Enrique Diaz volta ao cartaz com peça que investiga lado escuro das emoções humanas

No monólogo 'Cine_Monstro', com texto do canadense Daniel MacIvor, ator interpreta 13 personagens

por Ana Clara Brant 31/03/2015 09:00

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GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO
Enrique Diaz em cena do monólogo Cine_monstro, que terá única apresentação emBHamanhã. Ator também promoverá bate-papo, na quinta (foto: GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO)
É notória a admiração do ator e diretor Enrique Diaz pelo dramaturgo canadense Daniel MacIvor. Depois de dirigir 'In on it' e 'À primeira vista', Diaz decidiu encenar 'Cine_Monstro', o primeiro monólogo de sua carreira, que também é um texto de MacIvor. O espetáculo, que Diaz apresenta desde 2012 e com o qual esteve no Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte no ano passado, volta à capital mineira, nesta quarta-feira, para uma única apresentação no Cine Theatro Brasil Vallourec.

“Em 2014, a gente fez uma temporada de mais dias e em um espaço menor em Belo Horizonte. Agora, é um teatro maior. Por isso é apenas um dia. É um espetáculo que exige muita concentração do público, porque é muito texto, mas acredito que vá ser uma experiência bem interessante”, diz. O ator também fará um bate-papo em BH, na quinta.

Apesar de não considerar uma trilogia, porque as montagens não são continuações, Enrique conta que vê ligações e pontos em comum entre as três. O ator destaca várias qualidades de Daniel MacIvor, como seu texto, seu olhar sobre o humano cheio de contradições e o humor misturado com o drama.

“Sem falar que ele provoca o espectador no melhor sentido; ele sempre tira um pouco o tapete, dá um susto e relativiza o ponto de vista dos próprios personagens. MacIvor tem um trabalho de estruturação das peças muito elaborado, tem diversos lances temporais e joga com uma espécie de quebra-cabeça”, afirma.

No entanto, no caso de 'Cine_Monstro', segundo Diaz, seu teor mais provocativo vem de seu foco no mal, o que, na opinião dele, é gratificante para o ator. “A peça aborda o terror, o mal, a violência, o suspense, mas com muito humor. Reconhecer o mal em si próprio não é algo fácil”, admite.

13 PERSONAGENS
Pela primeira vez em um solo, Diaz dá voz a uma espécie de mestre de cerimônias, que recebe a plateia para narrar histórias que se cruzam. Ao contá-las, ele se transforma em 13 diferentes personagens. O canadense escreveu a peça na década de 1990 para ser feita por um ator só – ele mesmo, que tem no currículo mais sete monólogos.

“Achei que essa montagem seria um exercício bacana como ator. Como eu já tinha dirigido duas anteriormente, era a hora de voltar aos palcos. Mas, a priori, eu não tinha a ideia de fazer um monólogo. Simplesmente aconteceu. É muito interessante conhecer o texto e saber que o público vai traçando relações entre os diferentes personagens e histórias, até perceber que o quadro geral revela uma série de coisas que não estavam previstas no início”, analisa.

O nome original em inglês é Monster, mas Enrique Diaz sugeriu acrescentar o Cine pra fixar a ideia do cinema e fazer uma brincadeira com a plateia. Durante o espetáculo, há projeções, efeitos sonoros e um delicado trabalho de microfonia. “‘É como se fosse um cinema em 3D, com as imagens sendo projetadas e o ator à frente. Cria uma lente para o público”, explica o ator, que também é responsável pela direção e a iluminação.

CARREIRA Filho de um diplomata paraguaio, Enrique Diaz tem uma carreira consolidada no cinema e, sobretudo, no teatro. Neste ano, fez seu papel de mais destaque na TV, Cláudio Drummond, o empreiteiro sem escrúpulos da minissérie Felizes para sempre?.
Diaz diz que esse trabalho foi especial por vários motivos: um personagem interessante e muito atual, bem escrito, uma boa história, um diretor conhecido e muito respeitado (Fernando Meirelles). Mas pondera que cada papel tem a sua relevância.

“O Cláudio teve um contorno que fez a coisa ficar especial. Ele tinha uma centralidade, eu gravava muito e, principalmente durante a exibição, as pessoas vinham falar bastante comigo e de uma maneira mais direita e espontânea”, comenta. No entanto, Diaz diz que o sucesso na TV não modificou sua vida, ao contrário do que muitos imaginam. “(TV) é uma coisa de massa. Não sei o quanto mudou (a percepção do público sobre ele) e isso, no fundo, não diz respeito a mim. Prefiro não me preocupar tanto com isso. Senão, entra num canal que atrapalha.”

Além de continuar em turnê com Cine_Monstro, o ator deve repetir neste ano a experiência de dirigir uma novela. Em 2013, ele codirigiu Joia rara. “Ainda não está certo, mas há essa perspectiva. É uma dinâmica completamente diferente da do teatro, mas é bacana também. Vamos ver se dá certo”, diz.

Cine_Monstro

Nesta quarta-feira, às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, Centro). Ingressos: R$ 40 (inteira) e $ 20 (meia). Informações: 31) 3201-5211. Classificação: 16 anos

Bate-papo com Enrique Diaz

Dia 2 de abril, das 11h às 14h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto) Acesso gratuito (não há necessidade de inscrição prévia). Sujeito a lotação: 80 lugares. Informações: (31) 3481-5580

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