Escritor e roqueiro Danislau lança em BH o romance 'Hotel Rodoviária'

Narrativa vai de Minas ao México, conduzida por um anti-herói pop

por Ângela Faria 09/12/2014 08:00

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Acervo Pessoal
Vocalista da banda Porcas Borboletas, Danislau é doutorando em teoria literária e autor de 'Herói hesitante' (foto: Acervo Pessoal)
Você se lembra daqueles livrinhos de bolso da Editora Monterrey, vendidos nas bancas de jornal com histórias de bangue-bangue? O herói Coyote se perdeu na poeira do tempo, mas seu neto pop Jim da Silva está por aí, cruzando estradas de Diamantina ao México em 'Hotel Rodoviária', novela que o roqueiro e escritor Danislau lança nesta terça-feira em Belo Horizonte.


Em seu faroeste psicodélico, o vocalista e compositor da banda Porcas Borboletas –, orgulho da cena indie de Uberlândia – põe na pista um anti-herói versátil. Foi-se o tempo dos valentões como o Coyote. O nosso Jim se vira como ator pornô, juiz de boxe, padre guapo (para não dizer safado e maconheiro) e tenta a vida como narrador de striptease. No fundo daquela alma pop e delirante está um Jim Morrison às avessas. Nome da banda: Dudu it Yourself.

Pode até parecer delírio de doidão, mas Danislau – vulgo Danilo Teixeira, professor de literatura e doutorando em teoria literária pela Universidade de São Paulo (USP) – é um divertido contador de histórias. O poeta Chacal, no prefácio rosa-choque, elogia esse mineiro “atento ao que há além do que já foi”. E tasca: “Surpreendamental deleite ler 'Hotel Rodoviária' ”.

Tudo começa em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, numa academia de artes marciais. Nosso herói passa por San Francisco, Califórnia – é hilariante o capítulo dedicado à arte de narrar striptease –; viaja por Diamantina e Juiz de Fora na pele do padre chegado num baseadinho; e vai pelo mundão. Jim se vê às voltas com pistoleiros e um manda-chuva corno chamado seu Benjamin.

VISUAL Em 100 páginas, Danislau faz quase cinema com sua narrativa ágil e visual, mas tem o talento de não abandonar seu leitor perdido em delírios-cabeça num poeirão do deserto mexicano ou numa zona à beira de uma BR qualquer. O caprichado projeto visual de 'Hotel Rodoviária', assinado por Lu Orvat Design, nos revela rotas em que Patos de Minas fica logo ali, pertinho de Caracas, enquanto Guadalajara é quase vizinha de Martinho Campos. Cabe tudo no mapa-múndi desse roqueiro-escritor.

Danislau não tem o menor pudor em confessar: adora transar com as palavras. O mineiro estreou na literatura com 'Herói hesitante' (2008), inspirado justamente em Paulo Leminski, aquele bigodudo com pinta de caubói que escreveu: “Os livros sabem de tudo./ Já sabem deste dilema./ Só não sabem que, no fundo,/ ler não passa de uma lenda”.

HOTEL RODOVIÁRIA
>> De Danislau
>> Edição do autor, 100 páginas, R$ 20
>> Lançamento hoje, a partir das 16h. Festival Furor, com sarau, apresentação do disco da banda Pequeno Céu e oficina poético-musical com Ladislau. Participação: Chico Amaral. Espaço O Distrital, Rua Opala, s/nº, Mercado Distrital do Cruzeiro, Bairro Cruzeiro.

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