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#OHMEUDEUX!

"Não sou humorista, faço humor, é diferente", afirma ator Jefferson Schroeder

Jefferson Schroeder tinha 17 anos e acabava de chegar de um teste malsucedido no Domingão do Faustão quando ouviu de uma suposta médium, amiga de sua avó, que ainda faria muito sucesso. Cético, não deu crédito à profecia. Obra do acaso ou do destino, 14 anos depois, o sucesso veio mesmo.

Parte dele se deve à viralização do making of da esquete de humor Fofoca de mãe, que o ator gravou para o canal Porta dos Fundos. A graça está na habilidade e na perspicácia demonstradas por Jeff  (como ele é conhecido) ao imitar as dublagens artificiais típicas dos filmes exibidos na Sessão da Tarde. “O caminhão passou em cima da cabeça do meu filho”, diz o artista, com voz feminina sexy, pouco antes de deixar o camarim para encarar a senhorinha fofoqueira do quadro escrito por Fábio Porchat.

A performance arranca gargalhadas de todos ao seu redor, sobretudo depois que ele justifica a inflexão sedutora. “Para fazer essas mulheres, tem que usar um tom de ‘sexo’, ainda que o texto se refira à pior tragédia do mundo!”, brinca. Com quase 600 mil visualizações, o vídeo está entre os campeões do canal exclusivamente criado pela trupe do Porta dos Fundos para divulgação de seus bastidores gravação.

O ator também é popular no Instagram. Sua conta reúne perto de 300 mil seguidores.
É lá que ele “solta” as diversas vozes e personagens que o habitam. Kate é seu mais famoso tipo. Dona do bordão “Oh meu Deus!”, ela deu origem a um espetáculo – Monólogos Kate Brian, solo de 20 minutos escrito e estrelado por Jeff, sob direção de Miwa Yanagizawa. “Muita gente me fala: ‘Ah, a Kate parece com tal dubladora’ ou ‘Parece com a personagem de tal filme’. Realmente, não sei de onde ela vem. Sabe quando você afina um violão? Acho que fui afinando esse registro de voz a partir de alguma memória que ficou na minha cabeça, algum filme”, diz o ator.

PICARETAGEM Meire Sabatine, protagonista de A produtora e a gaivota – outro monólogo de autoria de Jeff – também faz sucesso. Vencedora do Prêmio do Humor 2017/2018 nas categorias melhor texto e melhor performance, a montagem dirigida por João Fonseca gira em torno de uma produtora de teatro picareta, que odeia seu ofício.
Meire narra sozinha para o público a história de A Gaivota, célebre obra de Tchekhov, uma vez que, preso no engarrafamento, o elenco não consegue chegar ao teatro.

 

 

 

A rica “fauna” criada por Jefferson Schroeder inclui pelo menos mais 10 personagens, entre eles o bombeiro Brian, caricato americano com sotaque de “lugar nenhum”; e Roberta, musa fitness que sonha em construir uma creche-academia, onde crianças possam malhar.


DUBLAGEM A habilidade para forjar vozes ainda não rendeu ao catarinense de Canoinhas um convite para dublagem profissional. “Adoraria! Quero muito. Inclusive, ia amar fazer um filme dublando mais de um personagem”, afirma. Participações em comerciais, por sua vez, não têm faltado. A campanha para o aplicativo iFood, envolvendo três de seus personagens (Kate Brian, o adolescente Joshua e a psicóloga Kate Schwartz) rendeu quatro vídeos que, juntos, já somam quase 10 milhões de views no YouTube.

 

“O mais legal é que ajudei nos textos do produto, para que eles pudessem ficar com a minha cara. Isso foi muito importante. Às vezes, não consigo ter êxito em formatos de humor que me exigem um lugar que não tenho dentro mim. Esse estilo muito ‘clown’, por exemplo, não é comigo.”

 

 


O curioso é que o criador de tantas figuras divertidas rejeita o título de humorista.

Prestes a concluir a graduação em teatro pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro, ele teme que o rótulo lhe imponha limitações artísticas. “Os comediantes são muito amados no Brasil e admiro vários. Mas não sou humorista; faço humor. É diferente. Antes de tudo, sou ator e tenho vontade de encarar muitos outros projetos além desses que mantenho na cena do riso”, esclarece.

 

O cinema concentra boa parte de seus planos. Ainda neste ano, Jefferson estreia Crô – Em família, de Cininha de Paula; Pérola, de Murilo Benício, e D.A.S. – A divisão, de Vicente Amorim. Trabalhos já lançados, como o curta-metragem Aceito, de Felipe Cabral, atestam sua aptidão para papéis sérios. Nessa produção, Jeff vive um jovem gay que é surpreendido com uma proposta de casamento pelo namorado.


Na TV, o ator fez participações em Amor à vida (2013), Rock story (2016), Império (2014) e Sol nascente (2016). Integrante do grupo teatral Cia.

OmondÉ, ele sonha em expandir seus talentos para outros campos das artes. “Quero publicar livros adultos e infantis. Tenho, inclusive, um livro para crianças pronto. Também desenho, então devo ilustrar esse livro. Em algum momento da vida, quero cantar, quero dar aula… Eu quero tudo!”, diverte-se.

 

 

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