Kalil dá a entender que decisão sobre 'Queermuseu' em BH será dele

Prefeito fez post no Twitter que parece se referir à afirmação do secretário de Cultura, Juca Ferreira, de que via 'com bons olhos' a possibilidade de a mostra suspensa em Porto Alegre vir para a capital mineira

por Pedro Galvão 13/09/2017 11:24

Alexandre Guzanshe / EM
(foto: Alexandre Guzanshe / EM)
Embora não passe de uma hipótese, a polêmica em torno da possibilidade da vinda da exposição "Queermuseu - Cartografias da diferença na arte brasileira", cancelada em Porto Alegre pelo Santander Cultural, para Belo Horizonte aumentou na manhã desta quarta-feira (13/9) por conta de um tuíte do prefeito Alexandre Kalil. ''Fofocas na internet geram o ódio, que continua dividindo este país 'grande e bobo'. Respeitemos todas as opiniões. Em caso de divergência, na Prefeitura, prevalecerá sempre a opinião do Prefeito'', declarou.


 

Sem citar a exposição diretamente, Kalil deu a entender que a decisão final sobre a possível vinda da 'Queermuseu' para BH será dele. Segundo a assessoria da Fundação Municipal de Cultura, Kalil teria inclusive ligado para o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, para tratar do assunto. Na terça-feira (12/9), Juca confirmou ao Estado de Minas que via "com bons olhos" a possibilidade da vinda da exposição para BH, dizendo que houve o contato com um amigo do curador, mas reforçando que era preciso avaliar as possibilidades para a vinda da mostra.

 

"Custa dinheiro trazer uma mostra desse porte para a cidade. Precisamos de um investidor, de patrocínio e de estudar um espaço cultural viável para abrigar a exposição", afirmou o secretário. Em seu perfil no Facebook, o sociólogo e ex-ministro da Cultura dos governos Lula (2008-2011) e Dilma Rousseff (2015-2016) levantou a bandeira a favor da exposição e afirmou que "diante de qualquer tentativa de censura à arte, a única coisa a não fazer é ceder". Ele disse ainda que é lamentável a decisão do Santander Cultural de fechar a mostra e afirmou ser "inadmissível que, no Brasil, ainda sejam praticados atos autoritários de interdição a obras de arte e a outras formas de expressão baseados na opinião de grupos moralistas, sectários, fundamentalistas religiosos":

 

 

De qualquer forma, a assessoria de imprensa do Santander Cultural já descartou a hipótese de a mostra "Queermuseu" vir para Belo Horizonte com o patrocínio do banco. De acordo com a assessoria, a exposição foi fechada por conta dos protestos e não há nenhuma possibilidade de reabertura, a não ser que o curador encontre outro patrocinador.

 

Aberta em Porto Algre, a mostra contava com mais de 270 obras, que exploram a diversidade dos gêneros, e estava prevista para ir até 8 de outubro no Santander Cultural, mas foi fechada no domingo, 10, depois de protestos de grupos religiosos, conservadores e do MBL (Movimento Brasil Livre). Na segunda-feira, 11, o Banco Santander comunicou que irá devolver à Receita Federal os R$ 800 mil captados via Lei Rouanet para a realização da exposição. Entenda a polêmica.

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