de 'bullet time'.
Para quem já conhece Call of Duty e na prática boa parte dos shooters modernos, não tem muito mais o que acrescentar sobre a jogabilidade. É um jogo dinâmico, com um level design muito bem definido e estreito, apesar de não ser um 'corredor' como outras edições, já que boa parte das fases tem mais de uma aproximação possível para o objetivo.
Desde os primeiros da série, a qualidade do enredo e produção de Call of Duty é amplamente elogiada e, entre os muitos adjetivos usados, 'cinematográfico' é um que nunca fez tanto sentido quanto agora. A primeira vista, o que mais chama atenção é a presença do conceituado ator Kevin Spacey (House of Cards, Beleza Americana). Ele interpreta com maestria Jonathan Irons, o presidente da Atlas e, depois do protagonista, o personagem mais importante. É importante notar que ele não é só o dublador – a aparência e as expressões faciais foram capturadas e reproduzidas com fidelidade, conseguindo transportar o poder de atuação de Spacey com clareza.
E ele não é o único que faz um bom trabalho de atuação no jogo. Veteranos de dublagens de games emprestam seu rosto e habilidades cênicas para Advanced Warfare, como Troy Baker, que faz o protagonista Jack Mitchell, e Gideon Emery, que interpreta um soldado que também se chama Gideon e é um dos personagens mais carismáticos da campanha.
O novo Call of Duty foi totalmente traduzido para o português brasileiro e não faz feio nas dublagens. Inclusive, é legal ressaltar o carinho da equipe de localização em usar os termos técnicos do exército brasileiro para designar alguns elementos do jogo, mesmo quando estes não são a palavra mais comum usada no meio 'civil'. Um exemplo claro são os drones – a palavra a é usada pela população e imprensa sem problema algum, mas nas forças militares, a terminologia correta é 'Vant', sigla para Veículo Aéreo Não-Tripulado.
Apesar da atuação roubar um pouco da atenção desta vez, o conjunto que faz com que o elogio cinematográfico encaixe bem aqui também inclui um enredo com jeitão de filme de ação hollywoodiano, efeitos de som e trilha sonora excelentes e cenas de corte de qualidade técnica inquestionável.
Normalmente as campanhas de Call of Duty são épicas e divertidas, mas é o modo multiplayer que vai ou não determinar se o jogo vai durar até o próximo da série no ano seguinte. E apesar de sempre tentar melhorar esse aspecto da franquia a cada ano, desta vez a evolução foi bem aguda, ao ponto de mudar muito o estilo de jogo.
A principal razão para isso está nos exoesqueletos: com poderes novos como saltos absurdos e esquivas rápidas, a batalha fica bem mais dinâmica e um tanto quanto 'vertical', o que é refletido também nos mapas, que levam isso em consideração.Mas isso não significa que o jogo ser tornou um Unreal Tournament ou Quake Arena. A essência ainda é a de CoD, mas com diferenças o bastante para valer a pena para quem já jogou os antecessores até a exaustão.
Outra mudança que será sentida pelos veteranos é que o sistema de 'pick 10', para customização do personagem, agora pode ser chamado de 'pick 13', com mais algumas opções que permitem um pouco de variação tática na jogabilidade. A tradição é que, com o tempo, algumas opções se tornem as favoritas e seja criado um metajogo bem definido. Ainda assim, dá para ser criativo e surpreender os adversários com combinações inusitadas.
Conclusão:
Você pode até não gostar de Call of Duty, mas é impossível não admitir que Advanced Warfare é um jogo muito bom. Não é tão marcante como o primeiro Modern Warfare, nem tão surpreendente como Call of Duty II. E apesar do enredo divertido e envolvente, não é tão profundo como o de Black Ops 2. Não é o melhor Call of Duty, mas não precisa deste título para ser ótimo. Além de uma campanha que definitivamente merece o adjetivo cinematográfico, o modo multiplayer é uma evolução imensa na série, com destaque para os novos exoesqueletos, que mudam bastante as regras do combate.
Nota: 8/10