Livro conta histórias da Rádio Inconfidência, que está no ar há 78 anos

Funcionário da emissora desde 1948, Ricardo Parreiras diz que os estúdios são a sua própria casa

por Ana Clara Brant 17/12/2014 08:30

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Ignácio Costa/divulgação
"Aprendi a cantar ouvindo rádio. Imitava os artistas, mas desenvolvi a minha própria técnica", Ricardo Parreiras, radialista (foto: Ignácio Costa/divulgação)
Quando morava em Bonfim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o menino Ricardo Parreiras – que, na época, ainda atendia por José, seu nome de batismo – encantou-se com o rádio, objeto que passaria a fazer parte de sua vida.

“Ouvi rádio pela primeira vez na casa do vizinho. Fiquei doido. A partir daquele dia, todos os fins de tarde, eu e os outros meninos íamos pra lá para escutar a Inconfidência, a mais potente de Minas naquela época. A gente acompanhava 'A hora do fazendeiro', músicas de artistas como Orlando Silva. Fui me intrigando e me apaixonando cada vez mais”, recorda o radialista.

Essas e outras histórias fazem parte do livro 'O gigante do ar – A história da Rádio Inconfidência', narradas por ele e outros “radiomaníacos”, como o presidente da emissora, Valério Fabris, que editou a publicação, Tutti Maravilha, Beth Seixas, Chico Lobo, Pedro Lobato, Renato Las Casas, Jorge Fernando dos Santos e Flávio Henrique Silveira. A obra, com texto de apresentação assinado pela secretária de Estado da Cultura, Eliane Parreiras, vai ser lançada hoje, na Academia Mineira de Letras. Exemplares serão distribuídos gratuitamente aos presentes.

Esta é a primeira publicação completa sobre a Inconfidência. A trajetória de Ricardo Parreiras se confunde com a história do rádio mineiro e, claro, da emissora, onde ele trabalha desde 1948. Seu primeiro emprego lá foi como cantor. “Aprendi a cantar ouvindo rádio. Imitava os artistas, mas desenvolvi a minha própria técnica”, conta.

Quando Parreiras ingressou na emissora, a sede ficava na Feira Permanente de Amostras, onde hoje está a Rodoviária de Belo Horizonte. “Depois, foram surgindo oportunidades. Certa vez, me viram contando piada nos corredores e me convidaram para participar de um programa humorístico”, lembra Ricardo. O primeiro aparelho que ele comprou pertencia ao pai do ex-governador Antonio Anatasia, dono de uma casa comercial no Centro da capital.

CLUBE DA SAUDADE Ao longo dos anos, o radialista exerceu vários cargos na emissora: foi chefe dos locutores, produtor de programa de humor, produtor de programas musicais e diretor artístico. Atualmente, apresenta e produz o 'Clube da saudade', há nove anos em cartaz e transmitido todas as noites.

“Já virei móvel de utensílio da Inconfidência, de tanto tempo que estou aqui. Fiz de tudo, só não narrei futebol. Pode parecer lugar-comum dizer isso, mas passo mais tempo na Inconfidência do que na minha casa. Adoro. O livro vai trazer não só esses meus casos, mas os dos meus colegas também. As pessoas vão conhecer um pouco sobre a rádio pelos depoimentos de todos nós”, resume.

Ricardo trabalhou em cinco sedes da Rádio Inconfidência: Feira de Amostras, no Centro; Edifício Dantés, na Avenida Amazonas, no Centro; Rua São Paulo, em Lourdes; Rua Paraíba, na Savassi; e Avenida Raja Gabaglia, no Bairro Luxemburgo. Agora, espera ter fôlego e saúde para bater ponto na Estação da Cultura Presidente Itamar Franco, no Barro Preto, cuja inauguração está prevista para 2016. O espaço abrigará também a Rede Minas e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

“Entrei na Inconfidência quando ela tinha apenas 12 anos, e a rádio já está com 78. Peço a Deus para que ainda esteja plugado até lá”, brinca Ricardo Parreiras, do alto de suas 86 primaveras.

O GIGANTE DO AR – HISTÓRIA DA RÁDIO INCONFIDÊNCIA
Livro de Ricardo Parreiras e convidados. Lançamento nesta quarta-feira, às 19h. Academia Mineira de Letras, Rua da Bahia, 1.466, Lourdes. Informações: (31) 3222-5764. Exemplares serão distribuídos gratuitamente.

MAIS SOBRE E-MAIS