Em nota publicada em seu site oficial, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais informa que a decisão dos desembargadores levou em conta áreas, acessos, saídas e rotas de fuga necessários ao funcionamento do espaço em atendimento a normas de segurança e a diretrizes do Corpo de Bombeiros. O TJMG alega que o espaço não comporta o funcionamento, ao mesmo tempo, do teatro e dos plenários destinados às sessões do Órgão Especial, do Tribunal Pleno e das câmaras cíveis e criminais.
De acordo com o TJMG, no projeto está prevista a transformação do espaço do Klauss Vianna em auditório para abrigar as sessões do Órgão Especial e do Tribunal Pleno.
O secretário de estado da Cultura, Angelo Oswaldo, informou ontem que o tribunal assumiu o compromisso de ceder um terreno na esquina de Avenida Afonso Pena com Rua Trifana, no Mangabeiras, para a construção de um teatro com capacidade superior à do Klauss Vianna, que podia receber 350 pessoas. De acordo com o secretário, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Bitencourt Marcondes, explicou que o Edifício Presidente Tancredo Neves entrou em obras e é inviável manter um teatro ali.
“Quem fechou o teatro foi o governo passado, que entregou o prédio para o TJMG. Ali já estava se criando um grande problema. Tentamos de todas as formas preservar esse espaço, tão importante para a cidade e vamos buscar recursos para erguer a nova sede, seja por meio de leis de incentivo ou de patrocínio.
PROTESTOS Desde o anúncio da desapropriação do Edifício Presidente Tancredo Neves, artistas vêm se mobilizando para manter o Teatro Klauss Vianna. Audiências foram realizadas na Assembleia Legislativa e chegou-se a cogitar a permanência da casa de espetáculos. Bailarina e ex-integrante do Grupo Corpo, Regina Amaral ficou revoltada. “Temos o dever de nos posicionar contra essa medida arbitrária, tomada na calada da noite. A convocação para a sessão do pleno enviada aos desembargadores não continha o tema Teatro Klauss Vianna na pauta. Esse assunto foi ardilosamente enxertado na reunião. E a decisão, por unanimidade, assusta por demonstrar a total falta de sensibilidade do Poder Judiciário aos clamores da sociedade”, afirmou.
Fundadora do grupo de dança Primeiro Ato, Suely Machado diz que a decisão do TJMG reflete a atual situação do Brasil e o descaso com a cultura, a educação e a arte. “Houve falta de ética e profissionalismo nessa história. Foram feitas várias reuniões e o acordado conosco foi completamente oposto a tudo isso. O que mais me surpreende é um tribunal de Justiça cometer tamanha injustiça”, desabafou.
Para Suely, “não passa de promessa” o anúncio de construção de um espaço cultural na esquina de Avenida Afonso Pena com Rua Trifana. “Se for verdade, ficaremos felizes. Mas isso não justifica destruir algo que já está pronto e funcional para construir outro.
A produtora Patrícia Manata, da Cia. Suspensa, diz que o fechamento do teatro é uma derrota para a dança. “Por seu tamanho, o Klauss Vianna é um dos principais e melhores palcos para nós, dançarinos. Facilita para o artista e para a plateia. A dança mineira e belo-horizontina, referência no Brasil e no exterior, fica sem esse importante local. É com muita tristeza que recebo essa notícia. Faltou empenho do poder público”, afirmou. (Colaborou Carolina Braga)
PRAÇA DA LIBERDADE
No fim do ano passado, foi encerrada a parceria entre o governo de Minas Gerais e o Instituto Oi Futuro para ocupar o Palacete Dantas e o Solar Narbona, no Circuito Cultural Praça da Liberdade. Os edifícios históricos abrigariam a nova sede do instituto, que também deixou o Edifício Presidente Tancredo Neves. De acordo com o governo, problemas estruturais do terreno encareceram o projeto.
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