BH abriga salão de jovens artistas que ainda não conseguiram ingressar no mercado paulistano

Galeria Orlando Lemos apresenta hoje 6º Salão dos Artistas Sem-Galeria. Foram escolhidos 10 nomes, entre 145 inscritos

por Walter Sebastião 07/03/2015 08:00

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 Orlando Lemos Galeria/DIVULGAÇÃO
Obra de Andrey Zignatto, que participa do 6º Salão dos Artistas Sem-Galeria (foto: Orlando Lemos Galeria/DIVULGAÇÃO)

A Galeria Orlando Lemos apresenta hoje os trabalhos dos nomes selecionados para o 6º Salão dos Artistas Sem-Galeria. São eles: Andrey Zignnatto, Charly Techio, Cida Junqueira, Evandro Soares, Fernanda Valadares, Lucas Dupin, Marcos Fioravante, Myriam Zini, Piti Tomé e Thais Graciotti.

Eles foram escolhidos entre 145 inscritos, por um júri formado pelos curadores Enock Sacramento, Adriano Casanova e Mario Jioia. O único critério para se inscrever no salão é não ser representado por nenhuma galeria em São Paulo.

O perfil dos artistas que participam do salão, como explica Celso Fioravanti, editor do guia Mapa das artes e coordenador do salão, é de jovens com informação sobre arte e o meio em que atuam. São autores que conseguem avançar na carreira no circuito institucional (via salões, editais, residências etc.), mas encontram dificuldade de acesso às galerias.”Como gerenciar uma galeria envolve muito trabalho, elas tendem a deixar a pesquisa (de novos nomes) em segundo plano”, observa, lembrando que muitos dos espaços se valem de curadores ou têm assessoria deles. Esse método “muitas vezes, não deixa espaço para o artista chegar e apresentar o que faz”, afirma. Para muitos, a solução é fazer mestrado e doutorado e seguir a carreira acadêmica.

Na opinião de Fioravanti, é essencial para o artista ter a representação por uma galeria. “Isso responde por 50% da carreira dele, já que as galerias cuidam de dar visibilidade e promoção ao trabalho do artista”, explica. Por isso mesmo, o fato de um país grande como o Brasil ter um pequeno número de galerias é um problema. O curador avalia que a situação não melhorou desde que ele criou o salão, há seis anos.

“Mas também existem galerias fortes, atuantes, persistentes, que enfrentam os desafios postos num mercado como o brasileiro”, avalia. Entre os desafios, ele cita a pouca ênfase na educação e na cultura e a concentração de renda. O jornalista critica, ainda, o provincianismo expresso no comportamento de galerias, que ficam sempre em torno dos mesmos colecionadores e não investem em outras praças

Com relação ao trabalho dos artistas selecionados, Fioravanti conta que gosta muito quando são mais comerciais, com a perspectiva de agradar ao público e às galerias. “É um evento dedicado aos sem galeria”, justifica. Ele também valoriza características como alguma inovação, boa fatura, técnica, atuação com várias linguagens, “mas conhecendo os meios de que se utiliza”.

SEM GALERIA?

Orlando Lemos, proprietário da galeria onde está sendo apresentado o salão, pondera que, entre os artistas que estão na exposição, há autores representados por galerias em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em Goiânia, no Recife e em Porto Alegre. Ele considera natural a busca dos artistas por galerias em São Paulo, já que se trata do maior mercado brasileiro. Na avaliação de Lemos, o Brasil possui um bom número de galerias, “que precisam dar mais espaço para os jovens autores, tem que ter mais compromisso com as novas gerações”. Ele defende que “as galerias podiam arriscar mais, apostar mais”.

Jovens artistas costumam ser preteridos porque sua inserção no mercado exige mais trabalho do galerista, aponta Lemos. “Como não são conhecidos, você precisa investir, contextualizar”, observa. O cartão de visita do artista jovem, que ainda não tem um currículo, explica, é o trabalho em si. “E como ele conduz a carreira”, acrescenta. Como, por exemplo, o cuidado de reconhecimento que vem de mostras em museus, participação em editais, ter obras em coleções públicas. “Aspectos que, às vezes, são mais importantes do que expor numa galeria, algo que tem peso, mas não é ‘o’ mais importante.”


6º Salão dos Artistas Sem-Galeria


Coletiva. Sábado (dia 07), das 12h às 18h. Orlando Lemos Galeria de Arte, Rua Melita, 95, Jardim Canadá, (31) 3224-5634 e 3581-2025. Segunda a sexta, das 10h as 19h; aos sábados, das 11h às 17h: domingos, das 12h as 16h. Entrada gratuita. Até dia 29 de março.

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