Acusada de transfobia, J. K. Rowling devolve prêmio aos Kennedy

Autora de 'Harry Potter' diz que não discrimina transexuais, rejeita o prêmio Ripple of Hope e rebate as declarações de Kerry Kennedy de que ela subestimou a identidade dessas pessoas

Estado de Minas 29/08/2020 04:00
Justin Tallis/AFP
A escritora diz ter "grande divergência de opiniões" com organizadores do prêmio e não vê outra escolha,a não ser devolvê-lo (foto: Justin Tallis/AFP)
A escritora britânica J. K. Rowling, criadora da saga Harry Potter, anunciou, na sexta-feira (28), que devolverá um prêmio recebido nos Estados Unidos, dado pela família Kennedy, depois que um de seus membros criticou suas opiniões sobre pessoas transgênero.

Em 2019, a organização Robert F. Kennedy Human Rights (RFKHR) concedeu à famosa autora o Prêmio Ripple of Hope. Mas a presidente da entidade, Kerry Kennedy, declarou que as opiniões de Rowling sobre transgêneros “subestimam a identidade” dessas pessoas.

“Essas declarações dão a entender incorretamente que sou transfóbica”, afirmou a escritora, em comunicado postado em seu site. “Como doadora de longa data a grupos LGBT e defensora do direito de as pessoas trans viverem livres de perseguição, rejeito categoricamente a acusação de que odeio as pessoas trans ou lhes desejo mal”, acrescentou.

A autora de Harry Potter garantiu que devido à “grande divergência de opiniões” entre ela e o RFKHR, “não teve escolha” a não ser devolver o prêmio.

Em junho, Rowling foi acusada de fazer comentários considerados transfóbicos. Ela tuitou um artigo falando sobre “pessoas que têm menstruação”, comentando, ironicamente, que elas devem ser chamadas de mulheres. Isso lhe rendeu uma série de críticas nas redes sociais.

O ator britânico Daniel Radcliffe, que interpretou o jovem bruxo Harry Potter no cinema, juntou-se às críticas: “Mulheres trans são mulheres. Qualquer declaração em contrário apaga a identidade e dignidade das pessoas trans”.

Rowling afirma ter recebido “milhares de e-mails de apoio de pessoas preocupadas com essas questões, tanto dentro quanto fora da comunidade trans, muitas das quais se sentem vulneráveis e preocupadas com a toxicidade dessas discussões”. (AFP)

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