A mostra reúne 18 obras, 15 delas bronzes e três feitas com aço dourado polido. São estudos, em formato menor do que o original, de esculturas que o artista fez para projetos importantes. Vários deles para Oscar Niemeyer, amigo e admirador fiel da obra de Alfredo Ceschiatti. Entre essas estão 'Banhistas', instalada no Palácio do Planalto, e anjos e evangelistas feitos para a Catedral de Brasília. Também integra a exposição 'Abraço', peça que, segundo reza a lenda, foi durante muitos anos considerada imoral, até ser instalada nos jardins internos do Museu da Pampulha.
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A exposição surgiu, como conta Margareth Monteiro, que assina a curadoria junto com Janine Ojeda e Aldo Araújo, em razão do interesse do Museu Mineiro em destacar um artista ainda pouco conhecido em Ouro Preto e região. A pesquisa acabou levando ao nome de Alfredo Ceschiatti, que morou em Ouro Preto, além de ter uma irmã que vivia na cidade (o cunhado chegou a ser diretor da Escola de Minas).
“Alfredo Ceschiatti é bem conhecido no meio dos artistas, mas pode e deve ser mais conhecido pelo público em geral”, defende Margareth Monteiro, contando que o escultor foi um homem despreocupado com publicidade em torno do que fazia. A força do artista, para a curadora, está no fato de as esculturas terem identidade autoral. “É um artista que imprime na estética moderna elementos barrocos”, afirma, lembrando-se de panejamentos, faces, movimento de asas de anjos que remetem à estética do século 18.
“Nas peças menores, até mais do que nas maiores, pode-se ver com clareza e riqueza de detalhes a arte de escultor caprichoso, que busca, nas formas humanas, simetrias e movimento”, observa a curadora. A pesquisa revelou um artista respeitado, com publicações e teses sobre sua obra, mas carente de registros audiovisuais.
Amizade com Niemeyer
Amigo e parceiro em suas obras, o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) escreveu a respeito de Alfredo Ceschiatti: “Como dois bons amigos, vamos caminhando pela vida. Eu, absorvido pela arquitetura, inventando formas, brincando com o concreto armado; ele, a fazer suas esculturas. Essas mulheres lindas, barrocas, cheias de curvas. Como gosto de vê-las!”.
A amizade entre os dois começa em 1944, com um convite para que Ceschiatti fizesse o baixo-relevo da Igreja de São Francisco de Assis. É de autoria dele a escultura 'Pampulha', que está em frente ao Museu da Pampulha, marco inaugural do modernismo arquitetônico em Minas Gerais. E, ainda, Abraços. Além de BH e Brasília, há trabalhos do escultor em São Paulo, como no Memorial da América Latina.
Ganha, em 1945, com o baixo-relevo realizado para a igreja São Francisco (MG), o prêmio de viagem ao exterior no 51º Salão Nacional de Belas Artes (RJ). O artista permanece na Europa entre 1946 e 1948. Na volta, realiza a primeira exposição individual na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RJ). O artista participa, ainda, da 2ª Bienal de São Paulo e do 2º Salão Nacional de Arte Moderna. A partir de 1960, leciona escultura e desenho na Universidade de Brasília (UnB).
Esculturas de Alfredo Ceschiatti
Esculturas, desenhos, fotos, documentos e livros. Abertura nesta sexta, às 20h30. Sala Manoel da Costa Athaide, Anexo 1,
Museu da Inconfidência. Rua Vereador Antônio Pereira, 33, Centro Histórico. De terça a domingo, das 10 às 18h.
De sábado a 26 de julho. Entrada franca.