Bruno Vilela, criador e coordenador do evento junto com Guilherme Cunha, diz que a proposta é pensar o impacto das imagens na esfera social. Como na primeira edição, e diferentemente de iniciativas do gênero que trabalham a partir de convites aos artistas, a seleção dos trabalhos será feita por meio de inscrições – que estão abertas até o dia 3 de julho.
“Nossa proposta é observar como ocorre a política das imagens, do ponto vista da prática e do pensamento”, afirma Vilela. O interesse, sem abolir as práticas mais conhecidas da fotografia, é por trabalhos que, além de dialogar com outros campos do conhecimento, carreguem a intenção de construir um discurso “não ilustrativo, mas complexo, criativo, denso”, a respeito do mundo. “Mas tudo vai depender do material que recebermos”, observa.
CAMPO AMPLIADO A ênfase das oficinas recairá sobre a experimentação. “A ideia é pensarmos além do equipamento fotográfico. Atividades que contribuam para que o artista possa fazer o que ele quer e não só o que o equipamento o deixa fazer”, argumenta. “Nossa proposta é pensar a fotografia, mas dentro do campo ampliado da imagem, como produção de conhecimento, de reflexão, de construção do pensamento, de expressão de pontos de vista sobre o mundo”, explica. A seleção e a organização das mostras é feita por Vilela, Guilherme Cunha, Eduardo de Jesus e Patrícia Azevedo.
Na avaliação dos organizadores, o primeiro FIF/BH conseguiu propor novas discussões e, ao mesmo tempo, apresentar um conjunto representativo das práticas da fotografia hoje, em especial seus cruzamentos com as artes visuais.
Outro aspecto positivo, segundo os idealizadores, foi realizar a mostra em vários locais, entre eles estações do metrô, em sintonia com as propostas de democratização do acesso à arte e ações coordenadas para a formação de público. Dor de cabeça foi (e continua sendo) levantar recursos.
Bruno Vilela conta que a primeira edição do FIF/BH teve um momento dramático: o encerramento da mostra, que implicou destruir as cópias dos trabalhos enviados pelos artistas a Belo Horizonte. O processo foi documentado. “Foi até tenso. Mas as obras têm valor de mercado. Há acordos entre os artistas e galerias quanto à tiragem e não há como ficar inserindo cópias neste circuito”, conta. O FIF/BH tem o direito de mostrar as imagens durante um ano. Vencido esse prazo, elas têm de ser destruídas.
BR-381 é tema de exposição
A exposição Paisagem ambulante 381, fotos de Daniel Moreira, será aberta hoje, no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia. Traz 38 imagens, em diversos formatos, realizadas entre 2011 e 2015, reunindo paisagens e personagens que vivem, moram ou trabalham em torno da BR-381.
As fotos, em preto e branco, procuram observar tipos humanos, estilos de vida e transformações proporcionadas pela interação entre pessoas e paisagens. “Trata-se de um estudo sobre a ocupação humana em lugares inóspitos”, afirma o fotógrafo.
Daniel Moreira tem 36 anos e começou a fotografar aos 15. Formado em comunicação social, vive e trabalha em Belo Horizonte. Com relação aos fotógrafos que admira, cita Gregory Crewdson, Richard Avedon e Augst Sander. “Todos pelo discurso plástico consistente e boa técnica”, explica. Entre os ensaios fotográficos já realizados estão Cara da saudade, além de um trabalho a partir de objetos jogados em rios. Paisagem ambulante 381 valeu ao fotógrafo o 14º Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2014).
Paisagem ambulante 381
Fotos de Daniel Moreira – Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (Av. Afonso Pena, 737, Centro, (31) 3236-7400). De terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h. Até 7/6. Entrada franca.