'As noviças rebeldes' ganha nova montagem, atualizada pelo diretor Wolf Maia

Pioneiro dos musicais no país, diretor também se ao palco, dá aula de teatro e comanda telenovelas

por Ana Clara Brant 19/06/2015 11:45

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Páprica/divulgação
Comsessões neste fim de semana no Teatro Sesiminas, o musical 'As noviças rebeldes' aposta no gosto do brasileiro por espetáculos bem-humorados (foto: Páprica/divulgação)
Muito antes de a febre de musicais invadir o Brasil, o ator e diretor Wolf Maya já apostava no gênero. Um de seus trabalhos mais conhecidos e remontado várias vezes, 'Blue jeans' lançou Fábio Assunção, Maurício Mattar, Marcos Pasquim, Alexandre Frota e Humberto Martins, na década de 1980. Agora, Wolf decidiu retomar um projeto de sucesso, que estreou em 1987 e, 10 anos depois, ganhou versão da Cia. Baiana de Patifaria com elenco masculino. 'As noviças' rebeldes está de volta, estrelado por Soraya Ravenle, Sabrina Korgut, Maurício Xavier, Helga Nemeczyk, Carol Puntel e Drica Mattos. De sexta a domingo, o musical poderá ser conferido no Teatro Sesiminas, em BH.

De origem norte-americana, o fenômeno internacional foi visto em 26 idiomas em cerca de oito mil produções. “Dirigi as três montagens de 'As noviças rebeldes' no Brasil, ele virou um dos clássicos do teatro musical. A gente faz uma graça muito afetiva. Há uma simpatia e uma catarse muito interessantes por parte do público. O engraçado é que sempre fui solicitado a remontá-la”, conta Wolf. A peça conta a história de cinco freiras que deixam a Irmandade Salue Marie para jogar bingo em outro convento. As 52 religiosas que lá permaneceram acabam mortas por botulismo. As sobreviventes descobrem um desfalque da madre superiora e que há dinheiro para enterrar só 48 colegas. Elas têm de se virar para conseguir o restante, em meio a coreografias que vão do balé clássico ao sapateado.

Wolf Maia conta que manteve a essência do musical em todas as três versões, mas sempre procurou um diferencial. A primeira montagem enfrentou várias substituições no elenco de 30 pessoas. “A peça ficou tanto tempo em cartaz que a gente tinha de revezar os atores. Só madres superiores foram cinco. Isso trouxe um frescor”, recorda. Na segunda vez, só homens da Cia. Baiana de Patifaria subiram ao palco, algo inédito. “A peça teve tanto êxito que eles foram convidados para se apresentar na Broadway, em Nova York. Foi a primeira vez que As noviças rebeldes teve elenco masculino. Os norte-americanos gostaram tanto que também montaram a sua versão só com homens”, destaca.

Depois de todas essas experiências, Wolf Maya achou que já tinha feito tudo com As noviças.... Até ser procurado por uma nova geração de artistas interessados em remontar o texto. “É um elenco supertalentoso. Os atores viram as outras montagens e estão muito bem preparados. Talvez eles sejam os que cantem melhor”, opina. O sucesso da produção, acredita, está nos temas que ela aborda, como a força de vontade e a fé.
 
Musical atrai os jovens
 
Wolf Maia diz que nunca deixou de acreditar nos musicais. Além de ter dirigido vários, vê os alunos da escola de teatro que leva seu nome, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, se dedicarem a produções do gênero. No segundo semestre, na sede carioca, será inaugurado o Teatro Nathalia Timberg, espaço preparado para receber esse tipo de espetáculo. A estreia será com 33 variações, de Moises Kauffman, sobre Beethoven e estrelado pela própria Nathalia.

O diretor e ator vê aspectos negativos e positivos na febre brasileira de musicais. Para ele, os novos atores estão mais preparados do que os antigos devido à formação mais  completa. Eles estudam interpretação, literatura, expressão corporal e canto. “No período da censura, o gênero ficou um pouco abafado. Agora, quando temos material humano e estrutura, ele voltou com força total”, observa.

O comportamento do público é outro fator. “Ultimamente, as pessoas têm procurado mais se divertir do que propriamente refletir. Talvez por isso o teatro de pensamento não seja tão procurado. O musical vem ao encontro disso. Sem falar que, por meio dele, contamos um pouco da trajetória de várias figuras importantes da nossa história. Nem sempre todos os espetáculos são bons, mas é uma forma interessante de sabermos mais sobre nossos artistas”, resume.
 
Alto-astral dá ibope

Além de comandar peças e musicais, o goiano Wolf Maya dá aula em sua escola de atores, no Rio de Janeiro, e se dedica à televisão. Ele dirigiu as novelas 'A viagem', 'Duas caras', 'Amor à vida', 'Barriga de aluguel', 'Mulheres de areia' e 'Cobras & lagartos', além das minisséries ' Hilda Furacão', 'O quinto dos infernos' e 'Desejo'. Atualmente, dirige 'I love Paraisópolis', a trama das 19h da Globo.

A novela, que tem Bruna Marquezine e Caio Castro como protagonistas, é a melhor estreia do horário desde Cheias de charme (2012). O folhetim tem mais audiência do que Babilônia, exibida no horário nobre da emissora.

Gilberto Braga, autor do folhetim das 21h, declarou: “Sofro a humilhação pública diária de perder para 'I love Paraisópolis'.” Porém, Wolf afirma que a audiência não é um fator primordial. Para ele, não se pode medir o nível de absorção e de paixão que uma produção provoca apenas pelo ibope.

No entanto, não deixa de comemorar a performance. “É um êxito enorme, porque ela tem audiência alta para um horário difícil. Mas esse fenômeno é muito volátil. A gente espera um sucesso danado de certas novelas, investe, mas o resultado fica abaixo do esperado. Em compensação, há aquela que ninguém dá nada e o ibope é grande. Isso é relativo”, comenta.

O diretor se diz admirador de Gilberto Braga e afirma que o espectador brasileiro pode estar buscando leveza, humor, alegria e sentimento positivo nas novelas – justamente os ingredientes de 'I love Paraisópolis'. “Gilberto sempre foi muito polêmico, figura à frente de seu tempo. Ele é um campeão de audiência. Acho que neste momento atual do Brasil as pessoas não querem mais tanta desolação, figuras de caráter torto, falcatruas e maldades. A novela das sete vem ao encontro disso. Ela é leve, fala da busca de sonhos, trata da classe C e D, os personagens são pra cima, românticos, e ainda há a questão da juventude. Queria esse olhar, essa pitada de esperança. Estamos muito felizes com o resultado”, conclui.
 
AS NOVIÇAS REBELDES
Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 18h. Teatro Sesiminas, Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, (31) 3241-7181. Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Informações: pela internet, no link. Classificação indicativa: 14 anos.

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