Grupo Corpo celebra 40 anos com duas coreografias

Nas trilhas, composições de Marco Antônio Guimarães, música inédita do Skank e interpretações do Uakti e da Filarmônica

por Ailton Magioli 18/12/2014 08:00

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Euler Junior/EM/D. A PRESS
Marco Antônio Guimarães reuniu-se com Rodrigo Pederneiras para mostrar sua composição para o novo balé do Grupo Corpo (foto: Euler Junior/EM/D. A PRESS)
Ainda sob o efeito dos exatos 46 minutos e 45 segundos de duração da nova peça que Marco Antonio Guimarães compôs para o Grupo Corpo, Rodrigo Pederneiras deixou o Estúdio Bemol, na Serra, Centro-Sul de Belo Horizonte, na tarde de terça-feira, consciente de que jamais havia ouvido algo do gênero.

“Nossa, é das coisas mais geniais que já ouvi. De formato completamente diferente”, disse a respeito da trilha sinfônica que uma das companhias de dança contemporânea mais importantes do país irá unir à também inédita que o Skank vai compor para a montagem do espetáculo comemorativo dos 40 anos de atividades, no ano que vem.

Autor de 'Uakti' (1988), '21' (1992), 'Sete ou oito peças para um ballet', com Philip Glass (1994), e 'Bach' (1996), Marco Antônio Guimarães foi convocado pelos irmãos Rodrigo (coreógrafo) e Paulo Pederneiras (diretor artístico) para compor a trilha que, além do Uakti, conta com a participação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (OFMG), sob a regência de Fabio Mechetti.

A peça, que deverá ser a segunda coreografia do novo espetáculo do Corpo, cuja abertura provavelmente será feita com a de autoria de Samuel Rosa & Cia., do Skank, vai unir duas vertentes musicais (sinfônica e pop) que, por mais que possam ter se distanciado, andam cada dias mais próximas na cena nacional. A trilha de Marco Antônio, que mescla instrumentos de orquestra com os do Uakti, feitos à base de PVC e outros materiais, tem tudo para impactar.

Grandeza Recém-chegados da turnê de 45 dias pela Europa, com direito a passagens por Inglaterra e Alemanha, os bailarinos do Corpo entraram de férias na terça-feira, retornando ao trabalho em 19 de janeiro, quando irão embarcar para uma nova turnê, com apresentações previstas na França e nos Estados Unidos.

Em abril, eles iniciam os ensaios das duas novas coreografias que irão compor o espetáculo inédito, ainda sem título, cuja estreia ocorrerá em agosto. “Agora é a minha vez de entrar em ação”, disse Rodrigo a Marco Antônio. “O meu papel agora é dormir com ela”, acrescentou a respeito da trilha, em tom de brincadeira. “Escutar, escutar, escutar”, explicou o processo de criação da nova coreografia, enquanto a do Skank será entregue à jovem coreógrafa Cássia Abranches, que também foi bailarina do Corpo.

“Nada melhor do que apresentar a pessoa que vai ficar em meu lugar”, justificou o apoio à jovem, que é casada com o filho de Rodrigo, Gabriel Pederneiras, que já divide com o tio Paulo Pederneiras funções como produção e iluminação na companhia. Na opinião de Rodrigo, a nova composição de Marco Antônio Guimarães para o Corpo é de uma grandeza impressionante.
 
Improvisação
“Vou ter de tirar dúvidas com ele”, anunciou o coreógrafo, impressionado, principalmente, com a questão rítmica da nova trilha. Se em 21 o mago do Uakti explorou a divisão em sete, agora, em alguns momentos, Marco Antonio Guimarães optou pela divisão em 11. “É uma ideia antiga de trabalhar com figuras geométricas”, explica o compositor, que em determinado trecho da composição explora 11 tempos, em frases de 11.

 “É uma divisão diferente, mas tem uma lógica”, pondera o músico, salientando que a divisão em 11 é a versão sinfônica do trabalho que ele fez antes e depois de 21. De acordo com o compositor, a nova dezena explorada por ele partiu da ideia de partituras que estimulassem a improvisação. “Que fosse exata e valorizasse figuras geométricas como o triângulo, quadrado, hexágono”, acrescenta Marco Antônio Guimarães, que, para chegar à nova dezena explorada musicalmente, pegou a régua e foi desenhando e fazendo combinações entre as figuras geométricas.

Segundo relata, “o pessoal (músicos) pegou rápido a ideia dele e começou a improvisar” em cima das figuras. Vale ressaltar que, de acordo com Marco Antônio, a exploração das divisões em 11 está no final de trilha composta por ele. Já remasterizada, ela deverá ser lançada em CD, juntamente com a do Skank, na estreia do espetáculo comemorativo das quatro décadas da trajetória do Corpo.

Sobre a composição de Samuel Rosa & Cia., Rodrigo diz que o convite à banda pop partiu do desejo de ter “uma coisa mais nova, mais aberta” no aniversário de 40 anos da companhia. Já a criação de Marco Antônio, finalizada e reunida em partituras, de acordo com o compositor, ocupa publicação comparada ao praticamente extinto catálogo telefônico. Imagina o resultado!

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