Aberto ao público, seminário sobre o papel dos artistas diante da crise começa na quinta

Evento propõe reflexões sobre novas maneiras de pensar o mundo

por Eduardo Tristão Girão 15/09/2015 08:30

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Marcos Vieira/EM/D.A Press
Dijon Moraes, reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais, é um dos convidados do seminário (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
É uma oportunidade especial. Poucas vezes artistas plásticos e profissionais ligados a esse universo se encontram para conversar com o público sobre o seu envolvimento com a arte, além de discutir motivações, tendências e mercado. O Estado de Minas se propõe a contribuir para esse amplo debate com a série de seminários 'Arte é Preciso', que começa na quinta-feira, às 19h30, em seu Espaço Cultural. Haverá transmissão simultânea pelo Portal UAI.


“O papel da arte na educação – A educação em tempo de crise” é o tema do primeiro seminário, que terá participação de Carlos Nagib (gerente-geral do Centro Cultural Banco do Brasil), Dijon Moraes (reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais), Priscila Freire (colecionadora de arte) e Stélio Lage (psicanalista e psiquiatra). A mediação estará a cargo de José Alberto Nemer, artista plástico e doutor pela Universidade de Paris.


Serão quatro encontros. Os outros estão programados para 24 deste mês e 1º e 22 de outubro, no mesmo horário e local. O acesso é gratuito, mediante inscrição prévia. As mesas terão variadas composições.


A ideia é do produtor de eventos Paulo Rossi, que sugeriu o ciclo de discussões para preceder o leilão beneficente de obras de arte em benefício da Jornada Solidária Estado de Minas, marcado para 10 de novembro, com o objetivo de arrecadar recursos para creches e entidades sociais da Grande BH.


“Além de valorizar o leilão, o seminário possibilita a quem gosta de arte aprender com esses nomes maravilhosos que aceitaram o nosso convite para integrar as mesas. É uma ótima oportunidade para conhecer melhor os artistas. Para a cidade, é um ganho enorme, e para o mercado de arte, também, pois os debates valorizam artistas e galerias. O jornal quer estimular a discussão cultural”, explica Isabela Teixeira da Costa, coordenadora da Jornada Solidária e Gerente de Comunicação Interna e Relacionamento do EM.

REFLEXÃO
Para José Alberto Nemer, que coordenará a primeira mesa, debates dessa natureza são importantes em tempos como os atuais, quando só se fala de crise. “A arte sempre se mostra uma saída estabilizadora da sociedade. Ela tem a função de instigar e, ao mesmo tempo, revelar o momento histórico. Hoje, o artista não é mais aquele sujeito fechado em sua torre de marfim, a produzir obras e expô-las. Ele tem papel social de decodificação e é militante, algo muito amplo”, completa.


A pluralidade de perfis é outro fator que tornará a conversa ainda mais rica, afirma Nemer. A começar por Stélio Lage, que conduzirá uma reflexão sobre arte e psicanálise, temas que ele pesquisa há anos.
“Depois da descoberta freudiana do inconsciente, surgiram dois movimentos influenciados pela psicanálise: o surrealismo e os autores que tomam o objeto de arte como uma forma de fazer interpretação histórica e subjetiva do artista, algo bastante questionável, aliás. Aí, entra o seguinte questionamento: a psicanálise tem algo a dizer à arte? E o contrário? Isso é sucinto, mas é uma coisa forte. Também cabe questionar o que é arte e até onde vai o autor”, resume Stélio Lage.

COMPROMISSO
Cada participante terá cerca de 10 minutos para falar, embora as abordagens possam se desdobrar por mais tempo. Doutor em design pela Universidade Politécnica de Milão, na Itália, Dijon Moraes optou por um recorte: discorrerá sobre a fronteira entre arte e design.


“São duas áreas de conhecimento distintas. Embora o público costume confundi-las, elas se influenciam. Artista faz arte para si mesmo, não tem e nem deve ter compromisso com o outro. No caso de quem projeta um produto, é o contrário. Essa é a grande diferença. São dois campos distintos que convivem”, esclarece Moraes.


Carlos Nagib, gerente do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), tem aproveitado o movimento de artistas pelo espaço para fazer a seguinte pergunta a cada um deles: “Por que a arte é necessária?”. As respostas vão contribuir para o seminário.


“Venho elaborando um painel interessante com essas ideias. Parece uma questão fácil, mas as respostas nos instigam a descobrir o que as pessoas pensam. A pergunta cabe tanto para quem produz quanto para quem desfruta da arte”, afirma Nagib.


Ex-diretora do Museu de Arte da Pampulha (MAP), Priscila Freire traçará um paralelo entre arte popular e aquela intelectualizada. “As qualidades de ambas são comparáveis, a diferença é que a popular é mais espontânea. Como diz Ferreira Gullar, a arte existe porque a vida não basta”, conclui.

 

SEMINÁRIO ARTE É PRECISO

Abertura quinta-feira, às 19h30. Espaço Cultural do Estado de Minas, Avenida Getúlio Vargas, 291, Funcionários. Entrada franca mediante apresentação de convites. O credenciamento pode ser feito pelo e-mail jornada@uai.com.br. Vagas limitadas. Informações: (31) 3263-5700, das 9h30 às 12h e das 14h30 às 18h.


PROGRAMAÇÃO

>> QUINTA-FEIRA
Com Carlos Nagib, gerente-geral do Centro Cultural Banco do Brasil; Dijon Moraes, reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais; a colecionadora Priscila Freire; e Stélio Lage, psicanalista e psiquiatra. Mediação: José Alberto Nemer (artista plástico e doutor pela Universidade de Paris).

>> 24/9
A mesa apresentará interessante contraste. Estarão presentes a jovem grafiteira Criola e a escultora Lêda Gontijo, de 100 anos. Também participam os artistas plásticos Mário Zavagli e   Paulo Laender. Mediação: de Carlos Volney (vice-diretor da Escola Guignard).

>>  1º/10
Com os artistas plásticos Thales Pereira, Andréa Lanna e Fernando Lucchesi. Mediação: Rodrigo Vivas (diretor do Centro Cultural UFMG).

>> 22/10
Com Tadeu Bandeira, diretor do Centro de Arte Popular Cemig; o designer Gustavo Greco, a historiadora Letícia Julião e a arquiteta e decoradora Patrícia Hermanny. Mediação: Marco Túlio Resende (artista plástico).

MAIS SOBRE E-MAIS