Museu do fracasso reúne coleção de ideias que não deram certo

Acervo exposto em Los Angeles tem lasanha Colgate, Coca-Cola Blak e até boneca inflável para aluguel. Donald Trump ganhou uma seção só para ele

Robin Beck/AFP
Robin Beck/AFP (foto: Robin Beck/AFP)
Você comeria um pedaço de lasanha Colgate? Muito provavelmente não. Portanto, não é de surpreender que a linha de alimentos congelados da marca de higiene bucal esteja agora no menu do Museu do Fracasso. A exposição estreou em junho, na Suécia, e agora está em cartaz em Los Angeles, nos Estados Unidos.


São cerca de 100 itens – de modelos de escala do Titanic e do carro do filme De volta para o futuro à máscara elétrica que supostamente rejuvenesce promovida pela atriz Linda Evans, da famosa série de TV Dinastia, exibida nos anos 1990.
Uma seção especial é dedicada às ideias de Donald Trump. Samuel West, diretor e curador do museu, chama-a de “o santuário do presidente americano”. Dentro da vitrine há Trump: The Game, um jogo de tabuleiro em cuja caixa vermelha se lê: “Estou de volta e você está despedido”.


Também há uma garrafa de vodca Trump, um livro de sua suposta universidade e um boné vermelho com o lema da campanha do candidato republicano à Presidência dos EUA, “Make America great again”.


“Trump construiu sua imagem de homem de negócios de sucesso, essa é a sua marca registrada. Mas se você analisa suas iniciativas nos negócios, vê uma série de desventuras, uma falha após a outra”, diz West.

COCA-COLA Também fazem parte da coleção o óculos do Google, um modelo da Nike que exigia que o usuário colocasse ímãs na pele, a Coca-Cola Blak (refrigerante à base de café) e a Crystal Pepsi, transparente.
Uma boneca esfarrapada, com olhos melancólicos e a mão estendida como se estivesse pedindo esmola, chama-se Little Miss No Name (Senhorita Sem Nome).


O público também vai se deparar com o Edsel, modelo da Ford da década de 1950, e com uma boneca sexual para locação. A empresa chinesa que a alugava assegurava que o objeto era lavado após cada uso.
Os visitantes podem escrever seus próprios fracassos em uma parede – ou “confessionário” –, onde é possível ler várias vezes: “Votei em Trump”. A exposição é cercada por mensagens que se resumem numa única ideia: não há nada de errado em falhar.


“Muitas falhas são necessárias ao longo do caminho para se chegar ao progresso tecnológico. O mesmo vale para a inovação social: como indivíduos, também fracassamos. E deveríamos aceitar isso”, afirma West. Ele conta que teve a ideia do museu porque estava “cansado das histórias de sucesso”.


A coleção se junta a outros curiosos “museus” de Los Angeles: de relacionamentos que acabaram, de coelhos e até da morte.

DOAÇÕES West não tem patrocinadores. “Empresas não querem ser associadas a um museu sobre o fracasso”, diz. Todas as semanas, ele recebe pacotes de doações para sua coleção. Certa vez, enviaram-lhe um saco de batatas fritas sabor café cappuccino.


A coleção é formada por 40% de doações e 60% de objetos adquiridos pelo próprio curador. (AFP)

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