Dira Paes critica veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo: 'Não é possível'

'É um bem social que traz sanidade pública', diz atriz nas redes sociais

Divulgação
Dira Paes (foto: Divulgação)

A atriz Dira Paes, que faz a personagem Filó em Pantanal, criticou o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Lei Paulo Gustavo. A proposta repassaria R$ 3,8 bilhões para ações emergenciais no setor cultural em todo o país. 

 

De acordo com a decisão do governo, a proposição legislativa "enfraqueceria as regras de controle, eficiência, gestão e transparência", o que poderia furar o teto de gastos. Com isso, a atriz não hesitou em se pronunciar e disse que nem todos os artistas da cultura estão na "ponta da pirâmide", usando como exemplo a cantora Anitta. 

 

"A gente tem a ponta de uma pirâmide, com artistas como Anitta, e temos a base dessa pirâmide, que geralmente é a cultura popular. A gente fala 'popular', mas isso não quer dizer que isso seja menos importante que outros níveis e acessos culturais que a grande sociedade tem, principalmente dos polos culturais, principalmente das capitais", disse em entrevista ao Estúdio i. Dira reforçou que o projeto foi inspirado em modelos internacionais e que a cultura precisa ser assistida pelo governo.

"Não é possível que a gente trate a cultura baseado em interesses políticos, porque a cultura é um bem social de cura, a gente viu isso na pandemia. É um bem social que traz sanidade pública, traz um alento, sem falar na bagagem informativa", relatou a artista.

Então quando a gente vê que o presidente veta uma lei que tá super bem estruturada, uma lei que foi pensada, elaborada durante o seu governo, esse veto atinge um lugar de desesperança, como se não houvesse um diálogo, como se isso fosse um capricho dos artistas.

Dira Paes

 

"Esse veto é uma espada atravessando nosso peito. A gente não tá falando de mercado estruturado com patrocinadores, a gente tá falando desses outros milhares de artistas brasileiros". Dira usou como exemplo manifestações artísticas do norte e do nordeste do Brasil.

 

"São atividades públicas que geralmente são gratuitas para o grande público. E a gente emprega muita gente, e a gente tem que prestar conta dos centavos das notas fiscais. (...) É difícil perpetuar a memória brasileira se a gente não tiver um suporte legislativo que nos garanta que essas manifestações possam ser incentivadas para que elas continuem perpetuando a nossa origem, a nossa cultura. Isso que dói. Dói saber que nós não somos vistos como um bem", concluiu a atriz.