Mulheres da Serra da Moeda são inspiração para livro de Márcia Charnizon

Obra é lançada nesta quarta-feira no Memorial Minas Vale

por 19/11/2014 09:16

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
MÁRCIA CHARNIZON/DIVULGAÇÃO
Imagem do livro 'Memorabilia da casa do Azevedo', que será lançado em BH (foto: MÁRCIA CHARNIZON/DIVULGAÇÃO)
O pai de Márcia Charnizon fazia imagens dela, quando criança, e da família com uma câmera Super-8. As filmagens ocorreram até os 8 anos da fotógrafa e as exibições na sala de casa, de tempos em tempos, foram até a adolescência dela. “A cada vez que assistia aos filmes, tinha uma visão diferente. Álbuns de família têm imagens que vão ser revisitadas sempre”, afirma. Em meio a um projeto que começou de forma absolutamente despretensiosa, ela percebeu: estava repetindo as ações de seu pai.


'Memorabilia da casa do Azevedo', livro de fotografias de Márcia com texto de Beatriz Magalhães e projeto gráfico de Guili Seara, será lançado nesta quarta, no Memorial Minas Vale, e no dia 29 no Café com Letras. Trata-se de um trabalho sobre a memória e sobre construções de narrativa. Há quatro anos, a convite de uma amiga que realizava dissertação de mestrado, ela começou a fotografar uma casa em Azevedo, vilarejo na Serra da Moeda. Viviam ali mãe e filha. O interesse da fotógrafa foi maior em relação à filha, mulher de cerca de 60 anos, lúcida e sábia, nas palavras de Márcia, mas com um problema psíquico não diagnosticado. “Ela (o nome é Ávila) fala, fala, fala. Não tem limite. Fiquei curiosa com a cabeça daquela mulher”, conta.

A fotógrafa passou a visitar as duas para fazer retratos, registros dos objetos da casa e de quem transitava por ali. “Até então, não tinha a pretensão de fazer nada. O bacana de um projeto é quando ele começa e você nem sabe que começou, vai trilhando seu próprio caminho sem que a gente tenha muito controle. Quando vi, ele estava se delineando”, comenta.

Márcia passou a levar as imagens emolduradas para Ávila, a pedido dela. “Dizia que ia colocar na parede quando ela estivesse limpa, pois era muito suja.” Dessa maneira, Márcia resolveu projetá-las para Ávila – nesse meio tempo, a mãe dela morreu. “O tempo passado acabou se fazendo presente de novo. Cada vez que projetava, ela ficava muito excitada e me contava mais histórias”, relembra.

Com o escopo do projeto em mãos, ela o inscreveu no Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia. O prêmio que ganhou permitiu a edição de 1 mil exemplares, que serão distribuídos a instituições artísticas, culturais e educacionais. Há ainda a edição com 650 exemplares numerados e assinados pela fotógrafa, que serão vendidos.

Uma das fotógrafas de noivas mais conhecidas do cenário nacional, Márcia tem um trabalho autoral iniciado nos anos 1990. Depois de viver em Israel, ela desenvolveu projeto que abordou a diversidade cultural israelense, resultando no show e CD Oriente um país, feito em parceria com as cantoras Marina Machado e Regina Souza.

“Fiquei muitos anos voltada para o trabalho comercial e há cinco anos comecei a sentir a falta de um trabalho mais autoral”, diz. Márcia se planejou para reduzir o projeto de fotografar noivas – atualmente, faz no máximo dois casamentos por mês – para se dedicar à vertente mais pessoal.

'MEMORABILIA DA CASA DO AZEVEDO'
De Marcia Charnizon

• Editora Autêntica, 84 páginas, R$ 89
• Lançamento nesta quarta, às 19h, para convidados, no Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade). Para o público, a sessão de autógrafos está marcada para dia 29, às 11h, no Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 781, Savassi).

MAIS SOBRE E-MAIS